Comissão de Saúde discute dilemas do HMI com SMS e entidades de mulheres
A Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Marabá teve um longo debate sobre os dilemas e melhorias do Hospital Municipal de Marabá, durante reunião realizada na última quinta-feira, 16. O tema principal em discussão foi violência obstétrica, mas os representantes da casa de saúde puderam apresentar um balanço das melhorias implementadas nos últimos meses.
A reunião foi conduzida pelo presidente da Comissão de Saúde, Márcio do São Félix, mas contou também com a participação destacada dos vereadores Pedrinho Corrêa, Dra. Cristina Mutran, Ray Athie e Frank do Jardim União.
Também presentes, representantes da Secretaria Municipal de Saúde, a diretoria do HMI e diversas representantes de entidades que defendem os interesses das mulheres, como Articulação Feminista de Marabá, Associação de Mulheres Arco Iris da Justiça, Fórum Permanente de Mulheres e do Conselho Municipal de Saúde.
Alciléia Tartáglia, diretora administrativa do HMI, apresentou os médicos Waldir Rosado, ginecologista e obstetra, que recentemente assumiu o cargo de diretor clínico do HMI; e Daiane Oliveira, pediatra, neonatologista e diretora técnica da referida maternidade.
E foi Daiane, com muita propriedade, quem fez apresentação sobre as melhorias implementadas no HMI para melhorar o atendimento e minimizar as reclamações das pacientes e seus acompanhantes. Ela apresentou dados sobre a maternidade em 2022, com número de atendimentos, internações, partos normal e cesáreo, UCI Neonatal, curetagem, laqueadura e tratamento de intercorrências na gravidez.
Ela também informou que foi realizada, recentemente, a contratação dos seguintes profissionais: fonoaudiólogo, enfermeiros, assistente social, médico ultrassonografista e técnicos de enfermagem. O HMI, segundo ela, está fazendo teste do olhinho a partir de março, teste da orelhinha, teste da linguinha, teste do pezinho (já era realizado) Coraçãozinho (já é realizado).
A partir de uma parceria com a Facimpa (Faculdade de Medicina), o HMI está recebendo 112 alunos que estagiam dentro da maternidade, com CCIH, farmácia, banco de leite, vacinas e acolhimento, tentando oferecer atendimento mais humanizado aos pacientes. “Além disso, estamos implantando treinamento para servidores e também ensinando a realização de manobra de desengasgo (aos familiares)”, disse ela.
Apesar das melhorias apontadas por ela, várias mulheres fizeram ponderações e apresentaram sugestões para mudança de tratamento por parte de vários profissionais às mulheres durante gravidez, parto e puerpério.
Margarida, professora da Unifesspa e membra da Articulação Feminista de Marabá, disse que as representantes das entidades não estavam ali denunciando as pessoas, mas uma estrutura que não tem condições necessárias de atender adequadamente as mulheres. “É preciso avaliar a necessidade de ampliação do HMI, já que é município polo, atendendo 22 municípios da região. A violência obstétrica é um conjunto de ações, que vai da estrutura à qualidade do atendimento. Lamentamos profundamente que de 48 casos de denúncias apresentadas ao Ministério Público do Estado, todas tenham sido arquivadas. Isso nos entristece”, disse ela.
Ao analisar o nível de discussão, Dra. Cristina Mutran destacou que “o que vi hoje foi algo que não via há muito tempo. Houve diálogo saudável. Estou observando que várias mudanças passaram a ocorrer em função dos profissionais médicos - diretor clínico e diretor técnico – já contratados no HMI. Estou extremamente satisfeita e espero que com essas medidas o HMI seja visto de outra forma. Como vereadora e médica, sou procurada para intermediar atendimentos como “madrinha”. Mas não haveria necessidade de fazer esse tipo de intervenção se o atendimento fosse de qualidade, reconheceu”.
O vereador Pedro Correa destacou que o governo do Estado anunciou, recentemente, que vai construir um Hospital Materno Infantil em Marabá e observa que a conquista pode ser colocada na conta da Câmara de Marabá, que participou de audiência no Centro de Convenções, e solicitou a estadualização do HMI ao governador Helder Barbalho. O prefeito Tião Miranda não concordou e Helder chamou os vereadores e anunciou que o Estado construiria o HMI. “A Vale é quem vai construir esse hospital”, disse.
Ao final da reunião, vários encaminhamentos foram apresentados à equipe do HMI e também da SMS, para que sejam solucionados, visando à melhoria na qualidade do atendimento às pacientes no HMI.