Vila Sororó apresenta suas demandas em Sessão Itinerante
Na noite desta quarta-feira, 24, a Câmara Municipal de Marabá realizou Sessão Itinerante na Vila Sororó, distante 35 km da sede do município. Do evento, participaram os vereadores Miguel Gomes Filho (presidente), Alécio Stringari, Miguel Gomes Filho, Pastor Eloi Ribeiro, Leodato Marques, João Iran, Vanda Américo, Orlando Elias, Ubirajara Sompré, Adelmo Azevedo, Coronel Araújo, Gerson do Badeco e Pedro Correa.
A sessão naquela comunidade foi uma solicitação dos vereadores Pedro Correa e João Hiran, que mostraram-se preocupados com o crescimento vertiginoso da população da vila, mas que não recebe aparelhos e serviços públicos como deveria.
Ao abrir os trabalhos, o presidente Miguelito explicou que seis representantes da comunidade falariam na tribuna, e só depois os vereadores se posicionariam.
A primeira a usar da palavra foi a professora Ataídes Marques da Silva, diretora da Escola Irmã Adelaide Molinari. Ela entregou ofício pedindo agilidade na construção da escola para dividir a demanda, que hoje tem mais de 900 alunos, deixando funcionários exaustos. Ela explicou que a escola Adelaide foi planejada para 400 alunos, mas a vila cresce muito.
Ela também pediu a climatização das salas de aula existentes porque os espaços atuais são muito quentes e o trabalho pedagógico não tem a qualidade que deveria. A diretora revelou que há três anos, a escola tem o melhor IDEB da zona rural e o esforço dos estudantes precisa ser recompensado com melhor infraestrutura.
Por fim, a educadora conclamou os vereadores para que intercedam junto ao governo municipal para viabilizar a cobertura da quadra de esportes.
Cláudio Gomes, presidente da Associação de Moradores do Bairro Cidade de Deus, disse que não é fácil ser líder comunitário da zona rural. Disse que a vila precisa de sinal de comunicação por telefonia celular, e apagar a poeira com pavimentação das ruas da comunidade. “O verão começou agora, mas ainda vamos ter cinco meses de poeira e vamos sofrer muito”, lamentou.
Ele agradeceu ao vereador Alécio por ter lutado pela construção de uma creche de R$ 1,8 milhão ao lado da escola Adelaide Molinari. Por outro lado, disse que as ruas da cidade precisam de limpeza, e as máquinas que foram lá estão quebradas. “Em Marabá, não somos tão bem recebidos quando vamos pedir ajuda para nossos problemas”, criticou.
Paulo Catarino, presidente da Associação de Produtores Rurais da Vila Sororó, disse que há muitas necessidades na vila, que precisa desenvolver na questão social e no desenvolvimento sustentável. Pediu ajuda dos vereadores para construção do posto de saúde no bairro. “Acreditamos que vocês não vão deixar a gente terminar aquela obra sem colaborar naquele projeto. Vocês estão com poder para ajudar nossa comunidade, e só assim podemos levar o nome de vocês aonde formos”.
Luiz Pereira da Silva, presidente da Associação de Moradores Novo Paraíso, pediu que vereadores olhem para o bairro, objeto de ocupação que tem produtor rural reclamando que a área é dele. “Dia 17 deste mês houve uma audiência e o Incra queria passar a área para a prefeitura, mas o procurador atuou mais como acusação para se manter ao lado do suposto dono da área. Vamos entregar abaixo assinado para Câmara e prefeito pedindo regularização desta área”, reclamou.
Antônio Bartolomeu, morador da vila, agradeceu a presença dos vereadores na vila e pediu que venham mais na comunidade para ver, de perto, as necessidades. Disse que várias ruas estão recebendo manilhas, mas outras ainda precisam de arruamento para se tornarem trafegáveis. “Não há água encanada na vila que possa atender a comunidade. Vocês podem fortalecer nossa luta junto à Prefeitura”, sustentou.
