Comissão Especial recebe primeiros colaboradores na discussão do desenvolvimento de Marabá
Na tarde desta quarta-feira, 28 de abril de 2021, aconteceu, no Plenário da Câmara Municipal de Marabá, a segunda reunião aberta da Comissão Especial de Desenvolvimento Socioeconômico de Marabá, criada pelo Poder Legislativo com o objetivo de melhorar as condições de logística e empreendedorismo para os produtores e atrair novos investidores para o município, criando e ampliando a oferta de emprego e melhorando a renda da população.
A reunião teve bons resultados e apontou para necessidades de atuação a curto e médio prazo que devem ser diligenciadas junto a órgãos públicos do município, estado e do governo federal.
Participaram do evento como convidados e tornaram-se, imediatamente, membros de honra da comissão: Ricardo Pugliese, secretário municipal de Mineração, Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia e também de Turismo; e Ítalo Ipojucan Costa, empresário e ex-presidente da ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marabá).
A dupla se revezou e fez apresentação micro e macro para que o município consiga avançar e ofereça mais emprego e renda para a comunidade local. Pugliese lembrou que sua Secretaria atua com fomento, para ajudar empresas a se instalarem no município e que as pessoas consigam emprego. “O estoque atual da cidade é de 45.470 empregos formais, com carteira assinada, atualmente. Em março de 2020 o CAGED começou a ser negativo, mas não porque houve demissões, mas porque as contratações caíram muito. Isso só ficou por três meses, mas depois se recuperou e ficamos positivos no restante do ano”.
Pugliese ainda considerou ser importante a lutar para atrair novos negocias à cidade e alertou os vereadores que diversas empresas de médio e grande porte do segmento de varejo estão procurando instalar empreendimentos em Marabá, mas esbarram na falta de qualificação da mão de obra e espaço para instalares filiais. Entre elas, 4 lojas das Casas Bahia; mais 2 lojas das Americanas; 3 da Novo Mundo, do Goiás; um Centro de Distribuição da Magazine Luíza; e Centro de Logística ligado à Amazon. “Essas empresas também sofrem dois dramas: falta de mão de mão qualificada e de área na cidade para se instalarem”, alertou.
O secretário destacou que o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) tem uma estrutura acanhada em Marabá e não tem condições de atender a demanda de formação a cidade requer. Para que nosso povo tenha acesso a empregos, precisamos formar a mão de obra que está parada”, destacou.
O ex-presidente da ACIM, iniciou sua fala pela necessidade de aprovação da Lei Geral na Câmara Municipal, que vai ajudar empresas locais a vencerem licitações públicas (grandes e pequenas), diferente do que acontece hoje.
Depois, falou sobre a atração de grandes empresas, ressaltando que, em geral, o empreendedor identifica oportunidade no mercado regional e vem por si só, não porque foi atraído por ente público. “A dinâmica da cidade vai crescer por causa disso, de forma natural, porque temos posição geográfica estratégica e um bom mercado. Mas, neste quesito, encontramos alguns problemas pontuais, que precisam ser disciplinados. Temos um Distrito Industrial e um Plano Diretor que precisam estar conectados. Em alguns momentos, a Prefeitura precisa pegar no braço do grande empresário e ajudá-lo a se instalar para gerar emprego e renda no município”.
O Distrito Industrial de Marabá voltou a ser tema de avaliação de Ítalo. Ele reiterou que muitos dilemas acarretam para o empreendedor não se instalar no local, que vão desde falta de transporte coletivo, o que geraria menor ônus para os empresários, a problemas de invasões que carecem de um olhar cuidadoso e urgente. “Precisamos resolver essas e outras questões dentro da política municipal e estadual para direcionar os empresários para local estratégico”.
