Presidente da ACIM sugere criação de um grupo de trabalho para o desenvolvimento de Marabá

por hugokol — publicado 13/05/2015 13h05, última modificação 14/04/2016 09h08
Em palestra para vereadores, Ítalo Ipojucan apresentou dados importantes sobre o potencial econômico de Marabá e região

A Câmara Municipal de Marabá realizou na tarde desta terça-feira, 12, mais uma reunião do ciclo de debates sobre desenvolvimento criado pelo atual presidente do Poder Legislativo, Miguel Gomes Filho, o Miguelito. Desta vez, o empresário e presidente da ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marabá), Ítalo Ipojucan Costa, palestrou para os vereadores e assessores da Casa sobre o desenvolvimento da região. O tema abordado foi “Cenários e Perspectivas Econômicas para Marabá e Região”.

O presidente da Casa, Miguel Gomes Filho abriu a reunião dizendo que os seminários que vêm sendo realizados pela Câmara visam aludir uma saída para o desenvolvimento de Marabá e região. “Estamos precisando levar esse município a um lugar melhor, ter uma saída para o desenvolvimento de Marabá.  A Câmara Municipal está imbuída junto com a ACIM para debatermos e fazermos palestras em busca de uma saída, e não ficarmos colocando a culpa no outro e não resolvemos nada”, lamentou. 

Miguelito ainda afirmou que esse ciclo de palestras deve ser ampliado, e mais técnicos e representantes de segmentos devem participar e contribuir. “Essas palestras devem ser ampliadas com um grupo que queira defender ideias para sairmos do marasmo de esperarmos os grandes projetos e nada acontecer”.

 Ítalo Ipojucan disse que não pode existir vaidade dentro de um objetivo maior. “Acredito nos resultados. Você (Miguelito) pediu para que a ACIM estivesse mais próxima. Nosso objetivo final é um só, o melhor para Marabá. Todo desafio que Marabá se impor será um desafio para a ACIM e para a Câmara”.

Ítalo garantiu que o desenvolvimento de Marabá é possível. Para isso, segundo ele, é preciso que o município e a região saiam do patamar de meros exportadores de matéria prima, que na visão dele é um modelo ultrapassado, para que se possa mudar esse cenário.

Para detalhar e dar maior suporte e visibilidade para suas colocações, o presidente da ACIM apresentou alguns números e históricos de outros lugares que mudaram de patamar, através de uma mudança de mentalidade.

Ele discorreu sobre o Complexo Suape e de Goiana, ambos em Pernambuco, e do Pecém, no Ceará. “Este último, atualmente, é o polo de desenvolvimento mais dinâmico do Brasil, mas não apresentava características de matriz tão favoráveis quanto as nossas”, disse Ítalo.

Ipojucan apresentou dados que mostram a movimentação de Suape, que em 2014 foi de 15,3 milhões de toneladas, enquanto em Pecém, no Ceará, a primeira fase de produção será de 3 milhões de toneladas de placas de aço, e de 6 milhões na segunda. 

O presidente da Acim evidenciou que hoje Marabá já nasceria com uma demanda instalada, caso fosse possível a navegação, com cerca de 6 milhões de toneladas já produzidas, sem contar com a mineradora Vale, mas apenas com a produção de outras empresas minerárias e do segmento agropecuário.

Ítalo falou que, diferentemente do que foi noticiado nos últimos dias na grande imprensa, a CSP (Companhia Siderúrgica de Pecém) não foi preponderante para anular a aciaria de Marabá, e nem para que a Vale tenha preterido a Alpa, porque existiam os dois projetos, afirmando inclusive que o de Pecem era mais antigo que o de Marabá. “Em Pecém, a Vale buscou a construção de parceria para viabilizar o empreendimento, com duas empresas sul-coreanas (Dongkuk e POSCO). A responsável para se firmar a parceria foi uma Agência de Desenvolvimento que o Ceará criou, dentro da estrutura de Governo. Depois, foi buscar empreendimentos para serem instalados ali, com o Estado dando a condição e o incentivo, criando um ambiente propício para o empreendedor investir na região”, avaliou.

O presidente da ACIM alertou para as potencialidades do Pará e as principais oportunidades para o desenvolvimento do Estado. Ele disse que o Pará tem grandes reservas minerais e florestais, potencial hidroenergético e agroindustrial. E setorizou por região os principais polos produtores e suas vocações no Pará. 

