Sessão despeja enxurrada de críticas contra atuação da Vale
A sessão ordinária desta terça-feira, 17, na Câmara Municipal de Marabá, foi marcada, principalmente, por discursos contundentes dos vereadores contra a atuação – ou omissão - da Vale em Marabá e região.
O primeiro a tocar no assunto foi o vereador Ubirajara Sompré, que lamentou o fato de que, passados quase dez dias, a Vale mantém a suspensão do repasse financeiro e o corte do atendimento à saúde indígena, conforme convênio e termo de compromisso em vigor. “A Vale é uma empresa que não cumpre a responsabilidade social com o estado e com a região. Temos que cobrar e que a lei minerária venha a prevalecer. A ferrovia corta a comunidade e nossa terra não pode ser fragmentada”, desabafou Sompré.
A vereadora Vanda Américo também criticou a empresa e sugeriu à Mesa Diretora da Câmara que elabore uma Moção de Apoio aos indígenas diante da negativa da Vale em repassar os recursos financeiros acordados e ainda de retirar a assistência à saúde. “Essa empresa não está fazendo favor para os indígenas, não. Isso ocorre logo agora que estão duplicando a ferrovia, das qual a Vale detém o monopólio”.
A sugestão de Vanda foi acatada pelo presidente Miguel Gomes Filho, que determinou a elaboração de um documento para ampla divulgação mostrando que a Câmara Municipal está solidária à manutenção aos direitos dos indígenas.
O vereador Ronaldo Yara apontou várias promessas da Vale que não foram cumpridas e destacou que, no caso da Estação Conhecimento, a mineradora apresentou proposta e propaganda maravilhosas. “Ela (a Vale) investe R$ 10 mil no município e gasta R$ 1 milhão em propaganda. O trabalho social é só mentira. A empresa anunciou em 2009 que atenderia 3 mil crianças, e agora não passa de 200. E é uma bomba para o município, aquela estrutura é para o município manter no futuro próximo, e é muita cara”, alfinetou.
Yara criticou o fato de que a Vale não paga ICMS para o Estado e o que sua responsabilidade social é quase zero.
A vereadora Irismar Araújo lamentou a estratégia utilizada pela Vale ao mudar permanentemente seus interlocutores com a comunidade. Isso acontece para que as promessas acordadas na reunião anterior sejam esquecidas na próxima. “A empresa não pode ter uma conduta dessa. Ela aumenta o número de vagões, duplica a ferrovia, e não investe no social, mesmo com toda uma demanda de crianças e adolescentes na região do São Félix, que cresce muito e tem problemas com educação, saúde e criminalidade”.
Na avaliação da vereadora Antônia Carvalho, a Toinha do PT, está na hora de sair do palanque e partir para ações mais concretas contra a Vale. “Precisamos nos unir porque senão as perdas serão maiores ainda”.
Toinha propôs uma visita dos vereadores à Estação Conhecimento para avaliar o atendimento que está sendo prestado. Ela acredita que o número de pessoas beneficiadas é muito pequeno, perto do que poderia ser. “A Vale negocia com pessoas individualmente e desarticula os movimentos, enfraquecendo as lutas”, lamenta.
Para o vereador Leodato da Conceição Marques, a comunidade de Marabá está cauterizada com tanta mentira por parte da Vale. “Tivemos a Alpa, uma mentira lavada que a Vale plantou e o governo federal deveria pressionar a empresa, já que é um dos seus maiores acionistas. As condicionantes da Alpa não representam o valor na primeira fase do projeto. Este é o sonho de Marabá, com a verticalização da produção. Somos uma região muito rica em todos os aspectos, mas não vemos preocupação do governo federal nem das grandes empresas em agir com seriedade com a população”, desabafou.