Vereadores participam de audiência do Plano Municipal de saneamento

por hugokol — publicado 31/03/2014 10h33, última modificação 14/04/2016 09h10
Maioria dos vereadores se disse contrária à privatização do serviço em Marabá, mas exigem melhor qualidade da água à Cosanpa

Onze vereadores participaram, na sexta-feira, 28, da última de uma série de audiências para discutir o Plano Municipal de Saneamento Básico, elaborado pelas secretarias municipais de Obras e Planejamento de Marabá para os próximos 30 anos. A maioria dos vereadores presentes antecipou-se à etapa de licitação para concessão do serviço e mostrou-se preocupada em retirar da Cosanpa (Companhia de Saneamento do Pará) a concessão do serviço.

Há alguns anos, expirou a concessão da Cosanpa para operar o sistema de saneamento em Marabá, mas mesmos os investimentos feitos pelo governo do Estado nos últimos anos não impedem o município de passar à iniciativa privada a concessão do serviço, inclusive criando uma agência reguladora para fiscalizar o trabalho previsto no Plano Municipal de Saneamento Básico.

O vereador Ronaldo Yara disse que é preciso que o município acompanhe a implantação do plano e se disse radicalmente contra retirar da Cosanpa a responsabilidade pela gerência do serviço de saneamento. “Tenho certeza que a concessão do serviço precisa estar na mão da Cosanpa e não de uma empresa privada”.

A vereadora Vanda Américo, bastante contundente, reconheceu que o Plano de Saneamento é necessidade para todo município, mas ressalvou que a comunidade não pode se contentar apenas em aprovar o plano, mas mostrar preocupação e interesse no que vai ter no edital, como será a concessão do serviço. “Passamos por isso aqui em Marabá com o lixo, merenda escolar e agora a bola da vez é o saneamento. Há deficiência, sim, por parte da Cosanpa, mas ela é do Pará e não podemos perder de vista que essa é ainda a melhor opção para o município”, opinou.

Usando palavra dura, Vanda disse que Marabá não pode “deixar picaretas tomarem conta desse projeto. Temos de deixar o edital amarrado para que não sejamos surpreendidos com a má-fé que ronda esse país. Quero conclamar todos os senhores, independente de serem base do governo ou não, para acompanhar como essa questão vai ser conduzida até o final. Podemos estar cheios de boa fé nas audiências, mas depois podemos sofrer”.

Irismar Araújo pediu que Marabá seja contemplada como um todo com saneamento, principalmente abastecimento de água. Para ela, é preciso discutir essas questões com seriedade e responsabilidade. “Se alguns aspectos do plano não forem assumidos por todos os setores, ele vai fracassar”, alertou.

A presidente da Câmara, vereadora Júlia Rosa, reafirmou a importância do Plano de Saneamento e elogiou o secretário de Obras, Antônio de Pádua, que coordenou a elaboração do mesmo. Júlia elogiou a presidente da Cosanpa ao falar da necessidade de parceria e que todos tenham responsabilidade, “porque o município não faz plano sozinho, porque é preciso que haja financiamento do governo federal. É necessário que nós corramos atrás do tempo perdido e do prejuízo que envolve o saneamento básico deste município”.

Júlia disse ainda que há complexidade grande no município, que tem cinco cidades distintas, todas elas precisando de serviço de saneamento. “São Geraldo do Araguaia é um município que não deu certo com a terceirização. Precisamos perseguir a excelência de um serviço melhor para nossa comunidade, mas não passando para a iniciativa privada. Tenho preocupação em relação à terceirização e acho que a Cosanpa melhorou o fornecimento de água, mas precisa melhorar mais ainda. “Está em jogo a vida das pessoas porque saneamento é saúde e vida”.

O secretário Antônio Pádua lembrou que uma lei federal determina que partir de 1 de novembro deste ano, só recebem recursos os municípios que tiverem plano de saneamento aprovado e que o de Marabá chega agora à reta final e até o aniversário de Marabá terá sido aprovado pela Câmara e assinado pelo prefeito João Salame. “Hoje só vamos tratar o plano de soluções, pensando Marabá para os próximos 30 anos. Ele será revisado a cada quatro anos. Temos planos específicos para a Grota Criminosa e Grota do Aeroporto, mas há mais de 20 grotas em Marabá e elas afetam milhares de pessoas”, sustentou.

Mais sugestões

Pelo site da Prefeitura Municipal, o marabaense ainda pode ler e apresentar sugestões para o Plano de Saneamento Básico. Durante esta semana, todas as sugestões apresentadas nas audiências públicas serão analisadas e as boas ideias serão agregadas ao documento que será enviado ao prefeito João Salame e depois analisado e aprovado pela Câmara Municipal de Marabá.