Vereadores pedem apoio da Prefeitura para fortalecimento da Unemar

por claudio — publicado 11/12/2013 14h40, última modificação 14/04/2016 09h10
Câmara cobra respeito à meia passagem e quer entidade estudantil como protagonista de ações da educação

 

Na última sessão ordinária do ano, realizada na última terça-feira, 10, o presidente da Unemar (União dos Estudantes de Marabá) Ronaldo Orquisa de Oliveira, usou a tribuna da Câmara para apresentar as demandas da entidade e reclamar da omissão de alguns órgãos da prefeitura, que desrespeitam a legitimidade e representatividade da Unemar.

Segundo Ronaldo Orquisa, a maioria dos estudantes não tem carteira de meia passagem porque o excesso de burocracia imposto pela empresa VT Card impede e desestimula os alunos de tirarem o documento, garantido desde a década de 1980, após muita luta dos estudantes.

Orquisa disse que o movimento estudantil organizado tem lutado por seus direitos coletivos e avaliou que quando a meia passagem foi repassada para a empresa VT Card, aconteceu “uma desgraça para os estudantes”.

Ainda de acordo com ele, a Unemar realizou uma pesquisa para avaliar a insatisfação dos estudantes em relação ao processo de retirada da carteira de meia passagem. Foram, disse, entrevistados 949 alunos de maneira direta e indireta, e apenas 243 afirmaram possuir a carteirinha. “Avaliamos dentro do transporte coletivo, e muitos não têm a carteirinha, outros usam de filhos e parentes, porque falta controle sobre o uso da carteirinha”, reclama.

Ronaldo denuncia que quem comanda o VT Card é o dono de uma das empresas do transporte coletivo de Marabá, o que é incoerente. Para o presidente da Unemar, as empresa não têm interesse algum que os estudantes usem a meia passagem. “É importante que a Casa tome uma atitude. É preciso que esse benefício volte a ser definido pela Unemar”, defendeu.

Ele também reclamou que o serviço de táxi-lotação não aceita meia passagem nem passe livre e ainda acusou os taxistas de lotação de pagarem propina para os agentes do DMTU. Disse que pediu reunião para o Conselho Municipal de Transporte para discutir as questões acima e resolver os problemas, mas há várias semanas a reunião do CMT não dá quórum.

A vereadora Vanda Américo defendeu o ressurgimento da Unemar e disse que a Câmara e o Poder Executivo precisam contribuir para que a entidade que representa os estudantes seja revitalizada e tenha atuação política assim como aconteceu nas décadas de 1980 e 1990. Ela lembra que quando a entidade estava no auge, cerca de 95% dos estudantes tinham carteira da Unemar, mas  depois foi desmobilizada, lamentavelmente. “É preciso apoiar as iniciativas dos jovens. São 55 mil alunos na rede municipal e poucos usam a carteira de meia passagem. Marabá retrocedeu diante de um direito adquirido. Criaram tanta burocracia que os jovens desistem de retirar a carteirinha”, criticou Vanda.

Vanda sugeriu que a Comissão de Transportes da Câmara apoir a Unemar para renovar a entidade, que deve ser politizada e lutar pelos direitos dos estudantes. Ela lamenta que a Semed não reconheça a Unemar como representatividade dos estudantes e considerou importante que os alunos participem das discussões sobre o futuro da educação do município.

Outros vereadores concordaram com Vanda Américo e reforçaram a importância da Unemar no processo de politização dos estudantes. Entre eles, estava Coronel Antônio Araújo, que explicou o município repassou a responsabilidade de emissão da carteira de meia passagem à VT Card porque havia denúncia de um número muito grande de carteiras falsificadas quando eram emitidas pelo DMTU. “Mas agora, reconheço que é preciso que haja revisão do processo para emissão de carteira de meia passagem”, disse Araújo.

O coronel explicou ainda que o serviço de táxi-lotação paga uma taxa de R$ 50 mensalmente para a prefeitura repassar às entidades que envolvem idosos, por eles não transportar pessoas acima de 65 anos com gratuidade e nem aceitar meia-passagem para levar estudantes.

Na avaliação do vereador Guido Mutran, a carteira de meia passagem deve ser popularizada, mas com critérios. Ele considerou a morosidade para emissão do documento como “obscura” e disse que direito adquirido deve ser mantido. “Não podemos deixar a critério dos donos das empresas de ônibus. Todos devem ter direitos e Comissão de Educação da Câmara deve marcar reuniões e ajudar a solucionar esse problema”.

O vereador José Sidney lembrou que a CPI do Transporte está em tramitação na Câmara e sugeriu que ela também pode avaliar a questão relacionada à emissão da carteira de meia passagem, pois envolve o patrão.

Ubirajara Sompré, presidente da Comissão de Educação da Câmara, considerou que é um absurdo que estudantes não tenham carteira de meia passagem e disse que a CPI deve investigar esse caso.

O vereador Pedro Souza, líder do governo na Câmara, defendeu o DMTU e disse que quem administra o recurso do serviço que táxi lotação paga é a Seasp, através do Conselho do Idoso. “Se está errado tem que se mudar a Lei, porque o DMTU só recebe e destina à Seasp”, justificou.

A vereadora Júlia Rosa, presidente da Câmara, informou que a Câmara vai assumir o compromisso de chamar a discussão do assunto com o DMTU, Conselho Municipal de Transporte e Unemar para que sejam garantidos os direitos dos estudantes. “O interesse é legitimo em relação à meia passagem. Vamos chamar esse debate pra garantir à Unemar os direitos dos estudantes”, garantiu.