Audiência discute gargalos do transporte público em Marabá
Mais de 200 pessoas participaram nesta terça-feira, 5, de uma audiência pública na Câmara Municipal de Marabá para discutir os gargalos do transporte público do município. O tema mais discutido foi o transporte coletivo, que para atender a grande demanda da comunidade precisa da construção de um terminal integrado de passageiros, que já foi anunciado na gestão passada, mas nunca saiu do papel.
Segundo Rogério Matias, coordenador de Transporte do DMTU, o município conseguiu firmar uma Parceria Público-Privada (PPP) com a direção das duas empresas que operam o serviço de transporte coletivo para construírem o terminal de integração. A prefeitura vai entrar com o terreno – que já foi objeto de litígio – e terraplanagem do mesmo. TCA e Nassom iniciariam até o final deste ano a construção do terminal, que deverá ficar pronto no primeiro semestre de 2014.
Segundo Rogério, o terminal de integração vai ajudar a resolver a maior parte dos problemas, abrindo novas linhas para bairros emergentes, como Cidade Jardins e Bairro do Aeroporto. Há linha hoje em que o ônibus atravessa 43 km da cidade, inviabilizando as empresas, que ganharam licitação para um plano operacional com terminal de integração.
O referido terminal vai funcionar em uma das vias marginas da Transamazônica, ao lado do Areal Paraná, na Folha 33. Segundo Rogério, o terreno está em nome de um grupo empresarial local, mas a SDU iniciou o processo de cancelamento do título existente e já colocou piquetes para início imediato das obras. “A prefeitura vai preparar o terreno e empresas vão construir o terminal e vão administrar o mesmo por alguns anos”, informou Rogério.
A proposta da licitação é iniciar com 70 veículos operacionais quando o terminal estiver funcionando, mas esse número pode aumentar porque haverá melhor aproveitamento dos ônibus da frota.
Participaram da audiência representantes do Ministério Público Estadual, através da promotora Aline Tavares Moreira, Secretaria Municipal de Segurança Institucional, DMTU, Detran, Conselho Municipal de Transporte, líderes comunitários, entre outros.
O vereador Coronel Araújo, propositor da audiência, foi também o presidente da sessão e fez um discurso informativo no início dos trabalhos, revelando que, segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mais de 90 mil pessoas utilizam o transporte público em Marabá. Ele reconhece que o problema do transporte no município é antigo e que a licitação realizada no ano passado não resolveu o drama, apenas apontou uma melhora e que ainda está muito longe de atender os anseios da população.
Levantamento apresentado por Araújo aponta que Marabá conta atualmente com uma frota de 64 ônibus circulando, bem acima dos 39 coletivos que havia há dois anos. Desse total, 25 estão circulando até Morada Nova, mas a carência seria de 40 veículos para aquele núcleo. “Mesmo assim, não temos a solução para a circulação de pessoas dentro da cidade. Houve um aumento relativo, mas ainda não é suficiente. O estudo do IPEA mostra que 36% da população do interior usa o transporte público. Ou seja, cerca de 90 mil usuários. Nós precisaríamos de 160 a 180 ônibus para atender essa demanda”, compara.
Ele lembrou ainda que o município tem obrigação de regular as rotas dos ônibus baseado em estudo técnico e ressalta que quando as empresas se submeteram à licitação, sabiam das rotas que precisavam cumprir.
O coronel citou o caso de Divinópolis-MG, que tem 250 mil habitantes. Ali, um consórcio de cinco empresas ganhou licitação para explorar o serviço público e hoje há 165 ônibus à disposição para atender 80 mil passageiros.
Ao final da audiência, ficou definido que as demandas apresentadas pela comunidade serão encaminhadas para os setores competentes para serem solucionadas, sendo a principal a construção do terminal de integração; construção do Plano de Mobilidade Urbana; intensificar a fiscalização no trânsito, principalmente aos finais de semana; retirar segunda catraca dos ônibus urbanos; atualizar o plano operacional com novos itinerários; construção de mais abrigos, com paradas adaptadas para portadores de necessidades especiais; melhorar a sinalização horizontal e vertical; e o DMTU precisa orientar como as pessoas devem denunciar empresas e condutores que têm concessão de serviço de transporte de passageiros.