Alepa realiza audiência pública da educação na Câmara de Marabá

por hugokol — publicado 11/12/2015 11h15, última modificação 14/04/2016 09h04
Comissão de Estudo para Reforma do Ensino Médio discute com a comunidade melhorias para o setor

Uma comissão formada por deputados estaduais realizou nesta quinta-feira, 10, uma grande Audiência Pública no plenário da Câmara Municipal de Marabá. Estiveram presentes no evento os deputados da região João Chamon, Dirceu ten Caten e Tião Miranda, além dos parlamentares Iran Lima, Júnior Hage e Soldado Técio.

Os vereadores presentes à audiência foram Vanda Américo, coronel Antônio Araújo, Alecio Stringari, Irmã Nazaré, Edivaldo Santos, Pedro Correa e Beto Miranda.

A audiência faz parte de um ciclo de debates que a Alepa está realizando, através da Comissão de Estudo para a Reforma do Ensino Médio com as entidades educacionais, sindicatos, profissionais e alunos, para que se formule um relatório que servirá como base para que o governo do Estado, através da Seduc, faça as reformas necessárias na educação estadual, sob a ótica de melhorar o ensino médio no Pará, que hoje ocupa um dos piores lugares no Brasil.

O deputado Júnior Hage, que presidiu a sessão, informou que a comissão foi instalada por força um Requerimento do deputado Dirceu ten Caten, e que a partir da criação, a comissão tem percorrido e ouvido as regiões do Estado do Pará. “A Comissão está percorrendo os municípios polo para ouvir a sociedade paraense. A Comissão não tem cunho partidário, e sim o interesse de ouvir a sociedade”.

 Dirceu ten Caten frisou que os principais interessados são os alunos e professores. “Não queremos fazer um debate político e, sim, da sociedade. O Parlamento tem o ato grandioso de chamar a sociedade. Estamos fazendo esse estudo por mesorregião, para construir esse relatório conclusivo, que servirá para a Seduc e para o governador do Estado. O deputado disse ainda, que há anos o Pará amarga os últimos índices no Ideb, e que problemas como o ensino modular, evasão escolar e de estrutura educacional prejudicam o Estado.  “Nosso maior objetivo é ouvir vocês e termos um relatório conclusivo”.

Tião Miranda disse que a intenção fundamental é a discussão sobre a educação. “No Brasil existe uma deficiência grande educacional . A educação é um compromisso de todos os agentes educacionais. O envolvimento  da família é fundamental. É esse debate é essencial para a sociedade”, concluindo que uma das maiores reclamações em Marabá e região, é a falta de professores em alguns locais.

João Chamon  reconheceu que esse é um momento importante onde se discute a reformulação e o fortalecimento do ensino médio. Reconheceu que é extremamente importante essa discussão, e enfatizou que a descentralização dela é um ato importante. “Evidente que o importante é ouvir as lideranças e todos aqueles envolvidos num ensino médio de qualidade, e isso perpassa por esse momento de discussão e da formatação de um documento”.

Chamon também criticou o ensino modular. “Infelizmente ainda nos deparamos com o ensino modular no Estado. E tenho me posicionado contra isso. Ele foi posto há mais de 30 anos para ser um paliativo. Infelizmente até hoje perdura”. 

Na avaliação do deputado peemedebista é preciso que seja formulada nesta comissão uma proposta positiva para um ensino médio de qualidade no Estado.

O prefeito João Salame disse que o tema é de suma importância. Para ele, o grande problema que afeta a educação é o financiamento. “O recurso é insuficiente para prover uma educação de qualidade. Muita coisa depende do dinheiro. Saltamos de 19 para 79 rotas no transporte escolar, mas evidentemente o custo aumenta. Gastamos hoje R$ 1,1 milhão por mês só com aluguel e gasolina, e o governo do estado e federal entram apenas com R$ 50 mil”. 

Salame ainda disse que boa parte da folha da prefeitura é da Educação. “A Lei de Responsabilidade Fiscal deveria ser flexibilizada no que diz respeito à educação. É preciso que o Estado melhore. Há muito tempo que não se constrói uma nova escola do Estado em Marabá. Precisamos de novas vagas. É importante que se otimize os recursos”. 

