Combate ao coronavírus centraliza debates em 1ª sessão remota da Câmara de Marabá

por André da Silva Figueiredo publicado 28/04/2020 15h55, última modificação 29/04/2020 08h37

Dezenove vereadores participaram, na manhã desta terça-feira, dia 28 de abril, da primeira Sessão Remota da Câmara Municipal de Marabá. Foram mais de três horas de discussão de temas importantes para o desenvolvimento do município e, principalmente, relacionados ao combate ao novo coronavírus no município.
Participaram da sessão remota os vereadores Cabo Rodrigo, Pedro Corrêa Lima, Ilker Moraes
Irmão Morivaldo, Pastor Ronisteu Araújo, Irismar Melo, Priscila Veloso, Miguel Gomes Filho, o Miguelito, Beto Miranda, Nonato Dourado, Márcio do São Félix, Alecio Stringari, Badeco do Gerson, Edinaldo Machado, Francisco Varão, Mariozan Quintão, Gilson Dias, Marcelo Alves
Ray Athie.
O vereador Cabo Rodrigo falou da importância de ampliar área de cemitério em Marabá e lembrou que já havia solicitado ao Poder Executivo que realizasse esse trabalho. Ele parabenizou moradores da Vila de Murumuru, que resistiram e não permitiram a abertura de sepulturas às proximidades para possíveis vítimas de covid-19. “As pessoas da vila não estão acostumados a chegar retroescavadeira para cavar covas para enterrar pessoas”, disse ele.
O vereador Alecio Stringari lamentou a perda do ex-colega de parlamento Nagib Mutran e também do ex-deputado Asdrubal Bentes. Disse que a zona rural de Marabá também sofre com o inverno, com atoleiros nas estradas. “O lençol freático sobe e os atoleiros aumentam. As estradam não estão exatamente intrafegáveis, pois o prefeito Tião Miranda tem ajudado no que pode nos 7.000 km de estradas rurais do município”, reconhece.
Em relação ao combate ano novo coronavírus, Alécio observa que na zona rural, as comunidades têm contado com apoio das unidades de saúde existentes, além da Polícia Militar. “Mesmo assim, há pessoas que não acreditam que a pandemia é uma realidade. Há quem pense que pode abrir a igreja e temos problemas de toda sorte nas comunidades rurais. Precisamos alcançar o isolamento para não deixarmos aglomerar número grande de pessoas”, alerta.
O vereador Gilson Dias também mostrou-se preocupado com a questão do cemitério. Disse que sempre conversou com agentes do Executivo Municipal e que há várias áreas institucionais no município e que não precisa a Prefeitura comprar área, apenas utilizar as institucionais que existem nos loteamentos.
Dias lamenta que Marabá seja um dos poucos municípios de porte médio que não tem UPA no País, uma ferramenta de trabalho que deveria dar suporte ao cidadão num momento difícil como este. “Temos uma estrutura financeira, mas não conseguimos atender a demanda de saúde. E agora na pandemia?”.
O vereador Ilker Moraes lembrou que o tema “UPA perdida” é um grande dilema para o município de Marabá. “Fomos a Brasília, conversamos com o ministro da Saúde, recebemos informações e trouxemos. Não se importaram e nem não criaram nada novo na saúde. A UPA que deveria ter sido aberta, acabou sendo abandonada. Precisamos de um pronto socorro na Cidade Nova”, reclama ele.
O Pastor Ronisteu Araújo também mostrou-se preocupado em função da mobilização da UPA, e considera que caso ela tivesse em funcionamento, agora ajudaria muito, principalmente no núcleo Cidade Nova. “Parte da área do Bairro Liberdade está alagada e isso preocupa muito. Quando essa doença recrudescer entre nós, teremos muitos problemas. Precisamos pensar algo para tentar atender nossa comunidade, que estará fragilizada. Muitas pessoas não estão preocupadas, não usam máscara, não fazem distanciamento social”, adverte Ronisteu.
