Câmara realiza reunião de 5 horas e discute melhorias para a saúde de Marabá

por André da Silva Figueiredo publicado 05/02/2025 11h28, última modificação 05/02/2025 11h28

Na tarde desta terça-feira, 4 de fevereiro, a Câmara Municipal de Marabá recebeu representantes de vários segmentos para discutir o problema de atendimento e mortes no Hospital Materno Infantil (HMI) e outros setores do sistema de saúde municipal. A reunião aconteceu na Sala de Comissões e durou pouco mais de cinco horas.
Vereadores, representantes do Poder Executivo, do Ministério Público Estadual e do Conselho Municipal de Saúde estiveram presentes, principalmente o número de mortes que ocorreram no HMI, trazendo grande preocupação para todos.
Pela Câmara, participaram os vereadores Ilker Moraes, Márcio do São Félix, Priscila Veloso, Maiana Stringari, Vanda Américo, Dra. Cristina Mutran, Marcelo Alves, Jocenilson Silva, Cabo Rodrigo, Orlando Elias, Marcos Andrade, Jimmyson Pacheco, Miterran Feitosa e Fernando Henrique.
O presidente da Câmara, Ilker Moraes, conduziu a reunião e ressaltou que a união de esforços é importante para debater e apresentar caminhos que levem à melhoria da saúde em Marabá. Ele reconheceu que, historicamente, a saúde tem sido o principal problema da gestão pública de Marabá, tendo os vereadores realizado diversas reuniões com representantes do Poder Executivo e apresentado requerimentos, projetos de lei e destinado emendas impositivas para este segmento.
O secretário de Saúde, Webert Ribeiro Carvalho, fez uma apresentação com um diagnóstico situacional e plano de ações da nova gestão. Segundo ele, a saúde do município está entregue a profissionais extremamente técnicos e tem o melhor quadro possível. “A gente não pode começar tudo do zero. Estamos implementando diariamente mudanças que terão impactos positivos a curto, médio e longo prazo”, garantiu.
Sobre os problemas na saúde do município, ele os dividiu em três áreas: infraestrutura, recursos humanos e equipamentos. Em relação à infraestrutura, disse que há sucateamento, com muitas inadequações e infiltrações nas casas de saúde, como gotejamento, rachaduras, alagamento, sistema elétrico antigo, ausência de programa de manutenção.
Em relação aos recursos humanos, o secretário também reconheceu que há déficit, sobrecarga de trabalho, ausência de programa de educação continuada, falta de padronização em processos de trabalho, baixos salários, 12 anos sem reajuste de plantão e sobreaviso, grande número de servidores readaptados, desvio de função e afastamento por problemas de saúde.
O problema dos equipamentos, na visão de Webert Ribeiro, é que a grande maioria está obsoleta, sem programação de rotina e inadequado para demanda.
Para resolver os problemas apontados acima, o secretário de Saúde disse que foi elaborado um plano de ação, com metas a curto prazo (seis meses), médio prazo (um ano) e longo prazo (dois anos), e prometeu retornar à Câmara em junho deste ano para apresentar o cumprimento do cronograma pré-estabelecido.
O secretário reconheceu que o atendimento com pacientes que morreram no HMI poderia ser diferente. “Faltou empatia do profissional com o ser humano”, disse.
Ele também falou da ampliação da rede para atendimentos especializados em odontologia; implementação de planos de ação emergencial de unidades hospitalares, com mudança de fluxo, implantação de protocolo de atendimento e adequação de novos espaços; construção emergencial de serviços e pequenos reparos, ampliação de leitos dos hospitais; aquisição de equipamentos, agilidade no processo licitatório; revisão do credenciamento da Organização Social Madre Tereza; chamamento dos profissionais pelo processo seletivo, entre outros.
Sobre a implantação da UPA (Unidade de Pronto Atendimento), disse que estão em negociação com o Ministério da Saúde e pedindo a readequação para o funcionamento no local inicialmente construído para essa finalidade, ao lado da sede do Dnit, no Bairro Amapá.
Ele também abordou sobre a implantação do novo pronto socorro municipal, observando que vai ajudar bastante, mas não resolver todos os problemas do Hospital Municipal, cuja estrutura física é ultrapassada. Por isso, a longo prazo, garantiu a construção de um novo hospital municipal.
Todos os vereadores presentes se manifestaram na reunião, apresentaram demandas específicas da área de saúde, fizeram questionamentos e sugeriram mudanças para melhorar os serviços de saúde, principalmente no HMI, HMM e nas unidades básicas de saúde.
Ao usar a palavra, o promotor de Justiça José Alberto Grisi explicou que está à frente da Promotoria de cuida das situações da saúde e educação e observou que é preciso verificar os erros do passado para buscar não repeti-los. “A atuação do MPPA é propositiva. Precisamos olhar para o passado, mas dar a ele um tratamento institucional. Qualquer irregularidade que seja encontrada será repassada para a colega (promotora) que atua na improbidade”, explicou.
O promotor apontou problemas crônicos que precisam ser atacados de forma urgente e que é preciso valorizar o servidor para que este atue na melhoria do serviço. “O serviço público precisa funcionar como máquina, por assim dizer, e não como coincidência”, pontuou.
Em relação ao HMI, disse que uma das ações civis públicas aponta algumas situações que merecem um ataque rápido e de certa forma são baratas, como infiltrações nas paredes do centro cirúrgico, por exemplo, e adequações das centrais de ar-condicionado.
Ele também cobrou maior cuidado com os prontuários dos pacientes, e pediu celeridade para realizar diagnóstico por imagem das pacientes, inclusive ultrassom com disponibilidade permanente.
O médico Fábio Farias, diretor técnico do HMI, disse que existem planos emergenciais para a maternidade, e o que atrasou foi a sequência de “desfechos adversos” que ocorreram no mês de janeiro. “Já havia a intenção de mudar protocolos e a forma de atendimento, que havia, mas não eram implementados e estavam engavetados. Já temos tudo, o que falta é implantação, mas sem invencionice. Não admitimos tudo o que aconteceu no HMI como algo natural. Estamos tentando fazer com que as coisas mudem”.