Cadeirantes pedem apoio da Câmara para conseguir medicamentos e insumos
Na sessão da última terça-feira, 19, na Câmara Municipal de Marabá, membros da Uniforças – Associação dos Portadores de Deficiência – foram apresentar aos vereadores as dificuldades pelas quais continuam passando, sem receberem medicamentos e insumos por parte da Secretaria Municipal de Saúde, que tem a obrigação constitucional de fornecer os produtos.
Segundo Luiz Cláudio Cordeiro Chaves, Cacá, vice-presidente, as promessas têm sido as mesmas da gestão anterior: “O caminhão com material está chegando, mas nunca chega”.
Cacá revelou também que desde novembro do ano passado os cadeirantes não conseguem acesso às sessões de fisioterapia a que têm direito porque o convênio entre o município e as clínicas permanece rompido. “Mandam a gente para os postos de saúde, mas lá não há medicamentos nem as sondas de que precisamos”, critica Cacá.
Nos postos de saúde, em geral, não têm medicamentos para os cadeirantes e a direção dos centros não sabem explicar os motivos. Cada um deles recebe, em média, cerca de R$ 3 mil de
medicamentos por mês. “Se na Secretaria de Saúde não têm, como haverá nos postos?”, indaga Cacá.
Ronilza Pereira Leite relatou que sofreu um acidente em 2007 e ficou sem andar, passando um bom tempo em cadeira de rodas. Começou a fazer fisioterapia e conseguiu caminhar com ajuda de um andador. Mas desde novembro de 2012 está sem fisioterapia porque a Secretaria de Saúde não paga as clínicas especializadas. “Saí da cadeira de rodas, mas temo voltar para lá porque estou atrofiando os músculos”, lamentou ele.
Simone Salame, coordenadora de Média e Alta Complexidade da Secretaria Municipal de Saúde, lembrou que o prefeito João Salame assinou decreto de Situação de Emergência para poder comprar medicamentos emergenciais, mas lamentou que, mesmo assim, muitos fornecedores se negam a oferecer os produtos porque o município de Marabá está desacreditado, desde o final da gestão anterior. “O secretário Nagib Mutran pediu para marcamos reunião urgente com membros da Uniforças para discutir os problemas e encontrar uma forma de resolvê-los”, disse ela.
Em relação à fisioterapia, Simone Salame disse que o saldo do ano passado é negativo. O processo de licitação do serviço para este ano ainda não terminou, demora no mínimo 60 dias. Para tentar amenizar a situação, a Prefeitura mandou realizar a compra direta do serviço para pessoas com problemas graves. “Vamos mostrar tudo para vocês, mas há uma desconfiança dos prestadores de serviços para com o município. O processo licitatório é necessário para não termos problemas na Justiça”, advertiu.
Segundo ela, no governo anterior havia cerca de 25 pessoas cadastradas para recebimento de remédios de uso contínuo, mas agora há cerca de quatro mil inscritos. “Não há recursos próprios para isso e não há quem dê conta para custear tantos medicamentos e produtos. Vamos compartilhar essa realidade com os vereadores e Ministério Público. Peço paciência neste momento, não estamos querendo enrolar ninguém”, garantiu.
Ao usar da palavra, a presidente da Câmara, Júlia Rosa, lamentou que ainda esteja acontecendo atraso no repasse de medicamentos e insumos para os cadeirantes e teme que esse fato se prolongue acima dos 90 dias de governo de João Salame. Ela pediu celeridade da Secretaria de Saúde para solucionar o problema. “Os cadeirantes sofrem bastante quando não têm as sondas específicas para realizar suas necessidades fisiológicas”, disse.
O vereador Adelmo Azevedo (PTB) também mostrou-se preocupado com a situação e sugeriu que, diante das dificuldades de os cadeirantes se deslocarem aos postos de saúde e até mesmo à Secretaria de Saúde, que o município providencie a entrega dos medicamentos em suas residências.