Staff da Vale faz apresentação de condicionantes do projeto Alpa

por claudinho publicado 20/04/2017 08h33, última modificação 20/04/2017 08h33
Vereadores também cobraram informações sobre reforma da ponte rodoferroviária e investimentos em asfalto

Na tarde desta terça-feira, dia 18 de abril, a Câmara Municipal de Marabá recebeu uma comitiva da mineradora Vale para discutir o status das condicionantes do Projeto Alpa, reforma da ponte rodoferroviária sobre o Rio Tocantins e o planejamento da Vale para Marabá no ano atual.
Participaram da reunião com os representantes da Vale e presidente da ACIM os vereadores Priscila Veloso, Nonato Dourado, Cabo Rodrigo, Gilson Dias, Pedro Corrêa, Irismar Melo, Ilker Moraes, Marcelo Alves, Thiago Koch e Mariozan Quintão. Os vereadores fizeram vários questionamentos aos representantes da Vale e alguns criticaram a passividade da empresa para fiscalizar obras pagas com recursos transferidos por ela mesma ao município.
O primeiro a usar a palavra foi o diretor executivo da Vale no Pará, João Coral, que apresentou a equipe técnica que lhe acompanhava, e ao mesmo tempo reconheceu a importância estratégica de Marabá no cenário regional e para a Vale. 
Disse que relação com a Câmara é importante e ressaltou que os investimentos que têm sido feito pela mineradora em Marabá fazem parte da agenda plurianual da empresa. 
O vereador Pedro Correa, presidente da Câmara, disse que sentiu, na gestão passada, distanciamento entre a Câmara e a Vale e pediu para que a empresa esteja mais próxima do Poder Legislativo. “Toda vez que ocorreram reuniões sobre as condicionantes, a CMM ficou distante, apenas o Executivo participou. Marabá tem muitas necessidades e a Câmara pode ajudar nas negociações e planejamento, avaliando as contrapartidas”, ponderou o presidente.
A analista administrativo da Vale, Suedna Mendonça, fez apresentação sobre os investimentos que a mineradora ainda está fazendo em Marabá como compromisso pelas condicionantes do projeto Alpa, que não chegou a se concretizar. Informou que as unidades básicas de saúde dos bairros Morada Nova, Liberdade e Laranjeiras foram entregues, faltando ser concluídas as obras do posto de saúde da Coca Cola e Bairro da Paz, previstos para serem entregues em 31 de julho.
No caso do Palacete Augusto Dias, justificou que a demora é por conta de problemas com a empresa que havia vencido a licitação, realizada pela Prefeitura de Marabá. A gestão atual se viu obrigada a realizar uma nova licitação para contratação de outra empresa para concluir as obras, com previsão de entrega para o final de dezembro deste ano.
João Coral disse que os projetos foram avaliados pela Vale e pelo progresso a Vale faz pagamentos. Informou que a Prefeitura apresenta a medição, a Vale faz verificação e libera os pagamentos. “Sempre fazemos esse acompanhamento, mas a responsabilidade é toda da prefeitura, inclusive contratação da empresa”, observou.
Respondendo às perguntas dos vereadores, Suedna informou que faltam ainda ser investidos R$ 2,9 milhões referentes a todas as condicionantes do projeto Alpa.
Asfalto
Em relação às obras de asfalto nos bairros na área de influência da Estrada de Ferro Carajás, na área urbana, João Coral disse que este foi um acordo entre Vale e Prefeitura, com algumas ruas já beneficiadas e outras ainda para serem contempladas. “Nos últi0mos quatro anos, a Vale tem realizado convênios importantes com Marabá, com programas de desenvolvimento no valor de R$ 31 milhões. Não negociamos com o prefeito, mas com a Prefeitura, para que os investimentos deixem legado”.
Em relação às obras de recuperação da ponte rodoferroviária, os técnicos da Vale mostraram todas as ações que estão sendo executadas, inclusive com troca de todo o capeamento asfáltico,
recuperação das juntas metálicas, juntas elásticas, pintura do guarda corpo metálico, guarda rodas (barreira new jersey) e ainda a vedação entre vãos, em função de acidentes com vítimas fatais que ocorreram passado. Além disso, serão realizadas obras de melhoria da sinalização vertical e horizontal e iluminação das plataformas, com luzes de led. Toda a manutenção está prevista para 27 de dezembro, sendo que o arco da ponte terá luminárias especiais.
“Em tese, a responsabilidade pela manutenção é do DNIT, porque a ponte não pertence à Vale. Mas como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte não tem recursos, a Vale está fazendo”, justificou, Coral, sem informar qual o valor das obras de manutenção.
O diretor da Vale, questionado pelos vereadores, disse que o projeto prevê duplicação, mas está engavetado por causa do investimento elevado. “Se vai ser ferroviário ou rodoferroviário, não sabemos, mas garanto que haverá discussão com a sociedade. No horizonte de curto e médio prazo (até oito anos) não prevejo a duplicação. Pelos estudos, a capacidade transportada de minério será viável ter apenas essa ponte, por enquanto. Ponde ser que em 2022 ou 2023 a discussão reapareça”.
Novos investimentos
Para 2017, os representantes da Vale disseram que os investimentos que estão garantidos para Marabá dizem respeito às obras de expansão da EFC para o Projeto S11D, o qual prevê a duplicação de toda a extensão da ferrovia. Em Marabá, ainda falta executar obras entre a sede urbana até a vila Itainópolis, mas a empresa não soube precisar a quantidade de mão de obra que será empregada e nem o valor do investimento. “A empresa foi contratada agora e está em fase de mobilização e deverá contratar pessoas da localidade”, garantiu Coral, revelando que a
ideia é ter uma linha indo até São Luís e outra voltando. “Por enquanto, só 307 km dos mais de 900 estão concluídos”, informou.
Cevital
O tema Cevital também foi levantado por vários vereadores, cobrando informações da mineradora Vale sobre as negociações com a empresa argelina. João Coral encabeçou as explicações alegando que, tanto a Vale quanto a Cevital, governo do Estado, Prefeitura de Marabá e ACIM estão envidando esforços para que o projeto seja implantado em Marabá. “A Vale tem feito tudo que é possível para este empreendimento. Há acordos de confidencialidade que não nos permite comentar preços negociados. Esse acordo foi restrito a um grupo de pessoas. As negociações têm altos e baixos, mas estão ocorrendo”, sustentou.
O mesmo discurso adotou o presidente da ACIM, Ítalo Ipojucan, que informou que após reportagem publicada pelo Jornal CORREIO, há um mês, a direção da Cevital quis vir a Marabá dar explicações, mas ele ponderou que isso será melhor quando informações mais claras puderem ser confirmadas. “Por causa do projeto Alpa, o sentimento de frustração é latente, mas o trabalho continua sendo feito. Todos estão debruçados para que isso aconteça. Tenho responsabilidade porque vivi os efeitos da Alpa. Sofri com ela e sou primeiro a frear os ímpetos para não criarmos falsas expectativas. Acredito que nos próximos 40 dias a configuração estará bem desenhada, para que tenhamos mais informações consistentes”, disse Ipojucan.