Ipojucan também apontou, aos membros da Comissão, que é preciso olhar para além da mineração, ressalvando que esta região é a nova fronteira agrícola, que deve se transformar em um polo de produção de grãos nos próximos anos, além do mercado da pecuária, que não para de crescer. “Nos próximos anos vamos ter recorde de produção de grãos. A Agrosoja aponta para isso e precisamos discutir com ela como nos prepararmos para esse novo momento, o que é muito importante porque o agronegócio diversifica a nossa base de produção. Fomos informados que até 2025 esta região vai produzir entre 3 a 5 milhões de toneladas de grãos. Vão surgir investimentos de silos de produção e as coisas vão acontecer de forma muito rápido”, avisou.
A vereadora Vanda Américo sugeriu que a Comissão apresente conteúdo impresso e em vídeo para que políticos e sociedade compreendam o momento em que o município está e a capacidade de desenvolvimento que a região tem. “Os companheiros novos na política precisam entender a grandeza desse projeto. Precisamos formar equipe para trabalhar com essas informações para socializá-las. Precisamos mostrar o que queremos e de que forma podemos alcançar”.
Ela ainda destacou a importância de envolver Obra Kolping, Senai e todas as demais entidades na capacitação da mão de obra local, não apenas com cursos de graduação, mas também na área técnica. “Muitas empresas não estão aproveitando a mão de obra local, com mestrado e doutorado. Continuam a trazer de Belo Horizonte, Bahia, enquanto temos pessoal qualificado aqui. Revista e documentários precisam mostrar a quantidade de profissionais que estão saindo das universidades”.
Já o presidente da Câmara, vereador Pedro Corrêa, salientou que no passado, houve uma comissão que trabalhou nesse sentido, mas que andou pouco. “Agora, é preciso irmos para a prática. Desde que cheguei aqui ouço falar em verticalização e cursos de qualificação. Hoje, estamos falando dos mesmos problemas de quase três décadas atrás”.
O presidente recordou que a Câmara iniciou, através da criação da Comissão, um grande movimento para tratar de assuntos relacionados à economia. Ele mesmo abriu um debate sobre a passividade da Vale em relação a este município, que foi reverberado por todos os vereadores sobre a ausência da empresa no processo de desenvolvimento. Como repercussão, a Assembleia Legislativa do Pará abriu uma CPI contra a mineradora. “A Vale já prometeu grandes projetos, inclusive de construir casas e oferecer cursos de qualificação. Mas, espero que nessa comissão, a gente possa buscar alternativas concretas, seja por meio de decretos, projetos de lei, ato popular, trazer bancada de deputados, senadores e ministros. Mas precisamos sair dessa condição que estamos hoje. Precisamos aproveitar esse momento”.
Pedrinho sugeriu que a Comissão de Desenvolvimento se reúna pelo menos duas vezes por semana, pela quantidade de atores que precisam ser ouvidos. “Claro, precisamos, ao final da atuação da comissão, mostrar à sociedade o grande trabalho que foi realizado”.
O vereador Márcio do São Félix opinou que é preciso que a SEDEME (Secretaria de Desenvolvimento e Mineração do Estado) seja chamada para fazer parte do debate. Ele sugeriu, ainda, que o ex-secretário de Estado, Adnan Demack, seja convidado pela Comissão. “Somos um dos maiores produtores nacionais de couro in natura, e nada é verticalizado aqui”, queixou-se.
O vereador Coronel Araújo frisou que é necessário que mais informações sejam disponibilizadas à comissão. “Sei que vocês têm muito mais a nos informar. Por causa disso, precisamos reorganizar nossa pauta. Mas é preciso uma reunião só da comissão para reavaliar a atual e apontar para o próximo passo”.
O vereador Aerton Grande enfatizou que antes de se envolver na política, já havia cobrança em relação à Vale, que muito leva e pouco deixa em Marabá. “Essas empresas começam agora a nos ouvir e dar importância ao que se faz na CMM. Na Equatorial, eles nem recebem a gente. Fui como vereador e não fui nem atendido. Imagine os demais cidadãos que não ocupam cargo público”.
Por fim, a Comissão de Desenvolvimento decidiu que as reuniões vão acontecer duas vezes por semana (terças e quartas-feiras), sempre às 16 horas, no primeiro momento, convidando diversos atores para discutir o desenvolvimento de Marabá e região.