Diretoria e alunos da Apae visitam a Câmara de Marabá
A sessão desta quarta-feira, 28, na Câmara Municipal de Marabá, foi abrilhantada pela presença de alunos e coordenadores da APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) de Marabá. A diretora da unidade de Marabá, Maria do Socorro Cavalcante, diretora geral da Apae, fez uma explanação sobre a atuação da entidade em Marabá as revelou algumas dificuldades por que passa a associação.
A vereadora Júlia Rosa, presidente da Câmara, disse que a Casa Legislativa abriu espaço para apresentação das ações da APAE como forma de se manifestar no encerramento das comemorações da Semana dos Portadores de Deficiência.
Ao fazer uso da tribuna, Socorro Cavalcante explicou que em 2013 a Apae completa 15 anos de atuação em Marabá realizando um trabalho socioeducativo com 435 portadores de necessidades especiais, boa parte deles oriundos de famílias carentes. “Nosso recurso é insuficiente para atender a todos que nos procuram para reabilitação de crianças e adolescentes. “Temos de fazer um estudo para saber por que tantas crianças com deficiência em Marabá não têm documento básico como Certidão de Nascimento. Todos os dias lidamos com casos assim. Esta semana, recebemos uma mãe que tem 14 filhos e nem ela nem os filhos têm registro de nascimento”, lamentou Socorro.
Ela disse que um dos gargalos de Marabá é a segurança e acessibilidade dos portadores de necessidades especiais. Ela pediu para que os vereadores acompanhem as obras que estão em execução e verifiquem as reformas, as construções e se preocupam com a mobilidade urbana de quem tem reduzido os sentidos.
Atualmente, revela Socorro, há cerca de 80 cadeirantes atendidos pela Apae de Marabá e há uma grande dificuldade de recebê-los na entidade para as atividades porque as calçadas e as vias os impedem de chegar ao centro, localizado no bairro Belo Horizonte. Muitos deficientes ainda ficam isolados em casa porque não têm, sequer, uma cadeira de rodas.
Ela lembrou que dia 13 deste mês houve uma mobilização em Brasília, para alterar o texto da Meta 4, contra uma das propostas do Plano Nacional de Educação (PNE). Se aprovado, o documento sanciona a extinção de todas as escolas especiais, inclusive as mantidas pelas Apaes no país, forçando a transferência dos alunos para escolas que, na maioria das vezes, não oferecerão os métodos adequados de ensino para deficientes.
Dos mais de 400 alunos da Apae de Marabá, segundo ela, 73 usuários já estão fazendo parte da escola regular de ensino, paralelamente. “Acredito que uma escola não exclui a outra”, opina.
Ainda na tribuna da Câmara, Socorro disse que as famílias de crianças com dificuldades de mobilidade têm dificuldades em ter acesso a próteses, órteses e cadeira de rodas para pessoas que têm dificuldades de mobilidade. “Sobre a cadeira de rodas, a gente solicita para a Secretaria de Saúde, que manda par a Assistência Social, que diz que não é de sua competência”, explica.
Vereadores se manifestam
O vereador Ronaldo Yara, ao fazer uso da palavra, elogiou o trabalho da Apae e disse que a doação de cadeiras de rodas precisa ser uma política pública permanente e que os tribunais de contas não penalizam os gestores que fazem a aquisição desses produtores para doação às famílias carentes.
Ele disse que é preciso empenho do município para manter convênio de cedência de servidores do município para a Apae, que vence no final de dezembro.
O vereador Leodato Marques (PP) reconheceu que a padronização das calçadas para permitir a acessibilidade de pessoas com baixa mobilidade é importante, inclusive ele já apresentou anteprojeto de lei para que empresas e donos de residências façam a adequação necessária em suas calçadas.
A vereadora Antônia Carvalho (PT) lamentou que tantas pessoas com deficiência fiquem mendigando por uma simples cadeira de rodas em Marabá. Por conta disso, alguns vereadores acabam ajudando, mas ela acha que essa deve ser uma política de governo definida para atender as pessoas com necessidades especiais. “Temos, enquanto Poder Legislativo, de empenhar esforços para fazer com que o convênio seja assegurado para ajudar na manutenção e no pagamento de funcionários. “Estar trabalhando na Apae é uma questão de opção, e isso é o que vemos entre os profissionais que atuam por amor naquela entidade. É fácil falar em inclusão, mas é difícil fazê-la cumprir”, observou.
Para a vereadora, que é educadora, é preciso trabalhar as necessidades que as crianças têm, oferecendo atendimento individualizado nas escolas para que haja desenvolvimento das crianças de forma integral. Ela criticou a organização das Unidades Regionais de Educação do Estado, que só servem para entregar documentos. “O atendimento precisa ser descentralizado para que a burocracia não vença as demandas urgentes”.
O vereador pastor Eloi Ribeiro (PRB) acha que o município deve incluir o apoio à Apae no PPA (Plano Plurianual) para garantir recursos à entidade permanentemente, independente de governo.
O vereador Antônio Araújo (PR) pretende apresentar algumas sugestões à entidade em breve visita que pretende fazer à Apae local. Ele elogiou o trabalho realizado pela entidade e disse que a Apae de Marabá não deve a nenhuma outra grande instituição que ele conhece em várias outras cidades pelo País. Ele acredita que o Conselho da Pessoa com Deficiência deve ajudar a entidade e entende que a prefeitura deve renovar sim o convênio com a associação, que considera uma entidade especializada que merece um carinho maior do município.
A vereadora Irismar Araújo Melo (PR) entende que é preciso fazer mobilização para a sociedade entender qual o papel e importância da Apae com educação inclusiva. Ela lamenta que toda vez que encerra um convênio, é preciso a entidade mendigar para renovar. “Vamos reforçar com o prefeito a importância da Apae, com quase 500 usuários. “O trabalho realizado é sério, a equipe pedagógica comprometida e isso é determinante para que o trabalho da Apae receba auxílio do município”.
Para a vereadora Júlia Rosa (PDT), a luta da Apae é uma construção difícil em Marabá porque apesar do grande trabalho desenvolvido, ainda se avançou pouco nas condições necessárias para que o atendimento dos portadores de necessidades especiais seja integral. “A Socorro está sempre presente na Câmara, pede apoio político do Legislativo para propor as leis, mas não cabe à CMM o poder de fazer cumpri-las”, lamenta.
Júlia Rosa acredita que todas as pessoas têm de fazer uma avaliação pessoal de sua atuação enquanto cidadãos e passar a contribuir mais com o social. Ela lembra que a Câmara já aprovou projetos para acessibilidade, convênios para manutenção da Apae, mas avalia que é preciso ampliar a acessibilidade e valorizar os profissionais que atuam naquela entidade atualmente.
Júlia propôs que a Câmara estenda a mão para que o município continue ajudando financeiramente a Apae. A vereadora acredita que distribuição de cadeira de rodas não deveria ter interferência de políticos, mas uma política de governo porque é uma questão básica e diz respeito ao respeito à vida e dignidade do ser humano