Vale retoma diálogo com a Comissão de Desenvolvimento de Marabá

por Adriano Ferreira Carvalho Moura publicado 01/07/2022 09h40, última modificação 01/07/2022 09h48

Na quarta e quinta-feira desta semana, dias 29 e 30 de junho, a Comissão Especial de Desenvolvimento Socioeconômico de Marabá voltou a manter diálogo com a mineradora Vale. É a primeira reunião desde a instalação da CPI do Projeto Salobo, que ocorreu no final do ano passado, no Legislativo municipal. Nesta retomada, foram dois dias de debates, com temas diferentes. Na quarta-feira foi realizada discussão sobre a implantação da Tecnored no Distrito Industrial de Marabá, enquanto na manhã de quinta-feira a discussão girou em torno da construção da segunda ponte rodoferroviária sobre o Rio Tocantins, também em Marabá.
Na quarta-feira, participaram da reunião Ana Carolina Alves, gerente de relações institucionais no Pará e Maranhão; Ezequiel da Silva, engenheiro de projetos; Ronald Lopes Oliveira, diretor operacional da Tecnored; Fabrício Frois, gerente de engenharia; Saulo Lobo, analista de relações institucionais da Vale em Marabá; Ítalo Ipojucan, debatedor; João Tatagiba, presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá; e os vereadores Vanda Américo (licenciada para presidência da Fundação Casa da Cultura); Alecio Stringari, Pedro Corrêa; Aerton Grande; e Miguel Gomes Filho, presidente da Comissão de Desenvolvimento.
Ronald Oliveira disse aos vereadores que a Vale é 100% detentora da tecnologia Tecnored. De 2020 a 2021 começou a engenharia para implantação da primeira planta comercial, no Distrito Industrial de Marabá. Antes, porém, já realizava testes numa planta em Pindamonhangaba, em São Paulo, onde produz cerca de 40 mil toneladas do chamado ferro gusa verde.
Fabrício Fros, gerente de engenharia, falou sobre a localização do projeto Tecnored, próximo à ferrovia, da subestação Itacaiunas de energia elétrica e também da captação de água no Rio Itacaiunas. “As licenças de instalação foram emitidas em 2021 e a planta tem capacidade de produzir 500 mil toneladas por ano. A produção de gusa líquido será comercializada e a escória poderá ser vendida para produção de cimento. O gás que será produzido deverá ser utilizado para aquecer o ar e gerar energia elétrica. Praticamente toda a energia elétrica que vamos consumir será produzida pela própria planta da Tecnored”, adiantou.
Como já informado antes, pela Vale, o início da operação da planta em Marabá se mantém para 2025, embora a empresa, a pedido do governador Helder Barbalho, esteja dando celeridade nas etapas para iniciar a produção antes do cronograma previsto. A empresa contratada, Traterra, já iniciou a terraplanagem em abril último, etapa que segue até o final deste ano. Depois, iniciam as obras de construção civil.
O tema mais discutido na reunião foi exatamente a qualificação e contratação de mão de obra local. Os vereadores buscam garantir, junto á mineradora, que os trabalhadores para o empreendimento, tanto na construção como na operação, sejam de Marabá.
Os executivos da Vale confirmaram que estão com tratativas junto ao Sine e até mesmo com o Senai, para formação e contratação de mão de obra local. Saulo Lobo disse que prevê cerca de 20 turmas de formação de mão de obra no Senai, o que deve iniciar em 2023.
Ana Carolina informou que a Vale vai levar em consideração as sugestões demandadas pelos membros da Comissão de Desenvolvimento e vai garantir, junto às contratadas, o compromisso de absorver mão de obra local.
Segundo a Vale, atualmente 100 pessoas atuam na execução dos serviços de supressão e terraplanagem. O projeto permitirá produzir o chamado gusa verde, a partir da substituição de carvão metalúrgico por biomassa, reduzindo assim as emissões de carbono, passo importante para descarbonização do setor de siderurgia.
A primeira planta comercial da Tecnored implantada em Marabá terá capacidade inicial de produzir 250 mil toneladas por ano de gusa verde. O start up da planta está previsto para 2025. Os projetos integram conjunto de investimentos que a Vale realiza no município.
Os representantes da Vale reafirmaram que serão gerados cerca de 2.000 empregos no pico da fase de construção e 400 novos postos de trabalho definitivos na operação. Vários questionamentos foram apresentados pelos vereadores ao longo da reunião de quarta-feira, os quais foram respondidos pelos técnicos da Vale, que também sugeriram uma visita técnica à planta experimental em Pindamonhangaba para que os vereadores se certifiquem que o projeto é viável e que ajudará a desenvolver Marabá.