Por sua vez, a vereadora Irismar Melo disse que não está chorando leite derramado pela UPA, mas é preciso continuar cobrando o governo municipal por uma política pública que quase foi implantada na cidade. “Na época, o prefeito Tião Mirada disse que a UPA só iria sair quando eu fosse prefeita. Mas carecemos dela. Tivemos redução dos leitos hospitalares em Marabá nos últimos anos, enquanto a população aumentou. Estou apresentando um anteprojeto de lei para criação e implantação de um hospital de doenças tropicais em Marabá. Numa região endêmica, se tivéssemos um hospital na cidade, teríamos condições de atender essa demanda. Claro, com pessoa infectada com covid-19, quem está com um mal, pode sair de lá com outro pior”, disse.
BLITZ DESNECESSÁRIA
O vereador Ray Athie advertiu que os agentes do DMTU estariam realizando blitze desnecessárias nesse período de pandemia. “Farei ofício para pararem com as blitz durante quatro até cinco meses. Precisamos nos unir nesse período de pandemia. Pessoas vão comprar cestas básicas para se alimentar e acabam tendo os veículos apreendidos”, lamentou.
TESTES RÁPIDOS
Vários vereadores falaram da importância e urgência de o município acessar os testes rápidos para ajudar a diagnosticar pacientes com covid-19. Irismar Melo fez menção ao repasse que foi feito pelo governo federal ao município de Marabá para combate à covid-19, com mais de R$ 2 milhões de reais. Disse que conversou com o secretário de Saúde, Luciano Dias, o qual confirmou esse valor e outro de R$ 600 mil. “Por que ainda não temos teste rápido em Marabá? A Sespa enviou 360 kits para serem usados para profissionais da linha de frente”, lembrou ela.
Ray Athie disse que tanto ele quanto vários outros vereadores receberam reclamações sobre a demora do município em realizar coletar material para exame de coronavírus. “Se um profissional que está na ponta tentando fazer o teste não consegue, imagina a pessoa comum. Precisamos dialogar sobre isso com o prefeito Tião Miranda para discutir essa demanda”.
TESTE NA SEASPAC
O vereador Ilker Moraes pediu que SEASPAC seja isolada e higienizada, depois que a secretária Nadjalúcia Oliveira foi diagnosticada com o coronavírus. “Ouvi de vários servidores que estão temerosos e de alguns que estão com sintomas da doença, talvez pelo contato com ela. Essa é uma informação pública e precisa ser repassada oficialmente pelo Executivo, de forma transparente. Tenho certeza que a Nadjalúcia será curada, mas é preciso cuidar das outras pessoas também”.
Ele aproveitou a ocasião e pediu retornou do adicional de insalubridade de saúde como era pago antes e que foi retirado na atual gestão. “O governo municipal precisa tomar decisão concreta para valorizar o trabalho desses profissionais que estão na linha de frente do combate ao coronavírus”.
A vereadora Priscila Veloso também pediu que seja realizado teste rápido nos servidores da SEASPAC, que estão alarmados e muitos estão sentindo sintomas e não têm acesso ao teste rápido. “É preciso que haja rodízio de servidores naquela secretaria, o que não está ocorrendo. A Secretaria de Assistência é de grande importância no enfrentamento à pandemia e seus servidores não podem adoecer”, disse Priscila.
Ela também pediu que a Caixa tome providências de prevenção e siga orientações dos decretos federal, estadual e municipal para prevenção, principalmente com a grande quantidade de pessoas que ficam na fila à espera de atendimento. “A gente vê a aflição das pessoas que precisam muito desse benefício neste momento, mas não têm a orientação adequada e percebemos muita aglomeração em frente às agências e às casas lotéricas. Peço que esta Casa sugira ao MPF, para que recomende à Caixa tome providências”.
MARCOS DA SESSÃO
Depois de apresentados os projetos que deram entrada na Casa Legislativa, o presidente Pedro Corrêa fez avaliação da sessão remota: “este é mais um marco na história deste município. A Câmara de Marabá está sempre inovando e implementando ferramentas para realizar melhor seu trabalho e se aproximar da comunidade. Estamos marcando história neste Parlamento. Tivemos 14 mil pessoas foram alcançadas ao longo da transmissão”, disse Pedrinho.