Ítalo apresentou o posicionamento geográfico privilegiado e as qualidades do porto de Vila do Conde, em Barcarena, em relação à proximidade com a região do Carajás e com o canal do Panamá. “Temos de buscar o desenvolvimento do Norte para o escoamento de produção e sermos uma rota competitiva para o escoamento do setor produtivo de tudo que está acima dos 16°S. Nossa posição geográfica torna fácil a saída da produção pelo Norte do país. Para isso, a infraestrutura precisa melhorar”, salientou Ítalo.

Eugênio Alegreti, um dos profundos conhecedores do setor produtivo da soja na região, trouxe uma revista com o trabalho que tem sido feito de divulgação a nível nacional sobre os atrativos para a produção de soja no Pará. “Temos a intenção de mostrar o que está acontecendo no Pará, vender e divulgar o Estado, mostrando os exemplos de sucesso do plantio de soja no Pará”.

Eugênio ainda disse que de acordo com os números apresentados pela Aprosoja, hoje o Pará produz 300 mil hectares do referido grão e gera uma  renda para os agricultores em torno de 1 bilhão e trezentos mil reais. “Essa mesma área, se estivesse ocupada por boi, geraria 260 milhões no mesmo período. Estamos falando de 0,24% do solo paraense de plantio de soja, contou Alegreti”. 

Ítalo disse que a Aprosoja talvez seja o parceiro mais estratégico para Marabá, no que diz respeito ao projeto de desenvolvimento. “Potencial nós temos. Nosso modelo mineral é equivocado e ele não sai do estágio que está há muito tempo. Para sairmos da inércia deve-se rever a política de incentivos; doação de terrenos e buscas de novos parceiros, fomentar pequenos negócios. Temos de ter uma política de governo para desenvolver e agregar valores na cadeia de produção, inclusive com o governo estadual envolvido”.

A vereadora Vanda Américo disse que cada vez que a Vale precisa de alguma licença ou isenção, ela promete algo e depois não cumpre, e que o grande momento de questionar e pressionar para que ela assuma e resgate antigas promessas é justamente esse, quando as licenças e isenções da empresa estão para vencer. “Não podemos nos iludir com essas promessas mirabolantes. Independe da cor partidária nós temos de nos unir para resgatarmos essa cidade”.

 O vereador Alecio Stringari indagou sobre o que verdadeiramente acontece com Marabá e qual o maior problema da cidade? “Acho que está faltando juntar, nos esparramarmos. Se não começarmos a aprender o que é melhor para Marabá, vamos ficar só na promessa. Temos de achar um caminho, uma solução, juntos. Espalhados não vamos conseguir”.

O vereador Pedro Correa falou que, como agente público, fica triste de ver o quanto o país é desorganizado. “Não há uma estratégia definida. Fico preocupado com Marabá, de municípios que estavam aquém de Marabá e estão se desenvolvendo mais rapidamente”. 

Raimundo Nonato Júnior, diretor do Colégio Êxito, disse que é preciso que os marabaenses se apoderem das coisas do município. “Temos de fazer um planejamento do que queremos para os próximos cinco ou 10 anos, mas o correto seria um planejamento para os próximos 50 anos”. Ele lembrou que no primeiro trimestre deste ano, Marabá foi o pior em desemprego na região e isso é preocupante.

O presidente da Câmara, Miguel Gomes Filho, disse que mais personalidades gabaritadas estarão sendo convidadas para os próximos debates e salientou que este fórum será permanente e é o embrião para que um dia se tenha um poder de argumentação e discussão no município de Marabá bem maior do que se possui hoje.

Por fim, o palestrante Ítalo Ipojucan deixou como ideia uma solicitação feita pelo Governo do Estado para elaboração de uma carta da sociedade civil organizada para que se cobre a Vale o compromisso que ela fez com Marabá.

E o presidente da Acim ainda Deixou uma proposta para que se possa montar um grupo de trabalho em Marabá, para que se desdobrem em reuniões no governo estadual, para que a Secretaria de Desenvolvimento do Estado do Pará, não se distancie de Marabá. “ACIM e Câmara têm e ficar dentro do processo juntas”, destacou.