CPI do Salobo propõe à Vale 8 demandas estruturantes para Marabá
No dia 23 deste mês de março, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que tem como finalidade investigar os passivos socioambientais das atividades de mineração da Vale no Projeto Salobo, em Marabá, reuniu-se com executivos da empresa para discutir vários assuntos relacionados aos problemas causados pela exploração do cobre em território marabaense pela mineradora.
Participaram da reunião os vereadores Ilker Moraes, presidente da CPI; Marcelo Alves, relator; Carlos Roberto Miranda, membro; Alecio Stringari, presidente da Câmara; e Miguel Gomes Filho, o Miguelito.
Pela Vale, estiveram presentes à reunião, Saulo Lobo, analista de Relações Institucionais de Marabá; Mônica Cesar, gerente de assuntos corporativos; Leonardo Figueiredo de Faria, gestor; Ana Carolina Alves, gerente de relações institucionais do Corredor Norte; Luiza Mello Souza, Mauro Barros Neto e André Godoy, advogados.
Alécio Stringari destacou que houve várias conversas com a Vale sobre o déficit do Salobo, em não investir na região do Rio Preto, onde ele está implantado. “Como se implanta um projeto em um município e não há acesso a esse projeto a partir da sede desse município? Não fizeram pavimentação da estrada e nunca houve nada para as vilas. A mineradora iniciou a exploração com 20 milhões de toneladas e hoje retira 60 milhões por ano. A Vale precisa rever esse posicionamento e deveria atuar junto ao governo do Estado e governo federal para realizar a pavimentação da Estrada do Rio Preto”, sugeriu.
Miguelito relembrou que o Salobo foi uma luta de três décadas atrás, que ensejou uma batalha de vários anos, inclusive com fechamento da ferrovia por três dias em 1997. “Erramos lá atrás. Fomos tapeados, não sei se por nossos líderes, ou se pela Vale. O que vejo aqui é um clamor atual que a empresa nos deve milhões, venderam cobre e não pagaram pelo ouro que retiraram. Eu queria a lista do que a Vale fez por Marabá, mas foi tão pouco, que não dá para enumerar”, alfinetou.
O vereador Beto Miranda considerou que a Vale investe em Parauapebas, mas em Marabá não. Ele acredita que a Vale não pode dar área de mão beijada para invasores, mas precisa reavaliar sua relação com Marabá. A empresa precisa entender que ocupa o posto de maior indutora do desenvolvimento da região, mas que precisa fazer mais pelo maior município do sudeste do Pará.
Veja a síntese da pauta apresentada pela CPI do Salobo aos representantes da Vale:
1) Asfaltamento nos bairros da cidade de Marabá, das vilas rurais e trechos da vicinal da estrada do Rio Preto;
2) Construção de um Pronto Socorro no Núcleo Cidade Nova;
3) Parceria para melhoria no transporte público urbano;
4) Liberação de áreas para pequenas mineradoras na região sudeste do Pará;
5) Projeto habitacional para atender famílias carentes que moram em áreas que alagam com as cheias dos rios Tocantins e Itacaiunas;
6) Aquisição de área para implantação de um Parque Ambiental;
7) Implantação de um Laboratório de Simulação, Observação e Monitoramento de Barragens de Mineração para a UNIFESSPA;
8) Ampliação do prédio da Câmara Municipal de Marabá e aquisição de imobiliários e equipamentos.
O presidente Ilker Moraes reconheceu que a CPI é um ato político e que sabe da importância da Vale para município, estado e governo federal. “Queremos pactuar essas oito propostas e na segunda quinzena de abril a gente volta a conversar com a Vale sobre elas, após a visita ao Projeto Salobo”, disse.
Ana Carolina Pantoja Alves, gerente de relacionamentos governamentais do Corredor Norte, parabenizou os membros da CPI pelas proposições. “Estamos com propósito de manter o diálogo. Vamos levar os clamores de vocês para dentro da empresa e retornar para dar um posicionamento”, garantiu.