Comissão de Desenvolvimento se reunirá com a SEDEME sobre ferrovia tirada de Marabá

por André da Silva Figueiredo publicado 31/08/2021 12h24, última modificação 31/08/2021 12h24

A reunião da Comissão de Desenvolvimento Socioeconômico de Marabá desta segunda-feira, 30, foi mais acalorada do que a da semana anterior. Dela, fez parte também o secretário Regional de Governo, João Chamon Neto, convidado pelo presidente Miguel Gomes Filho, o Miguelito.
Membro da Comissão, o presidente da ACIM, João Tatagiba, disse que conversou, por telefone, com o governador Helder Barbalho, o qual fez explicações sobre a retirada de Marabá do traçado da ferrovia. O gestor estadual lhe disse que a alteração da rota, com a ferrovia vindo por Paragominas, passando por Rondon do Pará, terá que parar em Bom Jesus do Tocantins por uma questão óbvia: atravessaria a Terra Indígena Mãe Maria e o dilema para conseguir licenças é enorme. “O governador me disse que era melhor ter o projeto só até Bom Jesus do Tocantins do que não ter nenhuma ferrovia. Garantiu que o transbordo será em Marabá e não em Bom Jesus, com uma estrutura grande aqui, com uma espécie de hub (local onde se concentram os fluxos de transporte).”, sinalizou Tatagiba.
O vereador Márcio do São Félix disse que, com essa proposta do governador Helder, qualquer coisa que aconteça em Bom Jesus cairá para Marabá, elevando o drama da saúde e outros problemas sociais. “O estudo de viabilidade apontou que o que inviabiliza a ferrovia é a falta de entroncamento. A logística tem custo alto, carregar em Marabá, descarregar em Bom Jesus e vice-versa não me parece ser viável. Vamos criar bolsões de miséria. O porto seco deve ser construído em Marabá”, enfatizou.
Vanda Américo considerou que a Ferrovia do Pará é fundamental para Marabá e que a Câmara não vai aceitar argumentos que tirem o município do corredor da estrada de ferro. “Marabá não aceitará de nenhuma forma essa justificativa”, disse ela.
O presidente da Câmara, Pedro Corrêa, também se manifestou e disse que a Comissão de Desenvolvimento foi criada para cobrar o governo do Estado e a Vale sobre projetos para fortalecer toda a região. “A população de Marabá não aceitará essa mudança no traçado da ferrovia. Isso representaria um fracasso dos políticos dessa região. Todos nós vamos buscar o diálogo antes de partimos para a briga. “Temos de agir. Não podemos esperar convite do governo e da Vale para avançarmos, precisamos correr atrás de garantir esse projeto em Marabá”, disse Pedrinho.
Na visão do vereador Alecio Stringari, quando construíram o Projeto Salobo deram tudo para Parauapebas e nada para Marabá. “Não existe muito o que se discutir, devemos pontuar as atitudes que vamos tomar, para tentar inviabilizar esse projeto que não beneficia Marabá”.  
O vereador Coronel Araújo disse que ficou constrangido com a retirada de Marabá da rota da futura ferrovia, embora seja do mesmo partido do governador do Estado, Helder Barbalho. “Bom Jesus não tem estrutura e os problemas sociais vão cair para Marabá. Antes da questão partidária, sou marabaense”, afirmou.
O secretário João Chamon anunciou aos vereadores que por volta de 13 horas desta segunda-feira conversou com o governador Helder Barbalho, o qual garantiu que o Estado manterá diálogo sobre o assunto com a liderança marabaense. “Já podemos marcar a primeira reunião com o secretário da SEDEME, José Fernando Gomes Júnior, e que não há nada definitivo, as portas estão abertas. Reconheço que Marabá não pode ficar apenas com o passivo”.
A reunião entre vereadores e secretário de Estado deve acontecer em Belém, em data a ser definida ainda nesta semana.