Comissão de Desenvolvimento reúne-se com reitor da UEPA

por André da Silva Figueiredo publicado 25/03/2022 12h28, última modificação 25/03/2022 12h28

Na manhã desta sexta-feira, dia 25 de março, Clay Chagas, reitor da UEPA (Universidade do Estado do Pará), visitou a Câmara Municipal de Marabá juntamente com uma comitiva da instituição para uma reunião com a Comissão Especial de Desenvolvimento Socioeconômico de Marabá para discutir o fortalecimento do curso de medicina no Campus VIII, com sede neste município.
Os visitantes conheceram o Plenário da Câmara Municipal e fizeram uma imersão pelo Memorial Político de Marabá. Além do reitor, também participaram da reunião a vice-reitora, Ilma Pastana Ferreira; o pró-reitor de Gestão e Planejamento, Carlos Capela; a coordenadora do curso de medicina, Ana Virgínia van den Berg; o coordenador do Campus local da UEPA, Javan Pereira Motta; Isabelle Christine Franco, acadêmica de medicina; e o presidente da Comissão de Desenvolvimento, Miguel Gomes Filho, o Miguelito; Vanda Américo e Márcio do São Félix, membros.
A estudante de medicina, Isabelle Castro Franco reclamou da quantidade de vagas de monitoria oferecida pela UEPA, que não é suficiente para atender a demanda acadêmica. Há cerca de 200 alunos de medicina em nosso campus, mas apenas 16 vagas para monitoria remunerada para ampliar o engajamento dos estudantes.
Ela também cobrou espaço para atividades físicas dos estudantes, pelo menos com parceria com outras instituições, como o Sesi.
Lindely Wane, também estudante de medicina disse ao reitor e vereadores que faltam insumos para estudantes desenvolverem atividades práticas em pontos de estágio, como máscara, toucas, entre outros itens. “Em outras cidades os alunos recebem, aqui não. Nós temos de comprar”, lamentou.
Ela também apontou para conseguir adentrar em locais de estágio, como unidades básicas de saúde e que em alguns locais os profissionais que ali trabalham escondem os equipamentos de segurança para que os estudantes não tenham acesso aos locais de estágio.
Kellice Feitosa, outra estudante de medicina, disse que o número de professores é limitado no Campus local e disse que, apesar de haver concurso vigente, pediu que a UEPA convoque educadores do cadastro de reserva para suprir as necessidades de educadores. Por fim, solicitou para que a Comissão de Desenvolvimento interceda junto às instituições do Estado para contratação de mais professores para o Campus local.
O reitor Clay Anderson Nunes Chagas contou aos vereadores que está há pouco mais de oito meses na gestão da UEPA e que reconhece que precisa visitar, além dos campi, as instituições municipais, como câmaras e prefeituras para ampliar o diálogo e conseguir resolver os dilemas dos 21 campi da instituição.
O reitor fez questão de frisar que o Campus de Marabá está além da medicina e que sentiu falta dos alunos das licenciaturas e engenharias, que também têm suas demandas a apresentar.
Ele explicou que a falta de professores no curso de medicina é geral, por vários fatores. Um deles é falta de criação de mais cargos, o que está sendo resolvido atualmente com aprovação de projeto pela Assembleia Legislativa, faltando apenas o governador sancionar. “Hoje, o professor de medicina de início de carreira entra com salário de pouco mais de R$ 5.000,00, o que não é convidativo. Temos um drama a solucionar, porque vários professores abandonam a função por questões financeiras. E esse fenômeno não é só na UEPA, mas em várias universidades”.
Clay Anderson ressaltou que a capilaridade de médicos em Marabá é pequena e que está tentando resolver com convênio, com apoio de outros profissionais. E clamou para que haja parceria institucional na área de saúde e pediu que a Câmara ajude a criar legislação própria para que os alunos de instituições públicas nos espaços de saúde do município. “Estamos trazendo residência, que é para profissional formado, mas serão necessários espaços para atuação dos médicos”, alertou.
Sobre a bolsa de monitoria, disse que há limite para isso, porque existem leis que regram. “Só podemos aumentar a quantidade de bolsas para monitoria, se houver restruturação na autonomia da universidade”.
A vice-reitora Ilma Pastana ressaltou que o Campus de Marabá tem todos os três centros da UEPA: saúde, educação e engenharia e reiterou disse que a residência será de extrema importância, porque é ela quem fixa os médicos na cidade. “Há 350 estabelecimentos de saúde em Marabá e precisamos utilizar essas estruturas. Há mais de 100 alunos de medicina no município e os estudantes da instituição pública precisam ter prioridade nesses locais”.
Segundo ela, os gerentes de Unidades Básicas de Saúde não querem deixar os alunos de medicina entrarem nos postos para o estágio, o que está dificultando o treinamento, muito embora haja um convênio assinado entre a UEPA e Prefeitura de Marabá.
O presidente da Comissão de Desenvolvimento, Miguelito, disse que a Câmara está à disposição para ajudar a discutir as relações com as unidades de saúde, por meio da Secretaria de Saúde.
O vereador Márcio do São Félix considerou importante a informação da UEPA sobre os campos de estágio e considerou ser constrangedor e ultrajante as unidades de saúde do município criarem barreiras para estágio de estudantes de medicina. “Vamos expor essas informações ao prefeito e ao secretário de Saúde para que as unidades de saúde ofereçam as condições necessárias para os estudantes”.
A vereadora Vanda Américo reconheceu que as parcerias precisam ser fortalecidas e que a Comissão de Desenvolvimento vai reunir-se com o prefeito Tião Miranda para cobrar o apoio institucional para o curso de medicina e, ainda, para implantação da residência médica.
“Creio que o impedimento de entrada dos acadêmicos em UBS não seja uma determinação do secretário de Saúde, Luciano Dias, mas de diretores dessas unidades. Vamos, sim, brigar para que a entrada dos estudantes seja facilitada”, garantiu.
Ela também pediu informações sobre o valor da bolsa de monitoria e disse que a Comissão de Desenvolvimento poderia solicitar uma cota de bolsas da Prefeitura para os acadêmicos de medicina da UEPA. “Se hoje há 16 bolsas para os alunos do campus local, creio que qualquer quantidade que conseguirmos será bem-vinda”, disse Vanda.