Seminário na Câmara discute repovoamento de peixes nos rios da região
Na manhã desta sexta-feira, 6 de março, o plenário da Câmara Municipal de Marabá sediou a realização de um seminário de Aquicultura e Pesca para discutir a temática “Repovoamento do Rio Tocantins com espécies de peixes regionais”. Representantes do Poder Legislativo, Ibama, mineradora Vale, colônias de pescadores da região, além de pescadores, participaram e deram sugestões durante o evento.
O evento foi uma iniciativa dos vereadores Gilson Dias e Ray Athie, nascidos na Marabá Pioneira e que mostraram-se preocupados com a falta de peixes na bacia Araguaia Tocantins nas últimas décadas. “Somos de uma época em que havia peixes com fartura em nossos rios. Mas eles desapareceram e não podemos ficar de braços cruzados, nos contentando com essa situação. Precisamos repovoar os rios com espécies que estão em extinção”, disse Gilson.
Ilker Moraes, presidente da Câmara em exercício, disse que o tema é importante e que vem batendo nessa tecla há algum tempo. Revelou que há uma proposta da Câmara para investir no projeto de repovoamento por meio de emenda parlamentar, inclusive com construção de laboratório. “Precisamos ampliar o diálogo com o governo do Estado, mas a responsabilidade é compartilhada com todos os municípios, não apenas de Marabá”, ressaltou.
O vereador Ray Athie opinou que o pescado vem acabando em consequência das barragens, como a do Estreito, no Maranhão, o que impediu que os cardumes se movimentassem em toda a extensão do Rio Tocantins. “Minha vivência de pescador me mostra isso. “Coloquei R$ 170 mil da minha emenda impositiva e outros vereadores também destinaram recursos para essa causa, somando R$ 450 mil. O prefeito Tião Miranda afirmou que vai aportar mais R$ 450 mil, somando R$ 900 mil para produção de alevinos. Com isso, vamos soltar esses peixes na época da piracema”, informou.
Ainda segundo Ray, o prefeito Tião Miranda demonstrou interesse em conversar com o governador Helder Barbalho para que o Rio Tocantins fique fechado para pesca por dois anos e o pescador receba recursos para se manter nesse período.
Saulo Lobo, representante da mineradora Vale disse que a empresa já discutiu esse assunto anteriormente e que está disposta a contribuir, inclusive, já está apoiando outro projeto relacionado ao Rio Parauapebas, que também é importante para a região. “Vemos nesse projeto o fortalecimento da geração de renda, o que para nós é muito importante. A Vale está ligada a este e outros temas de sustentabilidade”, afirmou Saulo.
Marcos Paulo, secretário adjunto de Agricultura de Marabá, parabenizou a Câmara pela iniciativa do seminário e observou que o município precisa crescer muito nessa área. Confirmou que há emendas impositivas na Câmara para ajudar no repovoamento dos rios e prevê que em 2020 a Seagri fará um bom trabalho para repovoar o rio com peixes. Todavia, reconheceu que é preciso agregar outros municípios da região para que façam o mesmo.
Diretora do departamento de pesca da Sedap (Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e de Pesca), Nazaré Rodrigues colocou que o governo do Estado está propondo elaborar coletivamente uma proposta para alcançar um resultado positivo.
Ela lembrou que a lei da pesca busca oferecer um equilíbrio dos recursos pesqueiros com sustentabilidade, alinhado com a produção. “Estamos trabalhando para fazer novas mudança em que todos possam ser atendidos com seus produtos legalizados. O rio traz vantagens econômicas, turísticas entre outras. Mas a viabilidade das demandas deve respeitar as comunidades ribeirinhas”, alertou.
Roberto José Scarpari, representante do Ibama, destacou que qualquer tema relativo à vida é importante debater e ressaltou que, se o peixe está sumindo é devido a algo que o homem está fazendo. “Tudo tem relação: se poluímos, pescamos demais, o peixe some. Existem consequências. Essa questão é de responsabilidade de todo cidadão e não apenas do Ibama”, alinhavou.
Scarpari disse, ainda, que o repovoamento do rio é importante, mas que todos devem se conscientizar sobre os recursos naturais que estão sendo destruídos. “É preciso somar forças numa sinergia. Repovoar um rio é uma complexidade muito grande”.
Além dos discursos das autoridades, foram apresentadas ainda palestras por especialistas no assunto. O médico veterinário Francisco das Chagas de Medeiros, consultor do Sebrae e Eletronorte. Disse que por meio da Peixe Br, houve crescimento de produção da ordem de 4.9%, mas que em relação ao peixe nativo houve decréscimo. Os principais estados produtores que são Paraná e São Paulo. “Quem tem licenciamento ambiental consegue captar recursos. O principal vetor econômico é dar condições para que o produtor seja independente”, sustentou.
O professor Diógenes Henrique Silva, da Unifesspa, disse os peixes se reproduzem naturalmente, mas que a biotecnologia aplicada à reprodução acelera o repovoamento dos rios. “A produção de tanque rede é uma solução bastante interessante”, disse.
Ao final das palestras, outros professores e pescadores puderam dar sugestões, que serão levadas em consideração na formatação de um plano de povoamento de peixes nos rios da região.