Câmara endurece contra a Vale sobre pandemia e ponte rodoferroviária

por André da Silva Figueiredo publicado 16/03/2021 16h54, última modificação 16/03/2021 16h54

Ao usar a tribuna na sessão desta terça-feira, 16 de março de 2021, o decano vereador da Câmara Municipal de Marabá, Miguel Gomes Filho, o Miguelito, fez duras críticas à mineradora Vale em relação ao minúsculo apoio que tem dado ao município de Marabá relacionado à covid-19. De acordo com ele, a empresa entregou, ao município de Açailândia, no Maranhão, um Hospital de Campanha com 60 leitos, UTI Móvel e ambulância, com exclusividade para o atendimento da covid-19. 

Esse apoio, segundo Miguelito, ocorreu em parceria com o Governo do Estado. “E para Marabá, o que essa mineradora faz? É como sempre, quase nada. Essa Vale é imprestável para Marabá. As riquezas que ela usufruiu eram todas de Marabá. Ela não deu nada para a cidade. Não tem nada dela aqui, a gente recebe bem e essa companhia era para ser “persona non grata” em nossa cidade. É doentio o tratamento que a Vale dá a Marabá. Nada deixa aqui, a não ser o buraco”. 

Alecio Stringari somou voz ao pronunciamento do vereador Miguelito. Ele avalia que no Parlamento local dificilmente tem algum vereador que não concorda que a Vale tem uma dívida enorme com Marabá. “O Projeto Salobo está na 3 fase de operação. É uma obra monstruosa e eles não prestam esclarecimentos à sociedade e a esta Casa. Solicitei informação de como está a construção da terceira fase do projeto e não obtive resposta até hoje. Pedimos para que a Vale faça um acesso pela estrada do Rio Preto para chegada ao Salobo e não dão resposta. Espero que pelo menos a ponte rodoferroviária saia e fique para Marabá. A Vale não traz nada de benefício à cidade”, vocifera. 

O vereador Raimundinho do Comércio pediu que Câmara convoque a Vale para saber o que ela tem a oferecer ao complexo São Félix Morada Nova, em contrapartida pela construção da nova ponte.

Cabo Rodrigo lembrou que questionou o que Vale deixaria para Marabá de condicionantes pela construção da ponte rodoferroviária, e que a resposta da empresa foi que apenas a própria ponte. 

 

A vereadora Vanda Américo advertiu que é preciso que haja compensação pela duplicação da ponte rodoferroviária, principalmente na área social. “Nosso sistema de saúde já é estrangulado, e a procura será ainda maior. As pessoas vêm atrás de emprego e estacionam em nossa cidade. Temos de ter compensação definida para a construção da segunda ponte. Essa discussão é muito importante para a cidade e região”.

A vereadora Elza Miranda reconheceu que Marabá tem uma grande inimiga chamada Vale. “Antes era Vale do Rio Doce, mas como de doce nunca teve nada, ficou só Vale. Lembro que no passado fizemos uma grande manifestação para que a Vale fizesse uma ponte rodoferroviária. Vamos fazer um grande movimento para que essa mineradora cumpra condicionantes para Marabá”, esbravejou. 

 O presidente da Câmara, vereador Pedro Corrêa, informou que já requereu que a empresa venha à Câmara para prestar informações sobre o andamento da construção da nova ponte e que a data será marcada levando em consideração o momento atual da pandemia.