Câmara recebe agentes do DMTU e guardas municipais em dia de paralisação

Vereadores ouvem demandas de manifestantes e prometem atuar para ajudar na segurança deles

Na manhã desta segunda-feira, 30, um grupo de mais de 100 servidores do DMTU e da Guarda Municipal de Marabá realizam uma manifestação com reinvindicações relacionadas à segurança das duas categorias, inclusive entregando um documento à Presidência da Câmara Municipal de Marabá. O mesmo documento será encaminhado, pelo Sindicato dos Agentes de Trânsito e Transporte Municipais do Estado do Para (Sinattmepa), para órgãos municipais e estaduais de todo o estado.

A paralisação ocorreu em decorrência da morte de um agente em Araguaína, norte do Tocantins, no último dia 27 (sexta). Agenison Pereira Jorge, de 28 anos, estava trabalhando no momento em que foi baleado.

“A gente está pedindo mais condições de trabalho, mais segurança. O agente de trânsito está na via trabalhando pela vida dos condutores que ali estão, mas estamos sentindo falta de atenção. O principal encaminhamento é pedir condições favoráveis de trabalho. Não basta municipalizar o trânsito se não oferecer condições para os profissionais realizarem o que a legislação exige”, diz o agente do DMTU João Pereira, presidente do Sinattmepa.

Ele destaca que os agentes são considerados membros da Segurança Pública, porém sequer recebem coletes balísticos para atuarem nas ruas. “Não temos coletes, não temos ainda porte de arma, não recebemos adicional risco de vida, enfim, são várias situações que precisam ser readequadas e nosso encaminhamento principal é esse, pedir mais responsabilidade dos gestores municipais e condições de trabalho”.

Conforme ele, a mobilização ocorreu nesta segunda em municípios de todo o país. Em Marabá a ação contou com apoio do Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran-PA), Polícia Rodoviária Federal e Guarda Municipal. Agentes de Parauapebas, Canaã dos Carajás, Jacundá e Itupiranga também compareceram na ação realizada.

Conforme o diretor do DMTU, Ademar Gomes Dias, a mobilização é consequência da perda da vida de agentes e diversas agressões sofridas pelos profissionais. “Já tivemos dois casos de violência grave, neste ano, no Estado do Pará, em Abaetetuba – onde um agente foi morto – e em Ananindeua, devido à fiscalização”, comentou, acrescentando que a morte do agente no Estado do Tocantins ocorreu durante as ações do Movimento Maio Amarelo, o qual tem como objetivo diminuir o número de acidentes e mortes no trânsito.

“Em Marabá já conseguimos reduzir 44% o número de vítimas de acidentes no trânsito, porém estão se tornando quase diárias as agressões, tanto verbais quanto físicas, e não podemos aceitar isso”, acrescentou.

Na última semana, o agente do DMTU, Melques Araújo, acabou agredido por um motorista, enquanto realizava seu trabalho na Folha 28, Nova Marabá. O condutor acabou apresentado pela Polícia Militar na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, onde o caso foi registrado. De acordo com o agente, o motorista havia parado em fila dupla e deixado o veículo.

O agente diz que se sente amedrontado, por vezes, a realizar a função. “São situações pelas quais a gente passa no cotidiano, agressão verbal sofremos todo dia por cidadão que é notificado. Naquela situação me senti impotente porque fui cordial com ele”, declarou. Ele diz, ainda, que várias vezes colegas seus já foram agredidos. “Um colega nosso já levou uma paulada na cabeça”.

Na Câmara, participaram da reunião com os agentes os vereadores Miguel Gomes Filho, o Miguelito, Alecio Stringari, Leodato Marques, Guido Mutran e Gerson do Badeco.

Falando em nome dos vereadores, Miguel Gomes Filho destacou a importância do trabalho dos agentes de trânsito e também da Guarda Municipal, mas explicou que a Câmara não pode criar lei que gere despesa. O projeto solicitado pelos manifestantes precisa ser elaborado pelo Executivo para ser enviado ao Legislativo. “Quando chegar aqui, temos certeza que todos os vereadores serão favoráveis, porque é algo que diz respeito à segurança dos senhores”, reconheceu Miguelito.

Depois de ouvir atentamente as demandas apresentadas pelos agentes de trânsito de Marabá, Itupiranga, Parauapebas, Jacundá e Canaã dos Carajás, o deputado estadual João Chamon Neto (PMDB) prestou apoio aos manifestantes e se comprometeu em conversar com a bancada à qual pertence, na Assembleia Legislativa do Estado do Pará, para que haja um movimento de apoio à aprovação de lei que aumente a segurança dos agentes.

Na Câmara Municipal, ao usar da palavra ao final da reunião entre agentes de trânsito, guardas municipais e vereadores, Chamon disse que deverá solicitar à presidência da Alepa uma sessão especial para discutir os dramas do trânsito no Estado.

Ele lamentou que multas e outros serviços relacionados ao trânsito gerem a segunda maior receita do Estado e, ao mesmo tempo, esses recursos não sejam carreados para esse setor, tão importante para evitar que hospitais estejam superlotados com vítimas de acidentes de trânsito.