Câmara sedia debate da Diocese de Marabá sobre violência em Goianésia
Na manhã desta quinta-feira, 25 de fevereiro, a Câmara Municipal de Marabá recebeu um debate promovido pela Diocese de Marabá para discutir a violência e mortes recentes na cidade de Goianésia do Pará, localizada a 190 km de Marabá.
O debate foi coordenado pelo bispo Vital Corbellini, que recebeu para a discussão o padre de Goianésia, Rodrigo Oliveira Silva, da Paróquia Santa Maria; o presidente da Câmara de Marabá, Miguel Gomes Filho; delegado Antônio Cunha, da Polícia Federal; delegada Ana Paula Fernandes, da Superintendência de Polícia Civil do Sudeste; Haroldo Gaia, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil); major Brito, da Polícia Militar; e o vice-prefeito de Marabá, Luiz Carlos Pies.
Ao abrir o debate, o bispo explicou que a Diocese de Marabá ficou espantada com os crimes que estão apavorando os moradores de Goianésia, e como a violência está presente em todos os municípios da região, resolveu ampliar o diálogo com as autoridades em vários municípios que fazem parte da Diocese. “Queremos sensibilizar as autoridades para que identifiquem a motivação dos crimes que encheram de medo os moradores de Goianésia. Estamos sugerindo um trabalho entre a igreja, família e sociedade para vencermos esse mal que nos aflige. Pedimos a unidade das instituições”, conclamou o bispo.
Para Dom Vital, as pessoas estão sendo mortas e não há motivos que justifiquem esses crimes, de acordo com a Bíblia. “Os culpados, infelizmente, têm de ser punidos pelas mortes”, disse, ao pregar o estabelecimento de uma cultura de paz entre as pessoas e que a compreensão e respeito às diferenças reine entre os moradores daquela cidade.
Em seguida, o bispo passou a palavra ao presidente da Câmara Municipal, Miguelito, o qual lamentou que a luta pelo poder tem gerado o medo e os crimes em Goianésia. “Precisamos ser solidários e rogar a Deus para que as autoridades consigam debelar a violência naquela cidade e também em nossa Marabá”, disse o presidente do Poder Legislativo.
Haroldo Gaia elogiou a iniciativa da Diocese de Marabá e disse que a OAB tem uma história de luta pela segurança pública nesta região, um direito constitucional que está sendo perdido, gerando até mesmo situação de terror. “Há descaso com a vida e a cidadania. O que estamos cobrando aqui é o dever do Estado. Quando se mata um prefeito (maior autoridade do município) na frente das pessoas, quem está seguro na cidade?”, indagou.
Por sua vez, o padre de Goianésia, Rodrigo Oliveira Silva, revelou que após a morte do prefeito da cidade e de um vereador, pediu socorro ao bispo Dom Vital e declarou que alguns vereadores foram convidados para as discussões em Marabá, mas foram desaconselhados a vir por causa de ameaças de morte. “Nosso povo pede interferência da Polícia Federal no caso para ajudar a elucidar os crimes”, disse o padre.
O pároco disse que uma comitiva da cidade esteve em Belém em audiência com as autoridades de segurança pública, mas a polícia apresentou resultados genéricos. “A situação é dramática e queremos ver os órgãos de justiça atuando em conjunto para resolver os crimes e implantar um clima de paz”, sustentou.
Por sua vez, o delegado Antônio Cunha, reconheceu que o momento é de unidade para que possam enfrentar o problema de maneira firme. Ele elogiou a mobilização da Igreja Católica, e avaliou que o que ocorreu em Goianésia é um verdadeiro acinte à sociedade. “O fenômeno da violência gera um desprezo pela vida e crime de morte é um dos mais horrendos, porque espalha o medo”, disse.
Cunha disse acreditar que a Polícia Civil está agindo para identificar os autores dos homicídios e soube que há força tarefa na cidade de Goianésia. Mesmo assim, colocou a PF à disposição, mesmo sabendo que este crime não está afeto à Polícia Federal. “Podemos ajudar a Polícia Civil no que for preciso. Esse tipo de conduta é um desafio ao estado democrático. Me parece algo voltado às questões políticas e não à segurança pública. Mais cedo ou mais tarde os responsáveis serão identificados e punidos”, garantiu, dizendo que a PF pode atuar sob a direção da Polícia Civil.