Vereadores endurecem discurso contra a Mineradora Buritirama

por Adriano Ferreira Carvalho Moura publicado 27/06/2023 12h18, última modificação 27/06/2023 12h18

A Mineradora Buritirama sofreu duras críticas durante a sessão ocorrida nesta terça-feira, dia 27. Primeiro a se posicionar sobre o assunto, o vereador Ray Athie disse que a empresa deve para Marabá R$ 130 milhões de Cfem (Compensação Financeira pela Exploração Mineral).

“Tudo que essa empresa prometeu pra gente nada foi cumprido, até agora. Disse que ia fazer asfalto entre as vilas, que ia usar um produto tecnológico para baixar a poeira, e nada foi feito”.
De forma dura, Ray continuou seu discurso afirmando que a mineradora foi ao Ministério Público Estadual e fez um acordo que iria ao Detran para solicitar que as descargas dos caminhões fossem para cima, porque com a descarga para baixo faz muita poeira e “mata” qualquer condutor de veículo pequeno. “Temos de elaborar uma lei para colocar a balança e não passar acima do peso, com sobrecarga. Carretas com capacidade de 25 toneladas estão vindo da região do Rio Preto com 40 toneladas, isso acaba com qualquer estrada. Temos de ajudar a zona rural e quem mora na estrada do Rio Preto pede socorro. Essa Casa não pode se calar, eu estou junto para fechar e essa empresa pagar o que deve. Ela é caloteira, sempre foi. Agora tá investindo em clube de futebol sem pagar o que deve a Marabá”, vociferou o vereador.
Decano do parlamento marabaense, Miguel Gomes Filho, o Miguelito, frisou que é preciso dar um chega pra lá na Buritirama. Para ele, a mineradora, junto com a Vale, Governo do Estado, e Equatorial são as piores empresas para Marabá.
Miguelito ainda salientou que mandou preparar uma emenda à Lei Orgânica para estipular que os caminhões trafeguem com apenas 27 toneladas de carga no município e o prefeito terá de colocar balança para auferir. “Há três anos a Prefeitura havia mandado fazer licitação para balança e recuou. A Buritirama está detonando nossas estradas e agora vamos ter de agir através de lei. Não tem outra saída. Nenhuma fiscalização vê uma carreta com 120 toneladas passando pelas nossas vias. Os caminhões saem sai do Rio Preto, passam por dentro da cidade e vão para o porto de Vila do Conde e não são fiscalizadas”, ironiza.
O vereador Aerton Grande também concorda sobre a necessidade de apertar a Buritirama. “Há uma fila de carretas no posto fiscal da Vila Sarandi. Ficam lá várias horas e depois continuam a viagem, embora boa parte esteja ilegal com o sobrepeso”.
O vereador Pedrinho Correa lembrou uma reunião em 3 de setembro de 2019, quando ocorreu acidente que matou duas jovens na região do Rio Preto. Ele rememorou que àquela época, houve compromissos por parte da empresa Buritirama. “Ficou de colaborar com 50% do asfalto em várias vilas, de fazer 35 km de asfalto na estrada, além de outras benfeitorias nas comunidades rurais”, recordou.
Pedrinho, que é vice presidente do Águia, disse entrou em contato com representante local da Buritirama para discutir sobre apoio ao Azulão, mas garantiu que não iria tratar apenas de ajuda ao Águia. “Os representantes da Buritirama que vêm aqui não têm poder para decidir nada. Ficou de o presidente da Buritirama vir a Marabá reunir-se com o prefeito. Não podemos aceitar que faça acordos com o Clube do Remo – por quem tenho admiração – mas não cumpre acordos com o município de Marabá.
Elza Miranda também entrou no assunto Buritirama e crê que a colocação de balanças irá ajudar a quem transita pela estrada. “Se isso não funcionar, é CPI nela, para investigarmos como essa empresa retira uma fortuna de nosso município e só deixa poeira para os moradores das vilas”.
O presidente da Câmara, Alecio Stringari, elogiou o colega Ray Athie pela revolta e indignação com o descaso da Buritirama para com Marabá. Lamentou que a empresa nunca cumpra o que promete, nem mesmo um Termo de Ajuste de Conduta firmado e criticou o sumiço da empresa por cerca de três anos. “Recentemente, vieram ao gabinete da Presidência da Câmara falar do que planejam daqui para frente. Eu pedi para a empresa apresentar um planejamento para beneficiar a comunidade. Há quase três anos a Buritirama não paga Cfem, e não fez nada mais por Marabá. A dívida que ela tem com Marabá dá mais de R$ 80 milhões. Esse valor poderia ter um bom percentual de investimento nas comunidades rurais. Se não fosse a Prefeitura estar cuidando da estrada, ela estaria cortada há mais de dois anos”, finalizou.