Muro da discórdia da Vale é alvo de críticas na Câmara

por claudio — publicado 04/12/2013 17h42, última modificação 14/04/2016 09h07
Vereadores reclamam falta de alvará para a obra e querem explicações da empresa

Durante a Sessão Ordinária ocorrida nesta terça-feira, 4, o vereador Leodato Marques, ao usar da palavra, fez referência ao muro erguido pela mineradora Vale, nos limites da duplicação da ferrovia, criticando a construção que impede as pessoas de transitarem de um bairro para o outro, impedindo o direito de ir e vir do cidadão. “Isso é um absurdo, não sei como aceitam”.

Segundo Leodato, estão sendo gastos cerca de R$ 20 milhões para a construção do muro, e a contra partida para o município, na ordem de R$ 26 milhões para a urbanização da área, o que não é suficiente.

Adelmo Azevedo, o Adelmo do Sindicato, se referiu à construção como “Muro de Berlim”, e sustentou que o prefeito João Salame disse que jamais iria autorizar a duplicação da ferrovia sem começar a construção de uma outra ponte sobre o Rio Tocantins, que liga a Nova Marabá ao Complexo São Félix e Morada Nova.  “Pelo que vejo, a ponte nova não sairá. Primeiro deveria sair a ponte para depois duplicar a ferrovia”, analisou o vereador.

Adelmo frisou que tem informação de que o muro está sendo feito sem o alvará da prefeitura e que ainda colocarão uma cerca elétrica no local. “Futuramente poderá haver morte por conta disso”.

O vereador Miguel Gomes Filho, o Miguelito, afirmou que se o Muro da Vale for definitivo é uma vergonha para Marabá. Para ele, a classe política tem que se unir e acabar com isso. “Um muro não pode ser erguido sem alvará e sem autorização da prefeitura. A lei é para todos. Já vi muita gente ser penalizada por isso. Se vale para o pequeno, tem que valer para o grande”, vociferou o vereador.

Miguelito disse que as comunidades do entorno serão totalmente afetadas pela obra. “A Vale vai fazer o “Muro de Berlim” e impedir as comunidades do Km 7 e Beira do Rio de ter acesso de um bairro a outro. Jamais poderíamos permitir a construção desse muro”, finalizou.

A vereadora Irismar Melo disse que a Vale está construindo um túnel como único acesso para a área, e que o muro está erguido para impedir as pessoas de ir e vir entre os bairros de um lado e outro da ferrovia no perímetro urbano. Para ela, era preciso que a prefeitura agisse em relação a isso. “Temos de ir atrás do órgão municipal responsável, seja a Postura ou SDU, para sabermos quem liberou essa obra. Quando a gente despertar, não tem mais jeito. Vão fazer muro em toda área urbana do município”.

Para Júlia Rosa, presidente da Câmara Municipal de Marabá, causa espanto o fato de a Vale começar a duplicação da ferrovia no setor urbano de Marabá. Para ela, depois que a ferrovia estiver duplicada no setor urbano, nada mais poderá ser feito.

De acordo com a presidente, é necessário que se saiba que tipo de conversa houve entre Executivo e Vale para compreender como a Prefeitura autorizou essa duplicação pelo setor urbano, e veja de que forma foi licenciada a obra. “É necessário que o setor político esteja mobilizado e vigilante nesse sentido”.

Por sua vez, o vereador Pedro Souza disse que, em contato com o prefeito João Salame e a SDU, recebeu a informação de que não existe alvará de construção de muro pela Vale. Segundo Pedro Souza, a empresa disse que era só uma contenção para que as pessoas não transitassem pelo local enquanto se constrói a expansão da ferrovia. “Informei ao secretário que fui até o local e verifiquei ser um muro. Se não tem, alvará não pode ter muro”.