Câmara vai intermediar diálogo entre professores em greve e Executivo

por hugokol — publicado 17/02/2016 13h30, última modificação 14/04/2016 09h06
Na primeira sessão do ano, vereadores mostram-se preocupados com falta de aula nas escolas

A greve de professores que afeta a educação municipal está preocupando os 21 vereadores da Câmara Municipal de Marabá. Logo na primeira sessão do ano, ocorrida na manhã desta terça-feira, dia 16, a maioria dos discursos dos legisladores foi pautado neste assunto e ficou definido que a Câmara fará intermediação entre o movimento paredista e o Executivo para que haja diálogo e solução do impasse, com consequente retorno às aulas.

Primeira a usar a palavra na tribuna, a vereadora Irismar Araújo Melo lembrou em 2013, assim que essa gestão atual assumiu, mais de 300 professores se reuniram porque havia movimentação no sentido de mexer nos direitos dos educadores. “Fiquei muito preocupada ao perceber as atitudes que estão sendo tomadas em relação aos direitos dos educadores”, disse.

Irismar revelou que chegou a marcar uma conversa com secretário de Educação, Pedro Souza, mas avalia que as medidas que estão sendo tomadas são alarmantes e preocupantes. “A categoria tem se movimentado para barrar as medidas que estão prestes a vir. Não consigo perceber qualidade de ensino sem valorizar as pessoas que trabalham. Quando há professores sobressaltados e prestes a ter anos e anos de conquistas a escorrer pelo ralo, tudo isso se reflete no ambiente escolar”, lamentou.

Por seu turno, a vereadora Vanda Américo elogiou o trabalho da comissão que elaborou estudos durante o período de recesso do Legislativo para analisar a folha de pagamento da Semed. “Esse estudo foi sério e respaldado. Ele prova que a educação não está inviável, mas apenas há malversação de recursos da educação. É preciso desmentir tudo. O máximo que ele (o prefeito João Salame) aplicou por mês foi R$ 132 mil, e não R$ 1 milhão”, contraria.

Segundo Vanda, foram detectadas muitas falhas pela referida comissão, inclusive com pessoas recebendo pelo Fundeb indevidamente. “Quero que a Câmara Municipal leve esse relatório a sério, já que o município não está levando”, destacou.

A vereadora com mais mandatos na Casa sugeriu que o Legislativo ajude a formular uma proposta para que a gestão municipal não inviabilize a educação do município. “Estão apenas na base da ameaça. É preciso discutir com os educadores. Proponho que este Poder faça mediação para um diálogo com o prefeito envolvendo todos os vereadores, representantes da comissão que elaborou os estudos, o Sintepp, Ministério Público Estadual e Federal”, sugeriu.

De volta depois de se recuperar de um problema de saúde, o vereador Guido Mutran disse que o município de Marabá não pode pensar em situação ou oposição, mas na comunidade. Para ele, a Câmara tem de encaminhar o diálogo, para que a o Executivo ouça o relatório preparado pela comissão. “Não adianta dizer que a crise é nacional. Ela é nossa, e precisamos resolver em nosso território. É preciso que haja uma mesa de negociação e que as aulas retornem logo”, destacou.

Para a vereadora Antônia Carvalho, a Toinha do PT, a crise está instalada na gestão municipal. Ela disse que esperava que depois do estudo feito, houvesse diálogo mais avançado. “O prefeito faz discurso para a sociedade de que não manda Plano de Carreira para a Câmara porque não quer desgastar os vereadores. Na verdade, ele sabe que não vai contar com maioria dos votos. Ele não pode, através de decreto, derrubar uma lei como o PCCR. Vamos considerar, em diálogo, tudo que é possível cortar, mas pelo menos vamos dialogar”, ponderou.

Líder do governo na Câmara, o vereador Coronel Araújo reconhece que situação dos professores seja preocupante e não acredita que o prefeito João Salame vá se negar ao diálogo. Ele pediu que Câmara intervenha para que os dois lados discutam a celeuma. “Marabá, é sim, maior que as diferenças e vamos ajudar a encontrar um ponto de consenso neste assunto delicado da educação”, disse Araújo.