Polêmicas do Residencial Jardim do Éden chegam à Câmara
Um grupo de pessoas que se sentiram prejudicadas por não terem recebido
casas no Residencial Jardim do Éden, em Morada Nova, foi à sessão da
Câmara na manhã desta quarta-feira, 22, para pedir ajuda dos vereadores
no sentido de acompanharem as denúncias que eles fizeram sobre unidades
habitacionais do
Minha Casa Minha Vida que teriam sido repassadas para pessoas que não se enquadram no perfil do programa: baixa renda.
Quem abriu a discussão na tribuna sobre o assunto foi o vereador
Ubirajara Sompré, que acompanhou as manifestações em Morada Nova no
último sábado e garantiu que elas são justas e coerentes. “As pessoas
que estavam no movimento estão indignadas – com razão – porque algumas
das moradias entregues foram direcionadas para pessoas com alto poder
aquisitivo”, denunciou.
Sompré disse que algumas pessoas de fora de
Marabá usaram de má-fé para conseguir algumas casas e se cadastraram no
programa na Secretaria de Assistência Social (Seasp) deste município
como se residissem aqui. Diante da polêmica levantada pela comunidade,
houve reunião com representantes da Caixa e Seasp e foi criada uma
comissão com vários prejudicados para analisar caso a caso e promover o
distrato dos contratos, caso seja confirmada a irregularidade.
O
vereador Ubirajara disse ainda que cerca de 40 casas não foram entregues
ainda e que foi dado prazo de 10 dias à Caixa para que essas pessoas
assinam o contrato. Se isso não acontecer, essas residências terão de
ser repassadas para outras famílias. “Donos de kit nets e de
supermercados foram contemplados com residências no Jardim do Éden e
isso é um absurdo que precisa ser reparado”.
Por sua vez, o vereador
José Sidney reconheceu que o movimento é pacífico e que não há baderna
por parte dos manifestantes, argumentando que os vereadores não
acompanharam porque a seleção das famílias obedece a critérios definidos
pelo governo federal através da Caixa, um órgão sério. Ele preferiu
ficar de fora para que não haja suspeita de que ele, Sidney, estaria
tentando indicar nomes de famílias para receberem casas. “A Caixa e a
Seasp é quem precisam explicar quem tem direito e quem não tem”, opinou.
Da mesma opinião de Sidney, o vereador Guido Mutran disse que foi
procurado por várias pessoas que se sentiram prejudicados com a entrega
das casas populares e lembrou que esse mesmo problema ocorreu também nos
residenciais Tiradentes e Tocantins. “Não é a primeira vez que isto
está ocorrendo na cidade e já denunciei o fato formalmente à
Procuradoria da República pedindo a apuração da onda de boatos e
solicitei instauração de procedimento administrativo”, disse Guido.
Para o vereador, a Câmara Municipal tem obrigação de pedir providências
aos órgãos competentes, mas é contrário à sugestão de a Câmara criar
comissão para investigar essa situação, exatamente para que não haja
denúncia de que vereador estaria indicando uma pessoa ou outra para
receber casa no residencial.
O vereador Pedro Correa sugeriu que se
crie uma comissão especial na Câmara para acompanhar a situação da
entrega das casas e analisar a condição financeira de quem reside nelas
para que as distorções sejam reparadas e as famílias verdadeiramente
carentes sejam contempladas.
Por outro lado, há quem pense
diferente. É o caso do vereador Edivaldo Santos, que anunciou na sessão
desta quarta-feira que vai propor a instalação de uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) para investigar a entrega de casas nos três
residenciais.
O vereador Ronaldo Chaves Araújo, o Ronaldo Yara,
concorda com Guido ao enviar pedido de investigação para a Procuradoria
da República. Ele acredita que muitas pessoas são capazes de tudo para
burlar a lei e os assistentes sociais da Seasp, às vezes, são enganados
por pessoas que assinam documento alegando que são de baixa renda,
quando em verdade têm boas condições financeiras.
A vereadora
Antônia Carvalho, a Toinha do PT, defendeu o programa Minha Casa Minha
Vida e opinou que a Seasp precisa ser mais rigorosa na seleção das
famílias para serem beneficiárias do programa. “Todos passam pelo
Cadúnico, cadastro que é um atestado de pobreza. Houve pessoas que
passaram recibo de compra e venda de suas casas para os filhos e foram
sorteados para ganhar casas nos residenciais. Não sei que meios usaram
para fazer isso. Mas a Câmara não tem elementos para resolver essa
situação. Isso virou um problema jurídico e precisa ser resolvido pelas
autoridades judiciais como Ministério Público Federal e Polícia
Federal”, disse.
Líder do governo na Câmara, o vereador Coronel
Antônio Araújo considerou legitimo e legal o distrato dos contratos caso
haja irregularidades por parte dos mutuários. Para ele, a Comissão de
Direitos Humanos da Câmara deve acompanhar a situação e exigir
elucidação dos fatos.