Vereadores criticam posição da Vale de romper convênio com indígenas

por hugokol — publicado 11/03/2015 17h15, última modificação 14/04/2016 09h10
Ubirajara Sompré lê comunicado da mineradora e consegue apoio dos colegas para pressionar a Vale

Com mais duas horas de duração, a sessão desta quarta-feira, 11, teve boa parte de seu tempo gasto em reclamações diversas dos vereadores sobre a atuação da mineradora Vale no Pará, especificamente em Marabá e Bom Jesus do Tocantins, onde fica situada a Terra Indígena Mãe Maria.

Ubirajara Sompré, que é indígena, criticou a falta de compromisso da mineradora com a população da região. De acordo com o vereador, a empresa optou por não renovar um convênio de mais de 30 anos, que era mantido com as seis aldeias que compõem, a reserva indígena Mãe Maria, para o amparo das populações indígenas da área nas atividades de assistencialismo como saúde, educação, atividade produtiva, proteção e vigilância das terras indígenas. Isso porque a empresa reincidiu, de forma integral e unilateral, o acordo firmado entre as partes. “Foi um direto concedido pelo Congresso para que a Vale pudesse explorar a mina de Carajás”.

Ubirajara disse ainda que até o dia 8 de janeiro nenhuma das partes havia entrando em conflito e vinham mantendo e honrando os compromissos celebrados no acordo. Para ele, a situação complica a relação entre Governo/mineradora com a população indígena. “Fica difícil acreditarmos e aceitarmos a construção da hidrelétrica, porque termo de compromisso aprovado no Senado a Vale. Será que a hidrelétrica vai cumprir com as responsabilidades prometidas?”, indaga.

Após a colocação de vereador indígena, seus colegas logo se somaram nas reclamações. Antônia de Araújo Albuquerque, a Toinha do PT, lembrou da audiência pública Meninos do Trem que, para ela, mostrou o tratamento desrespeitoso que Vale tem com a região. “Pela primeira vez vi uma audiência com pessoas com conteúdo para travar um debate com a Vale como foi feito”.

Toinha disse também que a Vale tentou jogar a responsabilidade para a sociedade, como se ela não fizesse parte do processo e a Estrada de Ferro não fosse de sua responsabilidade.

Finalizando, a vereadora pediu agendamento de visita da Câmara à Estação Conhecimento da Vale, no bairro São Félix, que ela acredita não funcionar de acordo com o que ficou acordado com o município.

Leodato da Conceição Marques enfatizou, novamente, sobre a construção da duplicação da ponte sobre o Rio Tocantins, no município de Marabá. Ele cobrou a vinda dos representantes da empresa à Câmara. “Marabá não pode aceitar que não haja espaço apenas para a ponte ferroviária, sem a parte rodoviária”.

Irismar Melo disse que o Legislativo estava carente da discussão dos grandes projetos que estão prometidos para Marabá. “A impressão que dá é de que estamos remando contra a correnteza porque não há ação coletiva para acompanhar os projetos. Nossa intenção é que criemos uma comissão para ir até a Vale para discutir essas questões, assim como fomos ao Salobo. É preciso que a gente marque posição em relação a esses investimentos. Para a empresa, é melhor dizer que vai discutir com a comunidade, prometer algumas migalhas e a comunidade se curvar. Mas e quanto ao plano macro para a região e de Marabá?”, questionou a parlamentar.

Miguel Gomes Filho disse que, historicamente, a Vale vem se posicionando de forma arbitrária com relação à região, e se colocou à disposição do vereador Ubirajara Sompré para ajudar nos termos legais a rever essa questão da suspensão do convênio.