Alcinara Jadão, coordenadora da 4ª URE (Unidade Regional de Educação) disse que há 158 alunos do ensino médio na escola Eduardo Molinari e mais de 3 mil alunos do Some em toda a zona rural da região. Na avaliação dela, quando uma comunidade chega ao tamanho da Vila Sororó, já merece mais esforço para implantação do ensino médio.
Ela revelou que desde terça-feira, 23, a comunidade da Vila Sororó foi contemplada, com publicação no Diário Oficial do Estado, do ensino médio regular. Com isso, a partir de agosto, não terá mais ensino através do Some. Ela garantiu que não haverá falta de professores, que serão contratados para todas as disciplinas.
A vereadora Vanda Américo reconheceu a importância das sessões itinerantes do Poder Legislativo e lembrou que a maioria dos clamores da comunidade na última sessão na vila Sororó ainda não foi resolvida, embora algumas das demadas já foram solucionadas.
Disse que lutou para implantar o ensino regular na Vila Sororó junto à Seduc, em Belém. “Isso quer dizer que precisa construir, agora, uma escola do ensino médio para a comunidade, a que mais cresce na cidade. Vamos lutar para conseguir mais coisas para vocês”, garantiu.
Sobre a obra da creche, disse que o governo federal prometeu 22 unidades para o município, depois 17, depois diminuiu mais ainda.
Ela lembrou que a Câmara autorizou dois empréstimos com mais de R$ 50 milhões, mas as obras não chegam. Os impostos que são arrecadados deveriam, segundo a vereadora, ser investidos em infraestrutura. Alguns prefeitos, depois que assumem o cargo, acham que o cofre é dele e usam e malversam os recursos públicos. Quem breca isso é o povo. Uma vila da importância de Sororó não recebeu nem terraplanagem. Quem prometeu 500 km de asfalto tem de deixar pelo menos 5 km na vila Sororó”, disse.
O vereador Antônio Araújo disse que algumas das solicitações estão sendo providenciadas, como a cobertura da quadra projeto está encaminhado para governo federal. A climatização vai ser efetivada e a construção da creche vai ser concluída.
Araújo reconhece que governo não tem avaliação excelente, mas não está tão ruim, porque muitas obras estão em andamento. Apenas na educação, hoje há mais de 500 salas climatizadas. “Esse governo não vai fazer tudo que Marabá precisa, porque necessidade são imensas e cada gestor que passou fez sua parte”.
Ubirajara Sompré lembrou que o vereador não pode mandar executavar obras, mas apenas cobrar de quem de direito. Lembrou que já fez um Requerimento para instalação, na vila, de um Centro de Saúde da Mulher para exames mais especializados.
Disse também que ajudou a construir um campo de futebol na vila Sororó, que poderá ter, no futuro, um núcleo esportivo. Informou que tem vários projetos apresentados na Prefeitura para conteplar a vila, entre eles a construação do núcleo de educação infantil, com reforma de escola.
Ubirajara apresentou projeto de pavimentação de 1,7 km para a vila Sororó, contemplando também a rua da escola Adelaide Molinari.
Por outro lado, Sompré criticou o governo do Estado por omissão às necesssidades de Marabá e, por extensão, a vila Sororó. “Nossa região de Carajás arrecada 28% do PIB do Pará, e Simão Jatene não faz nada mais por isso”, criticou.
Pedro Correa lembrou que por muitas vezes os represetantes da vila foram à Prefeitura solicitar obras para a comunidade. Recordou das hortas comunitárias, que davam muita renda para a população.
Lamentou que os serviços públicos não acompanham a evolução da vila, que tem muitos assentamentos e acampamentos. A responsabilidade de construir posto de saúde, disse Pedro, não é do governo do Estado, mas do município. Lembrou que a PA recebeu muitos investimentos para recuperação e beneficiou diretamente a vila Sororó. “ O Governo Municipal tem feito muita coisa? Não sei, mas para a Vila Sororó tem faltado investimento. Há necessidade de uma unidade de saúde para esta comunidade, porque a vila muito menor tem posto de saúde e aqui não tem”.
