AMA pede criação de um Centro de Referência para autistas em Marabá

por André da Silva Figueiredo publicado 06/11/2019 16h34, última modificação 06/11/2019 16h34

Um grupo de mães esteve com seus filhos autistas na manhã desta terça-feira, 5 de novembro, na Câmara Municipal de Marabá para falar um pouco sobre a doença e os desafios sofridos por quem vivencia o problema diariamente na cidade.

Representando a Associação de Amigos e Pais de Autistas de Marabá (AMA), Liliane Moura, mãe de Daniel Moura, que é autista, falou do desejo que os pais têm de ter facilitado o tratamento para os filhos. Ela narrou a dificuldade para ingressar em alguns locais públicos, falta de atendimento prioritário às mães que levam seus filhos autistas para compra em supermercados, por exemplo, causando problemas no comportamento das crianças em alguns casos. “Esta é uma associação nova, mas nossa luta acontece há muitos anos”, desabafou.
Lilian explicou também que o autismo é uma condição de saúde caracterizada por déficit em três importantes áreas do desenvolvimento: comunicação, socialização e comportamento. “As mães se sentem isoladas, porque as demais pessoas não entendem a forma como a autista age e reage. Se manifesta de uma maneira única em cada pessoa, é tão abrangente que se usa o termo ‘espectro’, pelos vários níveis de comportamento”.
Sobre os números do Transtorno do Espectro Autista (TEA), citou que existem 70 milhões de pessoas no mundo e 2 milhões no Brasil que sofrem com esse problema, sendo que a maior incidência é em meninos. “O tratamento é caro e leva muito tempo. Às vezes, existem casos que a dependência é total dos filhos para com as mães. O tratamento precoce é a janela de oportunidade nos primeiros anos de vida. Quanto mais cedo iniciar o tratamento mais autonomia a pessoa terá no futuro”.
Por fim, Lilian justificou que o principal objetivo do projeto da AMA é a criação de um Centro de Referência, com suporte adequado e estrutura para autistas em Marabá, que garanta o amparo às famílias de baixa renda, as quais não podem garantir as intervenções por terapias especializadas.
O vereador Márcio do São Félix pediu atenção para a exposição feita pela importância de uma maior ação do poder público para o tratamento do autismo. “Parabenizo o trabalho de quem carrega essa bandeira valiosa. Solicito que a Casa ajude a AMA”.
O vereador Miguel Gomes Filho solicitou que a associação envie para a Câmara um projeto com as necessidades do grupo para que o Poder Legislativo tente intermediar junto a outros poderes para auxiliar os autistas e seus familiares.
Também sensível à causa, o vereador Nonato Dourado frisou que a Câmara contribui com as instituições que prestam serviço à sociedade, e com a AMA não será diferente.
Priscila Veloso lembrou que há algum tempo a Câmara apoia o terceiro setor, visto que é preciso lutar por melhorias para a sociedade. “A apresentação foi muito boa, mostrando as dificuldades que as mães de autistas passam. É preciso garantir melhor atendimento a essas pessoas”, sustentou ela.
O vereador pastor Ronisteu revelou que recebeu alguns pais em seu gabinete e viu a dificuldade e complexidade da situação em que eles vivem, e teve a dimensão melhor sobre a questão.
Ele apresentou um Projeto de Lei que estabelece atendimento prioritário em estabelecimentos públicos e privados às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O parlamentar justificou seu projeto colocando ser necessário devido às peculiaridades do transtorno global do desenvolvimento, o qual é caracterizado pela dificuldade em comunicação, interação social e comportamento. Além disso, de acordo com ele, busca também conscientizar a população acerca da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
“Ocorre que, infelizmente, nem todas as pessoas têm conhecimento da legislação e ainda as placas informativas de atendimento preferenciais não constam que as pessoas com referido transtorno têm direito a atendimento prioritário. Assim, o presente Projeto de Lei visa garantir com maior clareza o atendimento prioritário as pessoas com transtorno do espectro autista e ainda compelir os estabelecimentos a informar nas placas que sinalizam esse tipo de atendimento o símbolo mundial da conscientização do Transtorno do Espectro Autista -TEA, como forma de publicitar o direito de prioridade dessas pessoas”.
Pastor Ronisteu também se colocou à disposição para destinar parte de sua emenda impositiva para a AMA.