Câmara junta Equatorial e líderes rurais para discutir cortes de energia em vilas
Em reunião ocorrida na manhã desta quinta-feira, na Sala de Comissões da Câmara Municipal de Marabá (CMM), os vereadores e representantes da zona rural de Marabá discutiram junto à Equatorial Energia os problemas que vêm ocorrendo com a retirada do fornecimento de energia em localidades da zona rural do município.
Propositora e organizadora do evento, coube a vereadora Priscila Veloso dirigir os trabalhos. Ela afirmou que o intuito do encontro é justamente verificar os investimentos realizados pela empresa em Marabá, assim como debater a situação que vem acontecendo nas vilas e assentamentos do município, onde várias pessoas têm buscado os vereadores com reclamações sobre a atuação da Equatorial Energia.
O vereador Tiago Koch ressaltou que na região do Rio Preto há um problema crônico, que é o tempo de atendimento ao cliente. “Da Vila São Raimundo e dá 3 Poderes, para trás, foi criado inclusive um grupo de reclamação porque a demora para retornar a energia é muito grande. A vila São Raimundo está na frente de uma rede trifásica e recebe energia monofásica”, ironizou.
Tiago informou que diversas vilas e assentamentos estão sofrendo com a atuação da Equatorial, que tem ido às localidades acompanhada de força policial e retirando transformadores e o fornecimento de energia, citando como exemplos, o Projeto de Desenvolvimento Sustentável Porto Seguro (PDS), PA Itacaiunas e PA Tibiriçá. “Por mais que exista irregularidade, é preciso trabalhar para se resolver através do diálogo. Se vir hoje com uma ação de forma truculenta de tirar os transformadores de uma rede não regular prejudica demais áreas da zona rural. Reconheço a parte que não está correta, mas peço diálogo para que as questões se resolvam. As comunidades na zona rural necessitam muito do fornecimento de energia. As ações estão sendo desproporcionais”, criticou.
Por outro lado, Gilliard Vaz, executivo da Equatorial Energia, apresentou os investimentos feitos pela empresa em 2019. Ele afirmou que na Regional Sul, que abrange Marabá, foram investidos R$ 2,3 bilhões. “No Pará, 100% das nas subestações são automatizadas, com 89 subestações construídas ou ampliadas. Estamos realizando a regularização e diminuindo as perdas com os famosos gatos. Vamos fazer uma ata para avaliarmos o que precisamos melhorar. Essa é a nossa ideia nesta reunião”, garantiu.
Gilliard avaliou que para atender o PDS Porto Seguro, assim como as demais áreas que estão com rede irregular de fornecimento de energia, é necessário solicitar uma solução ao Comitê Gestor, que é responsável por todas as deliberações do programa Luz para Todos, incluindo a relação de municípios e comunidades beneficiadas e obras priorizadas. Disse que cabe à Equatorial apenas a execução. “Em hipótese alguma posso aceitar uma rede que foi construída irregular, deixando vocês em risco. O Luz para Todos quem faz e indica é o governo. Avisamos que é preciso regularizar a rede, e deve ser feita a regularização por quem construiu no PA, com poste de concreto e as demais especificações da empresa. Aí regularizamos a situação, mas com uma rede fora de padrões e correndo risco, não é permitido. Acho que podemos avançar sobre essa situação para resolver”.
Gilliard enfatizou que só através de indicação do Comitê Gestor é que podem agir e revelou que já encaminhou para o referido comitê a situação das três áreas discutidas na reunião.
Elza, presidente do PA Itacaiunas, disse que na área vivem 250 famílias e que precisam de energia com mais qualidade. “Queremos pagar a energia e concordo que tirem o gato e deixem a energia regular, para que paguemos. Mas, não concordo que cheguem lá com a polícia, arranquem tudo e deixem a população no escuro. Temos produtores de leite, pessoas doentes, escolas. Se possível, gostaríamos que fosse tirado o que está irregular e mantido o fornecimento de quem está regular”.
José Maria, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, contou que estão ocorrendo ações truculentas nos assentamentos, cortando energia e levando transformadores com apoio de policiais. “As ações estão acontecendo de qualquer forma. Precisamos de diálogo porque o radicalismo não cabe nesse momento. O que podemos fazer para que esse processo de regularização se concretize? Temos de ter a responsabilidade dividida. O sindicato não vai cruzar os braços diante dessa forma de radicalismo”, disse.
Por fim, Priscila Veloso expressou que é importante ouvir as demandas e buscar soluções. “É necessário analisar essa questão e buscar atender as comunidades. Peço que sejam marcadas reuniões com todos os representantes das áreas e localidades da zona rural que têm sofrido com essas questões”, clamou a vereadora.
Diante do pedido, os representantes da Equatorial se dispuseram a acompanhar os casos e reunir com os representantes de cada local.