Correa também pediu regularização fundiária de terras ocupadas e que precisam de ação do governo do Estado. Por fim, disse que tem Requerimento pedindo à Semed a instalação de cursinho preparatório para o ENEM, de forma gratuita, inclusive para a Vila Sororó.
O vereador João Hiran iniciou seu discurso falando sobre a luta da comunidade para construir um posto de saúde, e que ele abraçou a causa; Disse que fez muitas reuniões com comunidade e até pedra fundamental da construção de um posto de saúde, que agora está perto de receber o telhado. O povo deste lugar comprou cartela de bingo e pagou a semana da diária dos pedreiros. “A cobertura está próxima. Precisa de R$ 2.600,00 para concluir essa etapa.
João pediu doação em dinheiro à Câmara para esse projeto e clamou por apoio de todos os vereadores. “Fiz reunião no meio da rua para pedir dinheiro aos moradores da comunidade”.
Ele também pediu a criação de uma comissão, por parte da Câmara, para tratar do assunto Posto de Saúde. “Vamos cobrir o prédio e convocar o MP e secretário de saúde para entregar a obra. Vamos parar de rasgar essa mortalha e fazer esse enterro todo mundo junto para servir a comunidade”.
Em tom de desabafo, disse que como vereador está decepcionado com a condução de seu mandato. “Tenho muitos requerimentos para beneficiar essa comunidade. Máquinas foram emprestadas por empresários para realizar o trabalho que está sendo executado, mas do município não conseguimos nada”.
Leodato Marques disse que se sente a vontade para ir à Vila Sororó, que conhece desde sua fundação. Disse que foi à Seduc e a secretária de Ensino mandou buscar o projeto e assinou na sua frente a portaria para implantação do ensino médio regular na vila. Agradeceu à comunidade por ter sido homenageado com seu nome em uma rua, o que considera um grande orgulho.
Leodato também informou que levou demandas de todas as naturezas para a comunidade, inclusive casamento comunitário. Ele pediu implantação de um posto de saúde provisório na vila por considerar que a saúde do povo é urgente.
Por fim, disse que vê que no futuro próximo será criado o município de Canaã do Sororó.
Alécio Stringari disse que a união de líderes e moradores da comunidade é que faz a força para alcançar as conquistas. Observou que embora seja vereador mais atuante na região do Rio Preto, a Vila Sororó está muito bem servida por vereadores que estão por perto o tempo todo.
Miguel Gomes Filho parabenizou os vereadores que vieram à sessão e àqueles que estão buscando solucionar os problemas da comunidade da Sororó. Disse que o povo precisa saber que a Câmara não executa trabalho, mas cobra. “Os líderes comunitários estão de parabéns e o povo por ter líderes tão comprometidos. Ninguém pede nada para si, mas para a comunidade e isso deve ser reconhecido devidamente”.
O secretário de Educação, Pedro Souza, representando o prefeito João Salame, disse que sobre as 22 cresches, 18 estão em execução, três com mobiliário e serão entregues em 8 de agosto próximo. Na zona rural, há 12 escolas sendo construídas.
Ele revelou que na comunidade Hugo Chaves, ali próximo, foi criada uma escola, em parceria com a comunidade. “Há 52 obras em execução só na Secretaria de Educação, entre reforma e construção”, revelou.
O NEI ao lado da escola Adelaide Molinari está sendo construído e será entregue em julho, com as salas climatizadas. Informou que depois que assumiu a gestão da Semed, conseguiu melhorar o abastecimento da merenda escolar, embora haja problemas pontuais.
Ao final da sessão, o presidente Miguel Gomes Filho determinou a criação de uma Comissão Especial para ouvir as reivindicações apresentadas pelos moradores da Vila Sororó e terão obrigação de dar seguimento a tudo que foi requisitado pela comunidade. Os membros da comissão são João Hiran, Leodato Marques, Vanda Américo, Orlando Elias e Ubirajara Sompré.