Câmara entrega título de Cidadã Marabaense para desembargadora Ezilda Pastana

Legislativo reconhece importância do trabalho executado por ela no município nas décadas de 1980 e 1990

Na noite da última terça-feira, 12 de abril, a Câmara Municipal de Marabá realizou Sessão Solene para entregar título de Cidadã Marabaense para a desembargadora Ezilda Pastana Mutran, que atuou como juíza em Marabá nas décadas de 1980 e 1990. O Requerimento foi iniciativa foi do presidente da Casa, vereador Miguel Gomes Filho, o Miguelito.

Primeiro a usar a palavra, o vereador Guido Mutran disse que o Legislativo tinha um débito há muito tempo com a desembargadora, por tudo que fez por Marabá em quase uma década. “Ela realizou um trabalho excepcional no município, e meu primo, e ex-vereador, Júnior Mutran, deve estar muito feliz onde estiver agora. Temos aqui um exemplo de uma pessoa que exerce sua função com muita dignidade. Tenho certeza que sempre foi uma pessoa justa e digna”, asseverou.

A vereadora Irismar Araújo Melo observou que não acompanhou o trabalho da desembargadora Ezilda Pastana em Marabá, mas seu legado ficou marcado e está gravado neste município. “A grandeza desse momento consiste nesse ato da Câmara. A homenagem é justa deste Poder”, reconheceu.

O vereador Coronel Araújo disse que trabalhou como oficial da Polícia Militar no mesmo período em que Ezilda Pastana atuou em Marabá. Reconheceu que a homenagem é merecida e disse que ela fez um trabalho exemplar no Judiciário local, atuando sempre de forma coerente.

Ronaldo Yara disse que chegou em Marabá em 1983 e disse que não era tão comum, na época, de ter tantas juízas. “Há pessoas que brigam em favor do município e essas devem ser importantes para a cidade. Sua história ficou marcada em Marabá, doutora Ezilda”, reconheceu.

O vereador Alecio Stringari, que também não morava em Marabá quando a desembargadora era juíza aqui, disse que ouviu muitas histórias positivas a respeito dela, atuando de forma prestativa e humildade.

Asdrubal Bentes, ex-deputado federal, destacou que as homenagens à desembargadora são justas. “No ano em que vossa excelência assumiu a comarca de Marabá, eu assumi o Incra aqui. Como juíza, a senhora deixou uma marca que será lembrada pelas futuras gerações. Sabemos da dificuldade que passou, mas com persistência, competência e honradez venceu todas elas e cresceu na magistratura”, elogiou Asdrubal.

O secretário municipal de Saúde, Nagib Mutran Neto, falou da sua alegria e da família Mutran de ver, depois de um “longo e tenebroso inverno”, Marabá reconhecer de forma eficaz e clara importância que a juíza Ezilda teve quando passou por Marabá. Disse que a desembargadora nunca deixou que as coisas se misturassem, mesmo casada com seu irmão, que era político. Com lágrimas nos olhos, sustentou que ela continuará atuando de forma imparcial e que Marabá agradece por tudo que fez pelo município.

Miguel Gomes Filho argumentou que Ezilda Pastana já deveria ter recebido o título de Cidadã Marabaense . Disse que Marabá se orgulha pelo trabalho dela e os que conheceram seu falecido marido, Júnior do Vavá, lembram-se de um brilhante vereador. “Só agora reconhecemos, em nome do povo de Marabá, o excelente trabalho feito pela senhora aqui”, disse Miguelito.

O deputado João Chamon Neto destacou que esse é um momento de resgate histórico e de homenagem a quem tanto fez por Marabá. Recordou que quando Ezilda e Marta Inês chegaram a Marabá como juízas desempenharam um papel importante porque o momento político era difícil no município. Recordou que a democracia e a cidadania perturbavam a todos, pelo que acontecia naquele momento em Marabá e no Brasil.

 

Emoção pela homenagem

Ao usar da palavra, a desembargadora mostrou-se emocionada e disse que qualquer ser humano ficaria emotivo num momento tão marcante quanto aquele. Expressou seu carinho e respeito por Marabá e rememorou boa parte de sua trajetória por este município, desde a chegada em agosto de 1985, quando veio de ônibus de Belém e ficou hospedada a primeira noite em um hotel simples, em frente à Rodoviária da Folha 32. “O presidente do Tribunal, à época, me convidou para vir a Marabá. Eu não era obrigada, mas vim. Quando aceitei o cargo fique com medo, pela fama desta cidade”, recorda.

Aqui, foi recebida pelo cartorário Antônio Santis e aprendeu bastante com a juíza Marta Inês, que agora é desembargadora aposentada. À época, assumiu todas as responsabilidades judiciais em Marabá e julgou todas as matérias, mesmo fora de sua competência. “Eu era clínica geral”, comparou.

Para a desembargadora, seu primeiro trabalho como juíza foi o mais desafiador da carreira da magistratura. “Quando aqui cheguei Marabá voltou a ter tribunal de júri, que havia 12 anos que não era realizado. Batalhei pela construção da Penitenciária Mariano Antunes, além de atuar em várias outras demandas necessárias para este município”, recorda.

Embora seja natural de Inhangapi, a desembargadora disse que tem seu umbigo fincado metaforicamente em Marabá, que lhe deu uma família. “Aqui casei e tive um filho, o Aron, e adotei uma filha com o Júnior do Vavá. “Tive os melhores presentes de minha vida neste lugar. Divido hoje esse título de cidadã com a minha família e com todos os funcionários do Fórum que trabalhavam naquela época”, disse, emocionada.

Ela ainda agradeceu ao advogado Tuffi Mutran, que sugeriu ao vereador Miguel Gomes Filho a outorga do título a ela. “Avalio que não houve atraso. Este é o momento de receber esse título, porque foi da vontade de Deus. Desejo à população marabaense tudo de bom”, finalizou.