Sessão itinerante no Complexo São Félix-Morada Nova atrai multidão

por claudio — publicado 21/11/2013 17h46, última modificação 14/04/2016 09h09
Comunidade apresenta suas demandas e vereadores dizem que vão cobrar ações do Executivo

 

Como já é de praxe em mandatos da vereadora Júlia Rosa como presidente da Câmara Municipal de Marabá, o Poder Legislativo começou uma série de sessões itinerantes para ouvir, in loco, as opiniões e reclamações da comunidade de Marabá.

O complexo São Félix, composto por 13 bairros, é uma das áreas de maior crescimento do município e foi o primeiro a receber, na noite desta terça-feira, 19, uma reunião dessa natureza na atual legislatura. Na ocasião, os moradores expuseram as prioridades de investimentos que o Poder Público deve ter para desenvolver aquele complexo.

A itinerante foi uma proposição feita pelo ex-vereador Nonato Dourado e a sessão foi aberta pela presidente da Câmara e contou com a participação de 16 dos 21 vereadores, além de secretários do Poder Executivo, deputada estadual Bernadete ten Caten e mais de 300 pessoas da comunidade estiveram presentes no evento, realizado na Choperia Disel, localizada no bairro São Félix.

O assunto que tomou conta da reunião foi o debate por novas vagas para moto-taxistas em Marabá, já que existe um projeto tramitando na Câmara, de proposição do vereador Ubirajara Sompré, que versa sobre o transporte alternativo, o qual prevê o aumento do número de placas destinadas aos mototaxistas, para que os núcleos mais afastados, incluindo o São Félix/Morada Nova, tenham acesso ao serviço.

Autor do Requerimento que solicitou a sessão, Nonato Dourado, que também é morador da área e exerceu durante 50 dias o mandato de vereador, explicou o motivo que o levou a propor a ação e apresentou as solicitações que fez no período em que esteve na Câmara. Disse que a sessão foi o seu último requerimento, para que a população expusesse suas sugestões e reivindicações, e os vereadores encaminhassem as demandas da comunidade ao prefeito. “Essa é uma oportunidade ímpar para debatermos a nossa realidade”.

Dourado disse ainda que no complexo São Félix foi criada uma associação de mototaxistas de fato e de direito e que eles buscam o mesmo que os outros que hoje são legalizados e detêm as placas que permitem a exploração do serviço. “O complexo tem quase 80 mil habitantes e precisa  de investimentos do setor público”, proferiu o ex-parlamentar.

Reivindicações

Kélvia Duarte, presidente da Associação de Moradores do Residencial Tiradentes, informou que a comunidade que ela representa está há mais de um mês sem água. “Temos água uma hora por dia. A empresa  HF alega que queimou a bomba, e é mentira. Isso é a nossa prioridade”, enfatizou a líder comunitária.

Marcos Sena, presidente da Associação de Moradores do Residencial Tocantins, denunciou estar faltando 40 casas naquele residencial. “Irei repassar o documento para a CMM, e queremos a resposta dos motivos que levam à falta dessas residências. Temos de saber o que está acontecendo, e colocar na cadeia os culpados, caso seja evidenciado o crime”.

Marcelo Cristiano, que é professor na rede estadual de ensino, disse aos vereadores que no trânsito do núcleo acontecem muitas mortes e julgou importante a instalação de um semáforo para atender a via expressa que corta o bairro. “Temos um elefante branco que é a Estação do Conhecimento e curiosamente não tenho onde dar aulas de atletismo para meus alunos. Há mais de 10 anos não se inaugura uma escola no ensino médio. Na “Walquise Viana”, onde sou vice-diretor, não há vaga. A única solução viável é ser feita uma parceria com o município para abrir vagas em escolas que não funcionam à noite no ensino municipal”, destacou o professor de educação física.

Após a manifestação dos moradores, os vereadores usaram da palavra. Irismar Melo, primeira a fazer pronunciamento, disse que os vereadores queriam ouvir as demandas e o que deve ser feito pela comunidade. Irismar lembrou que é preciso compreender que o local tem uma complexidade grande, e que o Poder Público deve ouvir e atender as demandas tanto dos moradores de residenciais públicos, como dos privados. Afinal, todos fazem parte de Marabá. “Na escola Manoel Cordeiro não tem água há 15 dias. A questão da Estação Conhecimento, o Poder Público deve dar sentido ao espaço”, enfatizou a vereadora.

O vereador Guido Mutran disse aos moradores dos residenciais do programa Minha Casa Minha Vida, que a prefeitura já contratou uma equipe para fazer um estudo sobre a situação dos dois loteamentos, para serem corrigidas as distorções pela empresa que executou a obra. “Com o levantamento concluído, a prefeitura vai assumir esses locais. As pessoas foram jogadas no loteamento, sem condições para morarem nas casas feitas, que são de péssima qualidade”.

O vereador João Hiran reconheceu que existe necessidade de mais escolas para atender a comunidade. “Só temos dois colégios aqui, não temos policiamento nem guarda municipal. Defendo a viabilidade do povo. Na saúde, só existem postos, temos de implantar hospital”.

Vanda Américo reconheceu a união entre as lideranças do Complexo por uma São Félix melhor, que se reúnem sistematicamente para debater assuntos do interesse da coletividade. Para ela, o Complexo São Félix cresceu e há necessidade de maiores investimentos do Poder Público no local. “Não possuímos uma ambulância, ponto de taxi-lotação e os moto-taxis não atendem a demanda local”. 

A presidente da CMM, Júlia Rosa, disse que a Vale, ao longo dos anos, gerou grandes expectativas em Marabá e no Complexo São Félix-Morada Nova em relação à verticalização e emprego, atraindo muita gente. Com isso, a necessidade da população só fez aumentar. Júlia avisou que a visita dos vereadores não se esgota com o fim da reunião, e que no início de 2014, o Poder Legislativo irá retornar e dar uma resposta do que foi conseguido de fato para a região.