Vereadores conseguem reunião entre feirantes e prefeito
Na manhã desta terça-feira, dia 19, quase 100 pessoas, vendedores ambulantes que atuam na tradicional feira localizada em frente à Escola José Mendonça Vergolino, na Avenida Getúlio Vargas, Marabá Pioneira, estiveram na Sessão Ordinária da Câmara Municipal para expor aos vereadores as demandas e clamar por intercessão junto ao Executivo local.
Edvaldo Nunes de Oliveira, feirante há 27 anos na Getúlio Vargas, contou que desde o dia 1º de setembro o coordenador do Código de Postura do município esteve na feira para avisar aos feirantes que seriam retirados por três dias do local, até que o espaço foi revitalizado, com poda de árvores e melhora nos passeios públicos. Passados mais de 15 dias, segundo ele, não puderam voltar ao local e agora a prefeitura alega que não terão mais permissão para voltar ao local original. “Estamos em um local muito quente na Praça Duque de Caxias e as vendas caíram muito”, lamenta.
Usando a tribunal da Câmara, Lucineide Souza Oliveira e Júlio Reis, presidente do Sindicato dos Feirantes da Velha Marabá, pediu que a Prefeitura construa um calçadão na Avenida Getúlio Vargas para que os feirantes possam trabalhar de forma digna. Ela também apresentou outras sugestões, sugerindo que o Ginásio Osorinho seja transformado em uma feira, ou que a Prefeitura Municipal desaproprie o espaço da antiga Acrob e da Casa da Piscina, na mesma avenida, para usarem como feira. “Nós, feirantes, estamos passando mal com o sol causticante na Praça Duque de Caxias, e não estamos vendendo quase nada. Alguns feirantes têm filhos cursando universidade particular e precisam pagar suas despesas”, clamou.
Lucineide comparou que quem vendia cerca de R$ 300,00 por dia no local tradicional, agora só consegue comercializar cerca de R$ 50,00. “Queremos reunião com o prefeito para ver se ele se compadece da gente, que somos seres humanos. Trabalhamos há muitos anos e não temos condições de colocar loja. Lutamos no dia a dia e queremos um espaço digno para trabalhar. Merecemos essa dignidade. Não nos opomos a nada, mas exigimos uma feira digna”, desabafou.
Por fim, Lucineide disse que enquanto a Prefeitura não organiza um local definitivo para os feirantes, que permita o retorno de todos eles ao local original, em frente à Escola José Mendonça Vergolino.
Júlio Reis, também feirante, pediu ajuda dos vereadores e disse que todos estão apreensivos sobre o destino deles, alegando que a promessa da Prefeitura, de que ficariam fora por apenas três dias, não foi cumprida.
O vereador Ilker Moraes lamentou a situação dos feirantes da Marabá Pioneira e disse que manteve reunião com eles na última quinta-feira, acompanhado do colega vereador Marcelo Alves. Para ele, trata-se de uma situação de descaso com os trabalhadores e vê que o governo acabou criando outro problema para os feirantes: insalubridade por conta do sol causticante. “Dizem que querem comprar terreno para abrigar os feirantes, mas será muito demorado. O Código de Postura não pode se sobrepor às pessoas desta cidade. “As propostas dos feirantes têm de ser ouvidas e levadas em consideração. Precisamos construir o diálogo, achar a melhor saída, porque não dá para os trabalhadores continuarem sofrendo”.
O vereador Ray Athiê reconheceu que os feirantes estão sofrendo e que precisam de uma solução para o dilema que estão enfrentando. Ele disse que conversou com o prefeito Tião Miranda, o qual lhe informou que o terreno do Tibiriçá, próximo à Orla, na mesma avenida Getúlio Vargas, deverá ser desapropriado para realocar os feirantes. “Precisamos resolver essa situação rapidamente”, ponderou Ray.
Ilker avalia que há uma parcela da sociedade que tem poder econômico e queriam ver os feirantes fora do local em que estavam. Em seu discurso, o vereador ameaçou procurar o Ministério Público do Trabalho para denunciar o que considera uma injustiça com os trabalhadores. Por fim, ele pediu solução ainda esta semana para resolver o impasse que os feirantes estão vivendo.
Marcelo Alves considerou que a luta dos ambulantes é a luta dos vereadores. Avalia que faltou diálogo da parte do Executivo com os feirantes da Getúlio Vargas e afirma que os trabalhadores precisam voltar para o lugar de origem enquanto não se organiza um outro espaço mais adequado para a feira. “A retirada dos trabalhadores é desproporcional nesse momento, com o número de desempregados que temos hoje em Marabá. Se a prefeitura não quiser ouvir é o jeito ir para a justiça.
Para a vereadora Irismar Melo, a movimentação para a retirada dos feirantes da Avenida Getúlio Vargas vem desde que começou a movimentação da Prefeitura, no mês de agosto. Em um ponto, segundo ela, todos concordam: querem uma cidade organizada, mas a diferença como isso será feito. “Num contexto em que o desemprego tomou conta da sociedade, não se pode tratar os trabalhadores ambulantes dessa forma”.
Irismar sugeriu a criação de uma comissão para discutir o assunto com a Câmara e o Executivo para encontrar um espaço adequado para instalar os feirantes até a mudança para um local definitivo.
O vereador Nonato Dourado, presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano, Obras, Serviços Públicos e Transportes da Câmara, disse que conversou com o prefeito Tião Miranda sobre o assunto e que intercedeu em favor dos feirantes, e este sinalizou que receberá uma comissão deles na próxima semana. Antes do final da sessão, no entanto, a pedido de outros vereadores, Dourado revelou que Tião Miranda agendou espaço em sua agenda nesta quarta-feira, dia 20, às 11 horas, na Secretaria de Obras.
Ao final, o presidente da Câmara, Pedro Corrêa, disse que chegou a Marabá há 28 anos para gerenciar a agência do Banco Itaú e naquele tempo já existia a feira da Getúlio Vargas. “Essa é a fonte de renda de cada um deles. Sei que prefeito estará aberto ao diálogo e parabenizo os colegas que debatem o assunto na Casa desde as últimas semanas.
Pedro Corrêa lembrou da retirada dos feirantes do Km 6 e a polêmica que houve na época. “A Câmara dialogou e o assunto foi resolvido, com construção de uma feira agroindustrial. Muitos dos pais de família têm neste trabalho a única fonte de renda e isso precisa ser preservado”, pondera.