Caixa Econômica passará a fazer financiamento na Velha Marabá
Trinta e cinco anos depois, proprietários de residências e comércios da Marabá Pioneira voltarão a ter condições de contrair financiamento para melhoria de seus imóveis. A restrição começou após a enchente marcante de 1980, a maior da história de Marabá de que se tem registro documental.
A Caixa deixou de financiar imóveis na Velha Marabá e em outras áreas mais baixas da cidade, por considerar que elas eram de risco em função das enchentes sazonais.
Na manhã desta sexta-feira, 26, essa realidade foi modificada, após a realização de cinco reuniões, estudos e debate. Um grupo liderado pela vereadora Vanda Américo obteve êxito na luta, e as restrições que haviam para a Velha Marabá e alguns locais da Nova Marabá e Cidade Nova, foram suspensas, quebrando um paradigma perverso com essas localidades.
De acordo com Vanda, a Velha Marabá vem sendo penalizada há muitos anos com essa restrição, o que prejudica o desenvolvimento do núcleo. A vereadora explicou que para que fosse revista essa situação, houve um esforço conjunto da Defesa Civil e CREA (Conselho Regional de Engenharia), que se juntaram para a elaboração de um estudo técnico para que a Caixa tomasse como base, informando e atestando que diversas áreas não sofrem mais com enchentes e que, mesmo com as cheias, não há registro algum de uma edificação que tenha sofrido qualquer tipo de abalo por conta do alagamento. Assim, essas áreas deixaram de ser consideradas como de risco.
Adeílton, engenheiro da Defesa Civil, informou que, baseado na norma técnica, foi levado em conta o Plano Diretor Municipal de 2007. Com isso, ficou instituído que a cota mínima será 82, que corresponde a 10,30 metros acima do nível normal do Rio Tocantins. “Elaboramos um parecer técnico mostrando um levantamento sobre as ruas. Em verdade, construímos dois pareceres. Não existe registro de que, por causa da enchente, alguma casa tenha caído ou houvesse consequências ou danos às edificações. O período em que as casas ficam submersas é curto”, analisou o engenheiro. Adeílton ainda mostrou as áreas que estão acima da cota 82 e as considerou fora da zona considerada de risco.
A vereadora Vanda Américo disse que ao longo dos anos, os moradores da Marabá Pioneira não tinham o direito de ter acesso a financiamentos, e seus imóveis não eram aceitos como garantia pelos bancos. “Nesses 35 anos em que imperou essa restrição, nunca foi feito um estudo dessa natureza. Já estivemos em Brasília e Belém para tentar reverter isso. Houve muitas promessas durante esse tempo. Chegamos a um ponto de estarmos bem respaldados para embasar a Caixa para a liberação, e essa hora chegou agora”, reconheceu Vanda, agradecendo o empenho e a boa vontade da equipe do banco. Vanda ainda disse que, mediante a essa atitude da Caixa, os demais bancos também deverão suspender essa restrição às áreas.
Melquisedeque de Sousa, engenheiro da Caixa designado para acompanhar todo o processo, disse que o banco, como qualquer instituição financeira, quer garantia, e que agora, mediante o estudo e o Plano Diretor, a Caixa está embasada em elementos seguros. “Seguimos essa lei, temos respaldo técnico para retirar essa restrição à Velha, Nova ou Cidade Nova”, observou o engenheiro, enfatizando, contudo, que para que o imóvel possa servir de garantia, ele deve estar acima da cota mencionada e deverá passar por avaliação técnica de um engenheiro credenciado.
O superintende da Caixa no sul e sudeste do Pará, Gilson Lira de Almeida, destacou que a instituição atua para que o desenvolvimento venha e traga melhorias para a cidade. “Nossa atuação será sempre para quebrar paradigmas. Sem esse estudo nada aconteceria. Parabenizo a atuação da vereadora Vanda e dos demais membros do grupo que apresentou as reivindicações e sugestões”.
Também participaram da reunião na sede da Superintendência da Caixa Econômica Federal em Marabá, o empresário Jorge Brasil, Carlos Garcez, gerente de Habitação da Superintendência da Caixa Econômica em Marabá; Melquisedeque de Sousa, engenheiro da Caixa; Renil Pastana, gerente de construção civil; e Ana Cláudia, representante do CREA.