Wendell Bezerra, presidente do Sintepp, Sub-Sede-Marabá, disse que os estudantes são o objeto dessa discussão. “É interesse do Sintepp que se tenha educação pública de destaque no Brasil, e que ela melhore. Mas nossos índices são os piores. O ensino médio do Estado é voltado para os filhos e filhas dos trabalhadores”.

Para ele, existem três pontos principais que devem ser abordados: política pública nacional, valorização e qualidade educacional. “É preciso se criar uma cultura de valorização e defesa dos educadores. É bom que de fato se crie uma resposta para a política educacional no Pará, através dessa comissão da Alepa.

Laércio Medeiros, aluno da Escola Estadual Walquise Viana, no núcleo São Félix, disse que os alunos sentem na pele todos os dias o que falta. “Falta muita estrutura. O Bairro São Félix ainda está em crescimento e deveria ser básico termos escolas para os alunos. Não temos segurança e saneamento básico.  Temos que ter um ensino completo para não perdemos alunos para a criminalidade”.

Carolaine, também do Walquise Viana considerou que é preciso dar voz a quem está sofrendo os impactos. As escolas estaduais não têm auditório, ar-condicionado, quadras esportivas. Disse que os alunos que moram em área rural s perdem de duas a três aulas para poderem ir embora, porque os ônibus dos municípios não esperam pra levar os alunos do ensino médio. “Queremos chegar ao nível superior sabendo mais e com qualidade. Tiram muita riqueza do Estado e nada fica para a educação”, lamentou, citando a mineradora Vale.

O vereador Alecio Stringari disse que suas palavras são de um pai que já é vítima da educação do estado. “O ensino médio do nosso estado tem muitos problemas. Imaginem que os alunos reclamam aqui na sede do município, agora avaliem o que os jovens estão passando na zona rural. Talvez com essa proposta o governo possa entender e mudar a realidade e compreender o que nós passamos. A Alepa pode estar fazendo a diferença nessa ação. Fui obrigado a retirar minhas filhas da zona rural. Há professores que fingem que ensinam e alunos que fingem que aprendem”, criticou.

A vereadora Vanda Américo pediu que seja construída uma escola de ensino técnico para a região, para dar uma alternativa para os jovens do ensino médio do complexo São Félix e Morada Nova. “É necessário que se traga políticas públicas urgentes para esse núcleo. Temos uma estrutura fantástica da Estação Conhecimento, mas a comunidade tem acesso limitado diante do projeto apresentado inicialmente pela Vale. Aquela região necessita demais de escolas. E temos que rever esse acordo com a Vale, para ter escolas ao invés de asfalto. Essa é a prioridade no São Félix”, ponderou.

Por sua vez, o vereador Ubirajara Sompré disse aos estudantes presentes à audiência que esse é o momento de deles reivindicarem com veemência. “O governador do Estado é quem tem a obrigação de fazer alguma coisa pelo ensino médio. A responsabilidade por essa modalidade de ensino é dele. O município já cede espaços em várias escolas para o ensino médio e contribui com o transporte escolar. É preciso cada um fazer sua parte”, defendeu.

A professora Maria Beatriz Padovani, secretária adjunta de Logística escolar da Seduc, disse que o problema da educação não é só do Pará, mas do Brasil. Ela reconheceu que é preciso, sim, rediscutir muita coisa, entre as quais o problema do currículo escolar. “Precisamos discutir o que queremos e precisamos ensinar dentro das escolas, levando para a ponta do ensino médio. Como vamos oferecer uma escola interessante para o aluno, quais são os conteúdos realmente necessários que devem ser ensinados na escola. Ficar só na matemática, física, química e no português vai resolver?”, questiona, ressaltando que é preciso formar indivíduos que tenham o espírito critico.

Para ela, essa discussão é tão importante quão à da valorização dos professores, da formação continuada e da infraestrutura física.