Escola do Legislativo entrega diplomas de capacitação para mulheres na política

Algumas mulheres estiveram na sessão ordinária desta quarta-feira, 18, para receber diplomas de conclusão do curso “Mulheres na Política”.  Durante os meses de maio e junho, a Escola do Legislativo de Marabá (ELMAR), em parceria com a Câmara Municipal, realizou a 2ª edição do curso de formação “Elas na Política”, de forma virtual.   

O curso contou com 60 inscritas, e 30 terminaram a formação, que contou com a participação de professoras e professores de vários lugares do Brasil. 

Convidada a usar a tribuna, a diretora da Elmar, Gabriela Silva, lembrou que apenas há 88 anos, as mulheres nem sequer participavam da vida política do país, uma vez que eram proibidas de votar. “Somente em 24 de fevereiro de 1932, o Código Eleitoral passou a assegurar o voto feminino; todavia, esse direito era concedido apenas a mulheres casadas, com autorização dos maridos, e para viúvas com renda própria. Essas limitações deixaram de existir só em 1934, quando o voto feminino passou a ser previsto na Constituição Federal”, relembra. 

Atualmente, elas somam mais de 51,8% da população e mais de 52% do eleitorado brasileiro, mas representam apenas 12% dos prefeitos e 16% na representação legislativa, ou seja, foram eleitas, nas últimas eleições, de acordo com área de estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral, 651 prefeitas (12,1%), contra 4.750 prefeitos (87,9%). Já para as câmaras municipais, foram 9.196 vereadoras eleitas (16%), contra 48.265 vereadores (84%)”.

Gabi, como é conhecida a diretora da Escola do Legislativo de Marabá, ainda agradeceu o empenho de todos que se envolveram para a realização do evento. “Agradecemos a Mesa Diretora, na pessoa do presidente Pedro Corrêa; às vereadoras e vereadores, à professora Marilza Sales pela parceria através do projeto de extensão de combate à violência contra mulher da Unifesspa; e a todas as professoras e professores que de maneira voluntária contribuíram para a efetivação desse projeto”.

A ativista dos Direitos da Mulher, Gilmara das Neves Alves, foi uma das participantes do curso e se mostrou muito entusiasmada com o resultado obtido. Para ela, o curso foi uma ferramenta importante para participar das eleições de igual para igual com os homens. “Sabemos que para nós mulheres tudo é diferente e mais difícil, as coisas não vêm com facilidade. A educação é o único cainho para mudar todas as coisas. A gente é que faz a nossa história, homens e mulheres, e juntos conseguimos levar essa história a um lugar melhor”. 

O presidente da Câmara, vereador Pedrinho Corrêa, afirmou que a Elmar foi criada para aproximar o Poder Legislativo da sociedade. Ele também destacou que em toda eleição existe a dificuldade de encontrar mulheres para participar do processo político. “Nossos movimentos de mulheres são destaque no Pará por sua relevância. Isso estimula a CMM a prover mais cursos gratuitos como esse”.

As duas mulheres que estão vereadoras na atual legislatura, Cristina Mutran e Elza Miranda, também fizeram uso da palavra. Cristina parabenizou todas as mulheres que conseguiram chegar até o fim. “Houve uma série de percalços que levaram mulheres a desistir do curso. Precisamos de maior representação nesta seara. Na época de eleição, temos dificuldade de preenchimento de vagas. Uma candidatura não se faz da noite para o dia, e acho que esse estímulo é o que faltava”.

Já a vereadora Elza opinou que é preciso que as mulheres ocupem os espaços delas. “Não podemos mais aceitar isso, e ficar só em movimentos. Temos de ir pra rua e sermos ativas. Sempre fomos minorias quando há cargos para ocupar, principalmente os que foram historicamente masculinos”, lamenta. 

Elza Miranda explicou que passou na última terça-feira, 17, na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher um anteprojeto de lei que cria a Patrulha Maria da Penha. “Esse patrulhamento existe de fato, mas não existe de direito, e nós o colocamos para apreciação e temos certeza que iremos até o Executivo para que dê condições para que o projeto vá para a rua e faça, de fato, as suas obrigações”.