Câmara busca alternativa para resolver fila das cirurgias eletivas

por Adriano Ferreira Carvalho Moura publicado 23/05/2025 14h57, última modificação 23/05/2025 14h57

A situação das cirurgias eletivas em Marabá vem de forma rápida piorando. A procura e a denúncia por parte da população, pela falta de oferta do serviço, cresce na mesma proporção do problema.  

Mediante a este fato, vereadores e a direção do Hospital Santa Terezinha se reuniram, na manhã desta sexta-feira, para procurar uma saída, para que a população volte a ser atendida e diminua a fila de espera, que hoje chega a mais de 6 mil casos aguardando uma cirurgia.

A advogada Giuliane Medalhão, que representa o grupo dono do hospital, disse que tem observado a situação de saúde de Marabá e pensou em realizar um programa para realização de cirurgias eletivas, a preço tabelado do SUS, para atender a população que mais necessita do serviço e está à espera. 

A empresária e advogada detalhou que o programa teria o nome de “Adote uma Cirurgia” e seria uma parceria do hospital, poder púbico e setor privado, que é como se fosse uma ação social, uma empresa ou uma pessoa física mesmo, poderia patrocinar a cirurgia de uma pessoa. Com isso, ajudaria a diminuir a fila de cirurgias eletivas.

Giuliane informou que não viu grande entusiasmo da gestão municipal em firmar acordo com o hospital para a realização das cirurgias e nem de abraçar o projeto. Mas que com união é possível que as longas filas de espera por intervenções eletivas possam diminuir. “O tempo vai passando e a situação vai piorando. É um projeto interessante e que é preciso união do poder público e o setor privado. Se você pegar as pessoas que estão precisando de cirurgia, a fila é muito grande. Pela demora, estão ficando impossibilitadas de trabalhar. Tentar de alguma forma trazer este empresário para participar do projeto. Este problema desencadeia várias outras questões na cidade. Com o “Adote uma Cirurgia”, poderíamos amenizar a situação, o hospital irá executar as cirurgias com valores do SUS e convidar empresários e a classe política para abraçar o projeto”. 

Fernando Marculino Guimarães Júnior, administrador do Hospital Santa Terezinha, lembrou que a casa de saúde tem 40 anos na cidade. E que começaram uma parceria com o SUS em 2017. Ele detalhou que em 2023 o hospital chegou a realizar 2 mil cirurgias, das quais, 1.600 foram só do SUS. Já em 2024, este número chegou a 1.300 intervenções. 

Fernando ainda explicou que o Santa Terezinha realizava em média 40 cirurgias por semana, mas que o contrato com o Executivo não foi continuado após findar. “Em termos de valores, nosso contrato era em torno de R$ 4 milhões nos últimos 2 anos. Fazendo uma conta de padeiro, o ticket médio de uma cirurgia é em torno de R$ 2 mil. Há 7 anos estes contratos não tiveram reajustes na cirurgias. Hoje é preciso reajustar este valor”.

Já em 2025, Fernando lembrou que o hospital socorreu o HMI de Marabá, acolhendo 84 bebês e até o momento, ainda não foi realizado pagamento, e o hoje o débito da prefeitura é de R$ 111 mil. “Atendemos o município por precisar de demanda, por não ter leito. Atendemos 84 pacientes do materno infantil, com a requisição do prefeito. E nós não recusamos em atender esta demanda. Passamos duas semanas atendendo os pacientes lá”, reafirma.

Por fim, o administrador do hospital salientou e respondeu aos vereadores que o espaço está aberto para atender a população de Marabá. E que estão dispostos a ajudar nas questões das cirurgias eletivas, seja renovando o contrato com a prefeitura, seja através do projeto Adote uma Cirurgia. 

 

O presidente da Câmara, vereador Ilker Moraes, disse que a suspensão do serviço das eletivas no Santa Terezinha teve um impacto muito negativo na saúde do município e que é preciso que a prefeitura reveja urgentemente a situação, porque quem sofre é a população que necessita. 

O vereador Márcio do São Félix também criticou e a falta de sensibilidade do poder público. Para ele, não é possível mensurar vidas com custo. “Agora, se mensura que salvar vidas tem um alto custo. Antes Marabá era bilionária. É preciso chamar o Ministério Público para participar desta ação. O secretário veio aqui e disse que resolveria a questão das cirurgias eletivas e estão empurrando com a barriga. É preciso cobrar do secretário o porquê de não avançar na questão da saúde”. Por fim, o vereador falou que só com o valor do carro blindado já era possível realizar diversas cirurgias de urgência e emergência. 

Vanda Américo disse que esteve no Ministério Público e que a preocupação com a situação só aumentou. “Nós falamos com o MP para que cobre as cirurgias. O município está fazendo 4 cirurgias eletivas por semana. Existem mais de mil mulheres aguardando cirurgias ginecológicas. E outras 5 mil esperando eletivas diversas”. 

Para ela, é preciso retomar o convênio com o Santa Terezinha. “Foi prestado um serviço de socorro ao HMI, o hospital precisa ser remunerado pelo prefeito. Resolveram um problema do materno e até agora não receberam. A dívida está em R$ 111 mil. Solicitamos ao MP para que seja cumprido o que a gestão colocou como meta de 6 meses”.

Os demais vereadores se posicionaram para que a gestão volte a trabalhar junto ao hospital visto que a fila para cirurgias eletivas quase dobrou em 5 meses mandato.