Vereadores discutem loteamento de área da ALPA para sem-teto
Durante sessão ordinária de terça-feira, 25, o vereador Ilker Moraes (MDB) falou da luta que o Centro Comunitário Conjunto Habitacional Nova Vida (CONHAB), está travando para destinar parte da área da extinta ALPA (Aços Laminados do Pará) às famílias que têm teto para morar.
“Tenho acompanhando essa entidade, que apresentou uma proposta junto ao governo do Estado para destinar parte da área da ALPA, que o Estado havia repassado à Vale, mas ela não utilizou para a destinação prevista e não tem intenção para isso. Naquele momento, a Vale enganou o povo de Marabá e toda a região.
Ele lembrou que a referida área já foi alvo de ocupações, posteriormente foi feita a reintegração de posse e agora o Centro Comunitário Nova Vida, que tem inclusive título de utilidade pública dado pela Câmara Municipal de Marabá, tem coordenado um processo de mobilização social. “Esse tipo de mobilização não requer autorização do município, Estado ou União. A única coisa que pode ter ocorrido, que eu acredito que não aconteceu e que pode servir de processo investigatório, seria cobrança de dinheiro de alguém.”
Segundo Ilker Moraes, das reuniões que ele tem participado e ajudado a mobilizar, avisa abertamente que é proibido cobrar valores de alguém, porque é crime. Informou aos colegas que a CONHAB procurou uma assessoria jurídica e apresentou um projeto ao governo do Estado projeto, que foi arquivado. A entidade recorreu e conseguiu desarquivá-lo.
“Temos um problema com áreas de ocupação em Marabá. O Executivo Municipal já veio aqui e nos apresentou que toda a área ocupada às margens do rio está abaixo da tal cota 82, e a pergunta que faço é: onde em Marabá temos uma área pública que podemos fazer um pr ojeto habitacional em Marabá? Somente a área da ALPA. A Vale tem de entender que ela deve à sociedade de Marabá, temos um inchaço populacional devido à promessa que ela fez em relação à ALPA e quem tem pagado esse ônus é o Executivo Municipal. Temos mais de 8 mil famílias morando em áreas baixas e essa entidade está apresentado uma possível solução. Temos de trazer essa entidade aqui, junto à Comissão de Desenvolvimento Urbano, dialogando também com o ITERPA”.
O vereador Márcio do São Félix disse concordar que algo tem que ser feito e alerta que aquela área tem investimento público parado. Para evitar que, no futuro aquela área seja alvo de uma ocupação desordenada, como forma de especulação imobiliária, que se faça um projeto organizado, ordeiro que sejam contempladas as famílias que realmente precisam. “Mas não abro mão da construção de um parque industrial às margens do Rio Tocantins. Temos um elefante branco, onde que foram investidos muitos recursos que tiraram várias famílias que moravam naquela área, que tinham seus projetos de vida e foram retirados com a promessa de um projeto mentiroso do governo federal e da Vale, que teria a verticalização da produção de minério na cidade, algo que nunca vai acontecer”.
Para o vereador Alecio Stringari (PDT), a ALPA deu apenas prejuízo para Marabá no âmbito social. “Ela (Vale) judiou do município no momento em que criou essa expectativa. Tivemos uma avalanche de pessoas vindo para Marabá em buscar de emprego e se não fosse aquele projeto da Construção da Hidrelétrica de Belo Monte teríamos um prejuízo ainda maior”.
Outro que se posicionou sobre o assunto foi Miguelito (PDT). Ele disse ter dúvidas de que apenas distribuir lotes vá resolver o problema da falta de moradia na cidade. “Eu nasci aqui e a Marabá Pioneira e a Nova Marabá foi criada para quem morasse em áreas baixas se mudassem pra lá. No momento que a enchente foi embora todos voltaram às suas antigas casas. Ao invés de uma casa, muitas pessoas passaram a possuir duas. Com o núcleo Cidade Nova aconteceu a mesma coisa. Tenho minhas dúvidas se vamos retirar a esperança de gerar empregos no parque industrial para que a gente distribua apenas lotes. O que quero saber é quem vai produzir a infraestrutura quem vai tomar de conta disso. Se for apenas para distribuir lotes não contem comigo, porque já vi isso acontecer ao longo dos anos”.