Outubro começa com Audiência Pública na Câmara sobre câncer de mama

por hugokol — publicado 03/10/2014 09h25, última modificação 14/04/2016 09h08
Proposição da vereadora Júlia Rosa visa a discutir dilemas enfrentados por mulheres para prevenção e diagnóstico em Marabá

O mês de outubro começou ontem, quarta-feira, dia 1º, e a Câmara Municipal de Marabá, pelo segundo ano consecutivo, realizou uma audiência pública para discutir com autoridades e vários movimentos sociais as ferramentas que o poder público está oferecendo em Marabá para previnir, diagnosticar e também oferecer suporte para o tratamento de tumores descobertos. O tema da campanha este ano é “A gente toca nesse assunto pra você se tocar”.

outubro rosa

A sessão foi aberta pela presidente da Câmara, vereadora Júlia Rosa, que havia proposto a audiência. Elase mostrou preocupada com o descaso de muitas mulheres de Marabá em buscar a prevenção e disse que é preciso deslanchar campanhas de alerta também nas vilas da zona rural, onde as informações são mais escassas e as mulheres têm mais preconceito de buscar ajuda médica para resolver problemas relacionados à sua intimidade.

Entre as autoridades presentes à audiência pública estavam o secretário municipal de Saúde, Nagib Mutran Neto, capitão Francisco de Assis Alves, médico do Hgumba, que foi um dos palestrantes do evento; Katarina Kátia do Socorro Rodrigues, coordenadora e presidente da União de Mulheres de Marabá; Rosalina Isoton, presidente do Conselho Municipal da Mulher de Marabá e do grupo Arco-Íris da Justiça; e Vilma Lemos, presidente da Comissão da Mulher Advogada da Subseção da OAB de Marabá.

Em sua palestra, o médico Francisco Alves disse que falar do câncer de mama édiscutira angústia da grande maioria das mulheres, porque é uma das  formas mais populares de neoplasia, que só fica atrás de termos de incidência do câncer de pele.

Ele também informou que no Estado do Pará, 830 casos de câncer são identificados por ano e ponderou que a longa jornada de trabalho prejudica e colabora para o aparecimento de casos da doença. “A mulher brasileira vive em média 74 anos e cada uma dela precisa fazer exame uma vez por ano para avaliar se há algum indício de nódulo ou não”, explicou.

Capitão Alves falou sobre a importância do autoexame e até mesmo ensinou como realizá-lo, dando detalhes de como a mulher deve realizar o toque periodicamente. Mas ele também discorreu sobre a mamografia, um exame de rastreamento que o governo federal disponibiliza para mulheres a partir de 40 anos de idade. “Nunca se fecha diagnóstico de câncer por mamografia, ele é apenas auxiliar. É preciso de acompanhamento médico”, sustentou.

Júlia Rosa disse que a bandeira contra o câncer de mama não pode deixar de ser levantada com todo o compromisso a cada ano, quer como cidadãs, quer como pessoas que ocupam função pública. Ela citou algumas mulheres que tiveram câncer de mama em Marabá e estavam na sessão para serem homenageadas. “A luta e a forma como cada uma de vocês enfrentou a doença são exemplos para todos nós.Hoje, esta Casafaz homenagem a vocês porque não tiveram medo de enfrentar a doença. A palavra de Deus diz que em Cristo, somos mais que vencedoras, e cada uma de vocês se enquadra nesse perfil”, disse Júlia.

O médico Cassiano, do Hospital Regional Público do Sudeste, levou ao evento um grupo de acadêmicos de Medicina da Uepa em Marabá. Ele disse que há uma nova filosofia, com um novo modelo pedagógico, que prevê a inserção dos estudantes bem cedo na saúde pública, principalmente na Atenção Básica, onde 85% das doenças podem ser resolvidas. “Eles estão em quatro unidades básicas de Marabá. Os alunos têm contato imediato com a rede pública para que, futuramente, possam participar ativamente na formatação de estratégias, mas também atuando como agentes diretos no combate às doenças”, disse o médico.

As acadêmicas de Medicina Gabriela Pastana, Livia Lima de Aguiar e Paula Tavares também deram sua contribuição na audiência. Gabriela falou da importância de atuar na atenção básica porque eles (alunos) estarão nas unidades de saúde daqui a alguns anos.

O secretário de Saúde, Nagib Mutran, disse que a campanha do Outubro Rosa do ano passado fez com que a Secretaria Municipal de Saúde acelerasse a reativação do mamógrafo, instrumento que estava parado há mais de dois anos. Com isso, de lá para cá já foram realizadas 7.360 consultas ginecológicas, 779 com mastologistas, além de 3.870 mamografias. “As mulheres de Marabá e região vão ganhar um presente em breve, com a reforma do Crimu, que terá um caráter regional e ampliará o leque de serviços ofertados”, anunciou.

Katarina Kátia elogiou o projeto Outubro Rosa da Câmara e disse que a Coordenadoria da Mulher é um espaço para ajudar as mulheres que têm dificuldade de lutar por seus direitos. Ela lembrou a luta histórica das mulheres por seus direitos, como a Lei Maria da Penha, enquanto na área da saúde houve avanço com consultas e diagnósticos de doenças.