Vereadores são contrários ao fechamento da Escola Jonathas Athias
Causou grande repercussão na Câmara Municipal de Marabá a medida anunciada pelo prefeito em exercício, Luiz Carlos Pies, de encerrar as atividades do ensino fundamental e médio na Escola Jonathas Pontes Athias – que tem 1.100 alunos - e entregar o prédio ao IFPA (Instituto Federal do Pará).
Primeira a usar da palavra, a vereadora Vanda Américo avaliou que o município passa por um momento de grande instabilidade política e administrativa, classificando a medida de tentar fechar a escola como “coisa de horror”. Para Vanda Américo, a cada dia o prefeito em exercício executa “projeto de maldade”, até mesmo acusando a Câmara e o Ministério Público de orientarem suas decisões, o que não é verdade. “Não podemos ter tanto prédio alugado, quando há escolas próprias esvaziadas”, alfinetou.
A vereadora avalia que as medidas adotadas por Luiz Carlos Pies não são fruto de estudo e nem ele está consultando a Progem (Procuradoria Geral do Município) e elaborou um documento tentando acabar com o PCCR com redação discriminatória e preconceituosa com os professores.
Lembrou que a comunidade escolar está mobilizada para evitar o fechamento da escola e disse ter certeza que, caso o projeto seja enviado à Câmara, ele não será aprovado. “Aquela é uma das escolas de tradição na Nova Marabá, com mais de 100 servidores e que vem realizando um trabalho de grande reconhecimento”.
Vanda disse que iria ao MP denunciar essa “loucura que se abateu sobre a cabeça do prefeito em exercício. Talvez porque o IFPA é do seu partido e ele queira dar presente. Que o faça com recursos do seu bolso”, disse.
A vereadora Irismar Melo diz que fica se perguntando que partido Luiz Carlos representa, porque as medidas anunciadas por ele são para prejudicar toda a sociedade, prejudicando as famílias, causando transtorno aos marabaenses. “Como ele (Luiz Carlos) está no poder legalmente constituído, é preciso que a Câmara se posicione e seja professor do prefeito em exercício”.
Por sua vez, a vereadora Antônia Carvalho, a Toinha, também do PT, considerou a postura de Luiz Carlos “ditatorial e ultrapassada”. Ela disse não saber o que este prefeito realmente quer fazer. “Estamos tratando com pessoal com grande formação intelectual, mas parece que há desvio de atenção quando se tenta revogar lei que já havia sido revogada”, disse, referindo-se ao Plano de Carreira e Salários dos professores.
Toinha lembrou que a Comissão de Educação sugeriu fechamento de algumas escolas, mas o Jonathas não estava neste pacote. Para ela, a medida é autoritária e descabida.
Ubirajara Sompré, vereador da base aliada do governo, foi outra a manifestar-se contrário ao fechamento da escola. “Como vão fortalecer o Instituto Federal se estamos fechando escolas da educação básica. O futuro da nação depende do ensino médio. Não temos como apoiar uma situação dessas”, desabafou.
O vereador Ilker Moraes revelou que nesta segunda-feira, 6, um grupo de vereadores reuniu-se com o prefeito em exercício, mas não houve nenhum ao lado do gestor municipal. “O Governo Federal tem passado por uma série de dificuldades e não acredito que essa medida vai ser interessante para Marabá. Caso queira ampliar sua escola técnica, que o governo federal mostre empenho e traga recursos para Marabá e faça escola em outro local”. Para Moraes, não adianta economizar fechando uma escola, porque a educação não se mede com valores.
Pedro Souza, ex-secretário de Educação e um dos líderes do governo Salame, também se disse totalmente contrário à ideia de fechar o Jonathas Athias. Segundo ele, essa é terceira tentativa de doar a escola para o IFPA. “Em 2014 esse mesmo grupo tentou fazer o mesmo. O ano passado de novo, mas agora, depois que sai da Semed, o plano está se fortalecendo. Mas para isso acontecer, a Câmara tem de aprovar. A rede passa por problemas orçamentários, mas Jonathas não está nesse meio. Semana passada avisei que as escolas do entorno não aguentariam essa demanda”, alertou.
Para Pedro Souza, a expansão do Instituto Federal é importante, mas o município tem outras áreas que pode negociar. “Não podemos perder o IFPA, mas temos de brigar por outra área que não seja a escola Jonathas”, reiterou Souza, sugerindo que a Mesa Diretora da Câmara convide o diretor do IFPA para explicar o projeto e buscar diálogo junto à Prefeitura para resolver o problema.
Leodato Marques, outro governista, também não concordou com o fechamento da escola. Ele considerou a decisão intempestiva e disse que esse assunto precisaria ser negociado a médio prazo, pelo menos. “Na minha sugestão, poderia construir outra escola atrás do Ginásio Olímpico om recursos federais e da Vale, mas não há possibilidade de repassar R$ 4 milhões ao governo federal sem nenhuma compensação”, advertiu.