Vereadores são contrários à decisão de levar regulação do Hospital Regional para Belém
Depois que o vereador Coronel Antônio Araújo leu uma portaria publicada no Diário Oficial do Estado, em que o secretário de Saúde do Estado do Pará, Hélio Franco de Macedo Júnior, transfere a responsabilidade pela regulação de atendimentos do Hospital Regional do Sudeste Dr. Geraldo Veloso, de Marabá para a Central em Belém, a unanimidade dos parlamentares mostrou indignação com o ato. Na realidade, todos já haviam tomado conhecimento do assunto e usariam a tribuna justamente para solicitar que o Governo revisse esse decreto.
A regulação, atualmente, é feita por uma equipe de quatro médicos e dois enfermeiros ligados ao 11º Centro Regional de Saúde, com sede em Marabá, e esta seria a única dos 12 centros da Sespa no Estado que teria perdido o direito de regular os pacientes para entrada nos hospitais regionais.
O vereador Araújo deixou claro que na opinião dele, a mudança nesse processo trará maior entrave às operações e encaminhamentos para a única casa de saúde de média e alta complexidade desta região. “A regulação sendo feita em Marabá já traz uma morosidade para encaminhamentos no Hospital Regional, imagine agora se ela for feita em Belém”, criticou.
O vereador ainda disse também que com a regulação indo para Belém, muita gente irá sofrer, podendo causar perdas de vida e piorará a situação da região no que tange à assistência médica e hospitalar. “Essa autorização de internação tem que ser feita aqui e não em Belém. Queremos saber até quando isso vai ocorrer? É momentânea ou duradoura? Queria que nos reuníssemos e provocássemos o governo do Estado? A situação tende a ficar mais grave”, justiçou e questionou Araújo.
Júlia Rosa, presidente da Câmara, e vereadora pelo sexto mandato, usou de toda a sua experiência para criticar a ação do governo. Para ela, a Câmara vem lutando há décadas pela descentralização de secretarias e departamentos do governo do Estado em Marabá e essa medida é um retrocesso de conquistas históricas. “Durante muito tempo nós lutamos pela descentralização do Estado em nossa cidade e na região. Essa foi uma grande luta política da Câmara ao longo da sua história. Essa portaria nos toma de surpresa e vem de encontro com os anseios da nossa população. Não podemos devolver a regulação para a capital, essa é uma conquista de Marabá, sem coloração partidária de A ou B”.
A presidente ainda afirmou que a equipe que conferia essa regulação no Hospital Regional tem a sensibilidade de verificar os casos de maior urgência, e garantir um atendimento que salve a maior quantidade de vidas possível. Júlia sugeriu que a Câmara, através de um documento em nome do Poder Legislativo de Marabá, manifeste as suas preocupações em relação a essa portaria, e peça esclarecimentos sobre o caso, para que possa ser revisto e volte a funcionar como vinha ocorrendo.
A vereadora Vanda Américo engrossou o coro pela manutenção dos serviços em Marabá. “Não podemos voltar à centralização dessas ações. A relação fica fria, e quando ocorre por aqui, existe o clamor e a sensibilidade dos médicos no atendimento”, advertiu a vereadora.
Na avaliação de Vanda, com o controle feito por Belém, será muito ruim para Marabá. “Esse hospital atende 22 municípios dessa região. O Hospital já é pequeno e isso agrava a situação. Essa casa tem que elaborar o documento e pedir esclarecimentos e agilizar para que volte a central reguladora para Marabá”, alertou.
Os vereadores José Sidney, Ubirajara Sompré, Orlando Elias, Pastor Elói Ribeiro e Adelmo do Sindicato também não concordaram com a medida governista. Para os vereadores Adelmo e Pastor Eloi, é necessário que se averigue essa mudança, e veja quem solicitou essa alteração na regulação.
O vereador Sidney, que faz parte do mesmo partido do Governo, declarou que vai se empenhar para que o caso seja resolvido o mais rápido possível, se dispondo a ser o interlocutor da Câmara com o Governo do Estado. “Levarei pessoalmente esse documento e nossas reivindicações ao governador e secretário”, prontificou-se.
Ubirajara Sompré disse que é inconcebível que volte a centralização para Belém. “Já é difícil o atendimento do Regional, imagine a regulação indo pra Belém. Essa questão é política, às vezes até há leito de UTI disponível, mas não dão entrada de um paciente que precisa”, opinou.
Orlando Elias ressalvou que esse é um assunto de grande relevância para a comunidade e para a saúde pública de Marabá. A Câmara não pode ficar inerte diante disso, a regulação não pode ir para a Belém. “Temos deputados estaduais e deputados federais, não podemos deixar isso acontecer”.
Ficou definido que a Câmara Municipal formulará um documento e uma comissão irá até a capital entregar cópia ao governador Simão Jatene e ao secretário de Saúde, solicitando a reformulação dessa portaria.