Vereadores se posicionam sobre violência contra advogados
Na sessão especial para discutir a violência contra advogados, ocorrida na última terça-feira, 19, alguns vereadores se posicionam sobre o tema, todos eles reconhecendo que a situação é preocupante e que o cenário de guerra precisa mudar.
O vereador Guido Mutran disse que na sua visão, a morte de um advogado é como um assassinato de jovem com a justificativa de queima de arquivo. “Que arquivo é esse? Se cruzarmos o que é feito na Polícia Civil e os inquéritos que chegam ao judiciário, vemos que os advogados de porta de cadeia acabam ficando com brecha na lei para soltar seus clientes. E isso tem de ser combatido também”, alfinetou Mutran, dizendo que é louvável o que a OAB está fazendo, mas alguns dos bandidos que assassinaram advogados receberam defesa de outros causídicos, pregando a união de advogados, promotores e juízes para diminuir os índices de violência.
O vereador Coronel Araújo se solidarizou com movimento dos advogados e se disse admirador dos profissionais de direito. “De 2011 para cá, seis advogados foram assassinados. “Os crimes são fruto de pistolagem. Cerca de 70% do efetivo da PM está alocado na região metropolitana de Belém. Sou aprendiz de político, mas passei 30 anos na PM. É difícil de a polícia atuar com eficácia aqui por falta de estrutura”.
Araújo sugeriu que se tirasse da reunião uma carta ao governo do Estado para redistribuição de seu efetivo no Estado, trazendo mais policiais para Marabá, porque o aumento real não dará para acontecer em pouco tempo.
A vereadora Irismar Araújo Melo avaliou que a banalização da violência se tornou tão presente que algumas pessoas não se sensibilizam com algumas questões que acontecem em nosso meio. “Algumas vezes as pessoas fazem algumas coisas porque têm quase certeza da impunidade. A OAB, como instituição séria, precisa mantar viva essa luta”, contemporizou.
O vereador Pedro Souza reconheceu que investir em saúde e educação ajuda a minimizar violência, mas há outros fatores de devem ser levados em consideração para se alcançar esse objetivo. “Precisamos de encaminhamentos mais importantes para reduzir os índices de violência para níveis aceitáveis”, sustentou.
A vereadora Vanda Américo reconhece que é necessária união e mobilização para diminuir os índices de violência no município. Na avaliação dela, os índices atuais são alarmantes, e Marabá figura numa lista vergonhosa como um dos municípios mais violentos do País. Ela pediu participação da OAB na luta pela hidrovia e hidrelétrica de Marabá, mas com eclusas. “Precisamos construir com a Ordem uma pauta de discussão para fortalecermos a luta de nossa região”, disse, falando diretamente a Haroldo Gaya e demais advogados.
A vereadora Júlia Rosa reconheceu o importante papel da OAB no País e no Estado e lamentou que a região esteja sendo tratada com descaso ao governo do Estado nas últimas décadas. Para ela, o sul e sudeste do Pará precisam se colocar como agentes de construção de sua história e ir ao debate. Júlia reconhece que PM não pode operar milagre em Marabá com pouca estrutura que tem. “É impossível que os cidadãos não se indignem com a violência que se alastrou na cidade. Precisamos de uma cultura de paz, mas não se constrói a paz se a gente não inverter a base da pirâmide desigual, com concentração de riquezas”, destacou a presidente.