Sessão do Outubro Rosa mostra avanços na luta contra o câncer, mas aponta questionamentos
Na manhã desta quarta-feira, 4 de outubro, a Câmara Municipal de Marabá realizou sessão especial do Outubro Rosa, uma iniciativa anual do Poder Legislativo para incentivar o rastreamento de doenças como o câncer de mama e de colo do útero, exclusivas do público feminino.
A sessão foi presidida de forma conjunta pelas vereadoras Dra. Cristina Mutran e Elza Miranda, que convidaram à mesa de autoridades o secretário regional de Governo, João Chamon Neto; o vereador Frank do Jardim União, presidente da Comissão de Mulheres da Câmara Municipal de Marabá; Mônica Borchart Nicolau, secretária municipal de Saúde; Gabriela Menezes, presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher (COMDIM); Eliane Paiva, da Coordenadoria Municipal de Políticas para Mulher de Marabá; e Priscila Veloso, secretária adjunta da SEASPAC (Secretaria de Assistência Social e Ações Comunitárias.
O vereador Frank do Jardim União disse que é uma honra presidir uma comissão tão importante, principalmente porque no município há muitas mulheres de guerra e que lutam por seus direitos.
“Gostaria de estar aplaudindo políticas públicas em favor das mulheres, mas vejo falta de tratamento de câncer na cidade, a falta de cirurgias eletivas de histerectomia, por exemplo. O Outubro Rosa é o momento mais de refletir do que comemorar”, encerrou.
Gabriela Menezes, do Comdim, disse que o Outubro Rosa trata de uma causa peculiar, e que todos reconhecem a importância da causa. Por outro lado, para ela, este é um momento de sensibilizar a população em relação à importância de as mulheres estarem vigilantes com sua própria saúde. “Nós, do Conselho, nos colocamos à disposição para ajudar a buscar ações em favor da saúde da mulher”.
Eliane Paiva, da Coordenadoria Municipal de Políticas para Mulher de Marabá, leu um texto sobre empatia e destacou a necessidade de deslocar o olhar para o coletivo, se enxergando através dos olhos dos outros.
Mônica Boechat, secretária municipal de Saúde, reconheceu que ainda há desafios na área de saúde em Marabá, mas mostrou números que apontam para o avanço no cuidado com as mulheres e na realização de mamografia.
Revelou que em 2022, foram realizados 3.458 exames de mamografia, enquanto de janeiro a setembro de 2023 já foram feitos 4.415, devendo ultrapassar a casa dos 5.000 este ano. “Atualmente, não há nenhuma mulher na regulação para fazer mamografia. Quando ela vai, já realizamos, também, PCCU, um exame importante para prevenir o câncer de colo do útero.
Segundo ela, das 4.415 mulheres que fizeram mamografia, 580 pacientes foram enviados pela primeira vez a Tucuruí para realização de avaliação especializada na Unacon. Dessas, quatro tiveram diagnóstico de câncer de mama e uma de colo uterino.
“Neste mês de outubro, vamos desenvolver muitas ações para incentivar a prevenção. A saúde pública funciona muito bem dentro do nosso município”, afirmou.
Priscila Veloso, secretária da SEASPAC, disse que sabe dos desafios que existem para melhorar o atendimento à mulher, mas reconhece que houve muitos avanços nos últimos anos. Ela disse que entende que a Câmara é protagonista nas ações por meio de emendas impositivas, direcionando recursos para fortalecer projetos de apoio à causa.
“Diante das deficiências que encontramos, temos aqui 25 unidades básicas de saúde que funcionam nas zonas urbana e rural, com muitos profissionais de saúde dedicados ao atendimento de qualidade”.
O secretário regional de Governo do Sul e Sudeste do Pará, João Chamon Neto, disse que Marabá deve muito a Júlia Rosa, que dedicou muitos anos de atuação em defesa da mulher como vereadora, e continua na mesma missão, apesar de não exercer cargo eletivo atualmente. “Precisamos fazer reflexão e aumentar a quantidade de mulheres neste Parlamento, para aumentar o número de legisladoras nesta Casa, ampliando a luta em favor das mulheres”.
Chamon fez relato de atuação conjunta entre Governo do Estado e Prefeitura de Marabá nos últimos anos, inclusive no combate ao câncer numa ala de oncologia do Hospital Regional. “Tivemos percalços, principalmente em função da Pró-Saúde, com quem o governo rompeu o contrato. Isso causou um atraso grande, que não estava previsto”, justifica.
Agora, segundo ele, 65% da obra já foi concluída e o Estado está desapropriando 20 mil metros quadrados nos fundos do Regional para ampliar aquela casa de saúde.
O secretário anunciou que a obra será entregue no semestre de 2024, com serviço de quimioterapia, mas ainda falta espaço para a radioterapia, que deverá ser implantada no segundo momento.
João Chamon reconheceu que a saúde da mulher não é só oncologia e que o governo do Estado está trabalhando em outras frentes. “Avançamos em várias áreas. Marabá sofreu durante muitos anos porque pessoas saíam da cidade para exames do coração em outras cidades, porque é caro. A hemodinâmica é um tratamento caro, mas o governo atual já atendeu 1.500 pessoas com esse serviço, do ano passado para cá”.
Lembrou que a Delegacia da Mulher ficava fechada de sexta a domingo, mas o governo atual implantou atendimento 24 horas por dia, de segunda a segunda, com disponibilidade de 19 policiais para atender mulheres num prédio de dois pavimentos.
Ele disse que o governador Helder Barbalho estará na tarde desta quarta, em Marabá, para implantar, num terreno de 29 mil metros quadrados, ordem de serviço para construção de um Hospital Materno Infantil estadual. “Será um hospital de quatro pavimentos, com emergência, laboratório, UTI adulto e UTI infantil, entre outros serviços, com 51 leitos ao todo”, disse Chamon.
Ele também vai visitar as obras da Policlínica, que está em fase de acabamento. Esse serviço vai atender pessoas necessitadas em 30 especialidades médicas laboratoriais. “Haverá uma ala para atender autistas, um grupo com cerca de 500 crianças em Marabá que já foram diagnosticadas com essa doença”.
A vereadora Elza Miranda também mostrou-se preocupada com a demora do Estado em implantar ala oncológica no Hospital Regional de Marabá e avisou que, caso ano que vem esse serviço não esteja disponível à comunidade, vai mobilizar passeata em forma de protesto.
A vereadora Cristina Mutran desabafou e lembrou que todos os anos são as mesmas falas, com poucos avanços efetivos na promoção da saúde da mulher. “A vontade é grande por parte deste Parlamento, por parte das duas mulheres que representam a classe. Quando existem processo eleitoral, quantas mulheres querem realmente participar? Esta é a maior dificuldade que temos para fazer parte do processo eleitoral. Há crítica de que precisamos de mulheres para representar a classe. Há muitas que estão aqui que estão perfeitamente preparadas para se candidatarem, vencerem e representar a categoria. Fico contrariada, quando vejo nas redes sociais alguns criticando nossa postura, mas estamos fazendo nosso papel. Critiquem, mas participem”.
Ao final, o médico Francisco de Assis Alves apresentou palestra sobre câncer de mama, prevenção e diagnóstico precoce. Gabriela Cavalcante, coordenadora municipal de Saúde da Mulher, discorreu sobre as ações do Outubro Rosa que serão realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde.