Estudantes pedem ajuda da Câmara para resolver caso de violência
No Dia D da Família na Escola em Marabá, nesta sexta-feira, 10, um dos estabelecimentos de ensino da cidade preferiu reunir a comunidade escolar para ir à Câmara Municipal pedir aos vereadores que intercedam para resolver problemas de violência em face das ameaças constantes a seus alunos e professores. Trata-se da Escola São Francisco, localizada em uma área periférica em frente ao Aeroporto de Marabá.
A diretora do estabelecimento, Raimunda Vieira Leite, revelou aos vereadores que a situação iniciou no dia 19 de março, quando um aluno do 8º ano, de 14 anos de idade, entrou em conflito com uma professora e a desrespeitou na frente dos colegas, fazendo isso várias vezes. Por conta disso, ele foi convidado a se retirar de sala. Mas não sem antes ameaçar a professor com a promessa de ir a sua casa pegar uma arma para vir atrás dela.
E a promessa foi cumprida. Dentro de pouco tempo o estudante estava de volta com arma em punho e entrou na sala com o intuito de “acertar as contas” com sua professora. E foi graças à intervenção da direção da escola que a educadora tinha ido embora para casa minutos antes e escapou da fúria do estudante.
A situação foi o estopim para desencadear um clima de insegurança entre os estudantes e professores. Dias depois, um grupo de sete adolescentes e jovens – entre eles o rapaz que ameaçara a professora - invadiu a escola armado com rifle, revólver e facões, promovendo o terror com ameaças de toda sorte, inclusive colocaram arma na cabeça de outra professora.
Por conta do episódio, o aluno foi transferido da Escola São Francisco para outra instituição pública do núcleo Liberdade, o mesmo acontecendo com a professora vítima das ameaças. “Estamos pedindo paz, porque já sofremos atentados, roubos de celulares, ameaça à vida de professores”, desabafou a diretora Raimunda Vieira.
Dias depois, outros rapazes entraram na escola e roubaram celulares e bicicletas de estudantes. “Ontem, quinta-feira, ficamos constrangidos de novo com pessoas estranhas que rondavam a porta da escola sem motivo aparente. Estamos em clima de insegurança constantemente e os pais vieram juntos para protestar”, explicou a diretora, ao fim de um movimento que encerrou na Câmara Municipal de Marabá.
A situação ficou tão complexa que os educadores chegaram a registrar ocorrência na delegacia e uma equipe da Guarda Municipal faz ronda na escola São Francisco diariamente para evitar novos ataques. “Mas queremos guardas armados de forma permanente, porque os agentes municipais não portam arma de fogo e os infratores que foram à escola usavam revólver e até rifle”, adverte Raimundo Vieira.
A Escola São Francisco conta com 625 alunos, atualmente, além de uma equipe técnica com 35 profissionais.
A comitiva da escola foi recebida por um grupo de vereadores no Plenarinho da Câmara. Além deles, estavam um representante da Polícia Militar, da Guarda Municipal e também da Polícia Civil. A comunidade escolar clamou por uma ação permanente para garantir segurança na Escola São Francisco e ainda pediram que os vereadores intercedam junto ao governo municipal para que consiga uma área apropriada para as atividades de lazer e educação física para os estudantes, que desde a fundação da escola utilizam uma rua de chão batido para as atividades de educação física, colocando as crianças em situação de risco.
Depois de ouvir os desabafos, os vereadores se posicionaram e se comprometeram a levar à escola o prefeito João Salame Neto, secretário municipal de Educação, Pedro Souza, e ainda o superintendente da SDU, Gilson Dias, para encontrar uma solução construir um espaço para lazer e aulas de educação física.
Em relação à situação de insegurança, eles se reuniram de forma reservada com os educadores e os representantes da Polícia Civil, Militar e Guarda Municipal para discutir ações para evitar que a referida escola continue sendo alvo de ameaças e ações de violência.
Os vereadores que participaram do diálogo com a comunidade escolar da São Francisco foram Antônia Carvalho, que intermediou o diálogo, Miguel Gomes Filho (presidente), Vanda Américo, Irismar Melo, Ronaldo Yara, José Sidney, Ubirajara Sompré, Orlando Elias e Edivaldo Santos. “A Escola não pode ser refém de marginais. Mas é preciso também desenvolver um trabalho com as famílias para que os adolescentes não enveredem para a marginalidade”, disse a vereadora Toinha do PT.